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Cortes de Cima: Um Pinot Noir da costa alentejana

É um fenómeno em crescendo a plantação e produção de vinhos na costa alentejana, junto ao mar, havendo já várias casas agrícolas a reclamar esse estatuto. A Cortes de Cima foi mais uma, tendo decidido encontrar perto de Vila Nova de Milfontes uma alternativa à Vidigueira para produzir um das castas mais complexas, específicas e frágeis no cardápio: a Pinot Noir.
19 Janeiro 2018, 11h05

Durante um longo período, Hans Jorgensen, proprietário e também enólogo da cortes de Cima, estudou cuidadosamente a costa alentejana. “Foram feitos registos permanentes de todo o litoral com o propósito de encontrar as condições climatéricas mais apropriadas para as castas brancas. Os terrenos ao longo da costa vicentina foram percorridos em busca da parcela desejada”, esclarece um comunicado da Cortes de Cima. Essa era a ideia inicial, uma vez que na Vidigueira a Cortes de Cima só produz tintos. E a aposta nos brancos teve a primeira produção em 2012, originando um Sauvignon Blanc. Mas, no processo, Jorgensen plantou também castas tintas, aproveitando para testar uma das mais difíceis de todas, a Pinot Noir, que é incompatível com toda a restante região do Alentejo e que em Portugal apenas se dá em algumas vinhas do Douro.

O referido comunicado adianta que “a escolha recaiu sobre uma propriedade perto de Vila Nova de Milfontes, situada num planalto, cujos terrenos eram ocupados pelo pastoreio de vacas”, sublinhando que “a três quilómetros do mar e ladeada pelo rio Mira, a nova herdade dos Jorgensen está localizada numa zona onde não existe vinha nem são produzidos vinhos de referência”. Até agora, pelo menos…

Em 50 hectares de vinha, da Herdade do Zambujeiro Velho, num solo que é quase só areia, o dia começa com nevoeiro e brisa marítima, prolongando-se por várias horas da manhã. Os extremos térmicos são menores, não há ondas de calor nem a geada do interior alentejano. Mesmo assim, é a região com mais horas de sol em Portugal. Daqui saiu este Pinot Noir, com lenta maturação das uvas e conservação da acidez natural dos bagos. Após um estágio de oito meses em barricas de carvalho francês, o resultado é um vinho mais mineral, com paladar suculento e vivo e aroma de fruta de bagos vermelhos maduros.

“Foram precisas várias vindimas e muitas vinificações na adega experimental até o resultado ser gratificante e o casal Jorgensen decidir engarrafar e comercializar o vinho”, admite o referido comunicado da Cortes de Cima. Em boa hora o fizeram, até porque podemos estar perante um novo tipo de vinhos de referência em Portugal. Atlânticos, vicentinos, que deverão evoluir bem com o tempo.

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