A Coreia do Sul vota esta terça-feira para a eleição de um novo presidente – tentando assim encerrar seis meses de crise política profunda e de turbulência desencadeada pela imposição da lei marcial imposta brevemente pelo ex-líder Yoon Suk Yeol. Para além da crise que desencadeou, os analistas falam também numa ‘brecha’ reputacional que vai demorar a esquecer.
O novo presidente enfrentará dois desafios de grande envergadura: restaurar a confiança (interna e externa) numa classe política que parece ter tentado mais uma vez a militarização do regime; e enfrentar uma economia fortemente exportadora, que tem pela frente o fortíssimo travão do movimento protecionista norte-americano – que pode vir a criar fortes entraves ao crescimento dos ‘dragões asiáticos’.
A expectativa é de alta participação, depois de a votação antecipada ter sido usada por mais de um terço dos 44,39 milhões de eleitores, segundo afirma a Comissão Eleitoral Nacional, citada pela imprensa.
Os principais candidatos encerraram três semanas de campanha oficial na noite de segunda-feira, percorrendo o país antes de convergirem para a capital, Seul, para os comícios finais. Tanto o candidato liberal Lee Jae-myung, como o seu rival conservador, Kim Moon-soo, prometeram mudanças, dizendo que o sistema político e o modelo económico estabelecidos durante a ascensão do país como uma democracia emergente e potência industrial, já não são adequados.
As suas propostas de investimento em inovação e tecnologia também convergem, dando nota de que o tipo de soluções que o eleitorado está disponível para ouvir fazem parte da agenda de ambos. Lee defende mais equidade e ajuda às famílias de rendimentos médios e baixos, enquanto Kim faz campanha para dar às empresas mais liberdade em relação a regulamentações e conflitos do trabalho.
Mas é ainda a tentativa fracassada de impor a lei marcial que determina o andamento da política caseira. Lee chamou a eleição de “dia do julgamento” contra Kim e o seu Partido do Poder Popular, acusando-os de terem tolerado a tentativa de lei marcial ao não a impedirem e até mesmo tentarem salvar a presidência de Yoon Yoon Suk-yeol, presidente entre 2022 e 2025, destituído, e impugnado pela Assembleia Nacional em 2024, após a sua controversa declaração de lei marcial. Kim era ministro do Trabalho de Yoon quando o ex-presidente declarou a lei marcial.
O conservador Kim, por outro lado, tentou rotular Lee de “ditador” e o seu Partido Democrata de “monstro”, alertando para que, se o ex-advogado de direitos humanos se tornar presidente, nada os impedirá de trabalhar juntos para alterar as leis. Segundo os jornais sul-coreanos, Lee é favorito à eleição, de acordo com as sondagens divulgadas uma semana antes da votação: tem uma mediana de 14 pontos percentuais de vantagem sobre o adversário conservador, atingindo os 49%.
A Comissão Eleitoral Nacional deve certificar o resultado na quarta-feira, e a posse do vencedor é esperada para dentro de algumas horas. Não haverá transição presidencial, pois o cargo permanece vago desde que Yoon foi acusado pelo parlamento e posteriormente destituído pelo Tribunal Constitucional em 4 de abril passado.
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