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Crise no Afeganistão: o que dizem os políticos portugueses?

“O nosso objetivo imediato é apoiar, criar condições para que possam sair do país em segurança os funcionários que trabalharam com a NATO, com a UE, com as Nações Unidas e, nessa matéria, Portugal participará evidentemente num esforço coletivo”, referiu o ministro João Gomes Cravinho.
  • Stringer / EPA
17 Agosto 2021, 08h00

Os talibãs ocuparam o Afeganistão e fizeram com que os países europeus e os Estados Unidos se vissem impelidos a enviar tropas para o país com o objetivo de repatriar os cidadãos em risco. Em Portugal, esta crise no Afeganistão também não passou despercebida, suscitando reações da parte do Governo português, mas também dos partidos com representação no Parlamento.

Qual a reação do Governo e de Belém?

Depois de no domingo os talibãs terem invadido Cabul, em Portugal, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho garantiu à “RTP” que estava a acompanhar a situação com “grande preocupação”.

“O nosso objetivo imediato é apoiar, criar condições para que possam sair do país em segurança os funcionários que trabalharam com a NATO, com a UE, com as Nações Unidas e, nessa matéria, Portugal participará evidentemente num esforço coletivo que se está agora a desenhar”, admitiu João Gomes Cravinho.

Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu ao jornal “Público” que “infelizmente o tema Afeganistão foi objeto de referências várias em reuniões do Conselho Superior de Defesa Nacional”. “Digo infelizmente porque se foi temendo sempre o efeito de decisões que viessem a ser tomadas por outros que não Portugal”.

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse à agência “Lusa” que “o Afeganistão não pode tornar-se, de novo, um santuário de movimentos terroristas”. “Isso deve ser claro para todos, claro para a comunidade internacional, para a NATO, para a União Europeia e esperamos que seja também claro que as novas autoridades afegãs quando elas estiverem constituídas”, acrescentou.

Como se posicionou o PSD?

Da parte dos social-democratas o PSD defendeu no site do partido, antes da invasão a Cabul, que o Afeganistão encontrava-se “num momento crítico, atendendo à confluência da frágil situação interna, da deterioração da situação de segurança, do impasse nas conversações de paz intra-afegãs e da decisão de retirar as tropas dos EUA e da NATO”.

Segundo o PSD a instabilidade vai provocar “novas incertezas, mais instabilidade, um risco de intensificação dos conflitos internos e um vazio que, na pior das hipóteses, será preenchido pelos talibãs, que pretendem implementar o Emirado Islâmico do Afeganistão”, algo que para o partido liderado por Rui Rio é “muito preocupante para o país e para a sustentabilidade das realizações e progressos sociopolíticos dos últimos 20 anos”.

Qual a opinião do Bloco de Esquerda sobre a situação?

Os bloquistas disseram, na segunda-feira, que a situação no Afeganistão, ocupado pelos talibãs, “demonstra enorme irresponsabilidade” da ocupação pela NATO.

Em comunicado, o Bloco de Esquerda aponta que o regresso dos talibãs “demonstra a enorme irresponsabilidade que foi a invasão e ocupação do Afeganistão pela NATO ao longo dos últimos 20 anos”. “Quem na altura apoiou esta invasão deve agora fazer o seu balanço”, referiu o partido liderado por Catarina Martins.

O que diz o CDS-PP?

O CDS-PP é um dos partidos a criticar o atual líder americano pelo sucedido no Afeganistão. Os centristas consideram que “a tomada de poder pelos talibãs no Afeganistão representa o fracasso da Administração Biden na sua opção de abandonar as instituições e o povo afegão à mercê da ameaça talibã”.

“Constitui também uma perigosíssima ameaça aos direitos humanos, que expõe à violência especialmente as mulheres e as crianças, e que demostrará ao mundo a barbárie do terrorismo e radicalismo islâmico”, destaca o CDS-PP.

O CDS-PP refere que “Ainda faltam retirar alguns cidadãos portugueses que se encontram em Cabul, o Governo tem a responsabilidade de agir atempadamente para proteger as suas vidas”. O partido também entende que “Portugal deve colaborar no esforço internacional de apoio aos refugiados do Afeganistão”.

E o PAN?

A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real disse que o partido acompanhava “com muita preocupação o que se está a passar no Afeganistão”.

O PAN “repudia toda e qualquer tomada de posição por via da violência, como é o caso da invasão talibã à capital de afegã, Cabul, ao arrepio dos salutares e desejáveis princípios democráticos, de uma forma que atenta claramente o respeito dos direitos humanos”.

Para Inês de Sousa Real “não se compreende a forma como se procedeu à retirada das tropas internacionais, sem que, aparentemente, tivesse sido acautelado o futuro das pessoas e de um país, seja dos milhares de funcionários, jornalistas que até aqui têm colaborado com as entidades internacionais que têm estado no terreno, quer com o futuro das mulheres e crianças que sistematicamente são sujeitas a atos extremos de violência, pondo em causa em semanas as conquistas que nas últimas duas décadas se havia conseguido”.

“No nosso entender, a tomada de poder dos talibãs no Afeganistão não pode ser normalizada com um ‘vamos ver de que forma se consegue dialogar’. Há uma crise humanitária que continua a precisar de respostas da comunidade internacional”, enalteceu Inês de Sousa Real.

E qual a reação do Chega?

O partido cujo presidente é André Ventura criticou, na segunda-feira, os Estados Unidos da América, segundo a “Lusa” por terem deixado o Afeganistão “à sua sorte”. O Chega pede que exista “uma política de controlo migratório firme” na União Europeia, que seja evitada “uma onda de imigração indesejada”.

“A União Europeia deve agora, sem deixar de proteger aqueles que fogem da guerra e da perseguição, ter critérios migratórios muito firmes e seguros, para evitar uma onda de imigração indesejada para território europeu, nomeadamente de fundamentalistas e ex-combatentes islâmicos”, sublinha o Chega.

 

 

 

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