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Corredor do Lobito ameaçado por bloqueio dos fundos da USAID

O megaprojeto ferroviário em Angola conta com um importante cofinanciamento da agência norte-americana visada pelas ordens de bloqueio de Trump, isto apesar da necessidade explícita dos EUA de assegurararem o fornecimento de minerais importantes, arriscando criar um vácuo que beneficiará Pequim.
18 Fevereiro 2025, 16h36

O Corredor do Lobito, um projeto de milhões de dólares desenhado para transportar minérios importantes da África Central até aos portos de Angola, poderá estar em risco pelo congelamento de fundos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), reporta a Bloomberg. As ordens da nova administração norte-americana para congelar o envio de fundos de desenvolvimento podem assim abrir uma brecha para Pequim conquistar novos parceiros em África.

O Corredor do Lobito, que consiste numa rede de ligações ferroviárias de mais de 2.500 quilómetros para levar recursos minerais das regiões mais ricas em termos naturais da Zâmbia e Congo, países com fronteira com Angola, até aos portos angolanos deveria contar com cofinanciamento da USAID, financiamento esse agora ameaçado pelas ordens de Trump.

A agência deveria contribuir com 250 mil dólares (238,9 mil euros) para os trabalhos de prospeção financeira, uma fatia do bolo total estimado em mil milhões de dólares (955,6 milhões de euros) de investimento nesta fase a ser repartido entre EUA e UE. Acresce a este montante mais 5 milhões de dólares (4,78 milhões de euros) para estudos operacionais, refere a Bloomberg citando cinco fontes anónimas próximas do processo.

Este valor ficou já cativo dadas as ordens da Casa Branca, continua o jornal.

Apesar do foco explícito da administração Trump no aumento da influência norte-americana em regiões de grande interesse e da vontade em assegurar fontes de materiais críticos na economia digital do futuro, a postura relativamente a este projeto aponta noutro sentido. Caso os EUA abandonem o financiamento do Corredor (algo ainda incerto, tendo em conta os esforços legais domésticos nos EUA para bloquear o fim da USAID), abre-se uma porta para a China aumentar a sua influência na região, sendo que África conta já com vários aliados de peso para Pequim.

Isso mesmo destacou o ministro zambiano dos Transportes, Frank Tayali, citado pela Bloomberg, que relembra que o seu país “esteve durante muito tempo inclinado para alianças a Este”, cenário entretanto revertido. “Os EUA não devem criar aqui um vácuo que outros atores poderão preencher”, acrescentou.

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