A incerteza global causada pelos avanços e recuos na política comercial norte-americana já começa a mostrar os seus efeitos do outro lado do mundo, com as exportações sul-coreanas a recuarem marcadamente em abril. Os dados são ainda provisórios, mas já mostram uma quebra de 5,2% nas vendas ao exterior, sobretudo de automóveis, isto na semana em que os representantes sul-coreanos iniciam conversações com Washington.
Os primeiros 20 dias de abril mostram uma queda homóloga de 5,2% nas exportações da Coreia do Sul, acompanhada de uma quebra de 11,8% nas importações, valores expressivos que contrariam o crescimento de 3,1% em março. O ano começou com dificuldades, e janeiro registou uma queda assinalável de 10,2% em comparação com o mesmo período do ano passado, resultando num recuo de 2,1% no primeiro trimestre.
O setor automóvel foi um dos mais afetados nesta leitura provisória de abril, em linha com as tarifas de 25% impostas pelos EUA a todos os veículos produzidos fora do país, apresentando uma queda de 6,5%. Também tarifado à mesma taxa, o ramo do aço sul-coreano vendeu menos 8,7% em termos homólogos ao exterior.
Em sentido inverso, os semicondutores, isentos pela administração norte-americana da onda de protecionismo, subiram 10,7%.
As exportações com os EUA como destino contraíram 14,3%, um sinal claro do efeito das tarifas, mas as vendas para a China também recuaram 3,4%. Na mesma linha, destinos como Vietname e Malásia também sofreram uma descida, levando os analistas do banco ING a argumentarem que “a guerra comercial EUA-China está a afetar negativamente as exportações na Ásia em geral”.
Os semicondutores são a principal exceção e deverão ser o motor da componente externa sul-coreana este ano, continua a análise do banco neerlandês, “mas o mercado clássico de chips deve enfraquecer devido às disrupções nas cadeias de valor e às tensões crescentes entre os EUA e a China”.
Estes dados foram conhecidos na semana em que representantes de ambos os países se reúnem em Washington para discutir os termos do que esperam que venha a ser uma cooperação duradoura, segundo o presidente interino da Coreia do Sul, Han Duck-soo. Os ministros da Indústria e das Finanças encontrar-se-ão com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, esta quinta-feira, e os sul-coreanos já manifestaram que estão preparados para um processo que não se afigura fácil.
“O processo de consulta com os EUA pode não ser simples e estou ciente de que há simultaneamente muitas expectativas e preocupações”, afirmou ao consultar o seu governo sobre as prioridades nas conversações com os norte-americanos. Segundo a Reuters, Seul procurará garantir isenções das tarifas de 25% sobre veículos e sobre aço e alumínio, mas Trump já sinalizou que os custos para Washington com a defesa da Coreia do Sul terão de ser abordados.
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