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Críticos do BE pedem demissão de Mortágua e acusam direção de “fuga para a frente”

Os membros da oposição interna associados à antiga moção ‘E’ acusaram a direção do partido de ensaiar uma “fuga para a frente” face aos resultados eleitorais das legislativas e propuseram a demissão da comissão política. Partido convocou nova convenção.
24 Maio 2025, 18h07

Os membros da oposição interna do BE associados à antiga moção ‘E’ acusam a direção do partido de ensaiar uma “fuga para a frente” face aos resultados eleitorais das legislativas e propuseram a demissão da comissão política.

Num comunicado enviado à imprensa, enquanto ainda decorriam os trabalhos da Mesa Nacional do BE, em Lisboa, os membros da antiga moção ‘E’, cujo porta-voz era o antigo deputado Pedro Soares, referem que “a proposta de resolução política hoje apresentada pelo Secretariado à Mesa Nacional reconhece que o «Bloco de Esquerda tem o pior resultado da sua história», mas não retira quaisquer consequências sobre a avaliação errada da realidade e da orientação política seguida, nem sobre o papel da direção”.

Na ótica destes bloquistas, a atual direção do BE “protela essa análise e esse balanço” ao querer “novo adiamento da XIV Convenção”, atualmente marcada para 01 e 02 de novembro, e “opta por entrar em modo de sobrevivência, com grave prejuízo para o Bloco”.

“Só se pode concluir que o Secretariado não quer encarar com humildade democrática esta nova e profunda derrota eleitoral, preferindo encetar uma fuga para a frente para evitar o reconhecimento do seu esgotamento político por acumulação de derrotas sucessivas, pela descredibilização e afastamento das preocupações e anseios populares a que conduziu o Bloco”, lê-se no comunicado.

No texto, os membros da moção ‘E’ afirmam que propuseram à Mesa Nacional, “em conjunto com a Moção S” (que se apresentou à próxima convenção em alternativa à de Mariana Mortágua), a demissão da atual comissão política e a eleição de uma nova para dirigir o BE até à Convenção, com uma composição que incluísse “as várias sensibilidades presentes, capaz de abrir o Bloco ao debate plural”.

Estes membros recusaram ainda a proposta de novo adiamento da Convenção, defendendo que “só serve para protelar balanço e responsabilidades, prolongar a permanência do atual secretariado de forma anti-estatutária por mais meio ano, à espera que o efeito político da derrota esfrie, e retardar a recuperação da capacidade de combate político do Bloco”.

Contudo, de acordo com o comunicado, “a maioria (moção A)”, liderada por Mariana Mortágua, “votou contra estas propostas, com base em falaciosos argumentos formais”

“A grande falha aos estatutos é o consecutivo adiamento da Convenção, agora para o final de novembro”, rematam.

A última Convenção Nacional do BE realizou-se no final de maio de 2023, altura em que Mariana Mortágua foi eleita coordenadora do partido, para um mandato de dois anos.

No passado dia 18, os bloquistas obtiveram o seu pior resultado de sempre em eleições legislativas, com menos 154.818 votos face a 2024 e passando de cinco parlamentares para uma deputada única: a líder, Mariana Mortágua, cabeça-de-lista por Lisboa. Em fevereiro, quatro elementos da moção ‘E’, Elisa Antunes, Gabriela Mota Vieira, Pedro Soares e Ricardo Salabert, demitiram-se da Comissão Política do BE, na sequência da polémica com os despedimentos de recém-mães em 2022.

Entretanto, a Mesa Nacional do BE convocou a XIV Convenção do partido para os dias 29 e 30 de novembro, abrindo um novo período para apresentação de candidaturas aos órgãos nacionais, anunciou Mariana Mortágua. “A decisão da direção foi convocar uma nova Convenção para permitir candidaturas alternativas à direção. A única coisa que posso dizer é que encabeçarei uma lista a essa Convenção e que esse debate se fará tão aberto e amplamente quanto possível”, adiantou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas, após uma reunião da Mesa Nacional, órgão máximo entre convenções, em Lisboa.

Mortágua confirmou que alguns membros da oposição interna que têm assento na Mesa Nacional propuseram durante esta reunião a demissão da Comissão Política do partido, proposta que foi “rejeitada por ampla maioria”. “Considero minha responsabilidade para com o BE, e a responsabilidade da direção para com o BE, e para com os eleitores, não só fazer um balanço amplo e sério destas eleições e do resultado eleitoral e da derrota que é do Bloco mas também da esquerda, como terminar o processo de preparação do partido para as autárquicas. Depois das autárquicas há uma nova convenção do Bloco que foi hoje convocada”, sustentou.

A XIV Convenção Nacional estava marcada para os dias 1 e 2 de novembro e os prazos para apresentação de moções de orientação e respetivas listas já tinha terminado. Tinham sido apresentadas duas moções de orientação: a ‘A’, cuja primeira subscritora era Mariana Mortágua, e a ‘S’, subscrita por um grupo de críticos da direção do BE, que inclui dirigentes que integraram a lista encabeçada por Mortágua na última convenção.

 

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