O atual presidente da Croácia, Zoran Milanovic, seguidor de Donald Trump, e um crítico declarado do apoio militar do Ocidente à Ucrânia, conseguiu atingir os 49,1% na primeira volta das presidenciais deste domingo. Frequentemente comparado com Donald Trump pelo seu estilo de comunicação e de interação com os adversários políticos, Milanovic enfrentou sete outros concorrentes, entre eles Dragan Primorac, o representante da União Democrática Croata, que está no poder executivo. Mesmo assim, os analistas dizem que o atual presidente tem a reeleição praticamente garantida – o que, a suceder, mantém o país oscilante entre os eurocéticos (com boas relações com a Rússia) e os europeístas.
De acordo com as sondagens pré-eleitorais, nenhum dos dois iria obter mais de 50% na primeira volta – o que acabou por acontecer, mas com uma margem muito pequena. A segunda volta decorrerá a 12 de janeiro.
Milanovic é o político mais popular da Croácia e já foi primeiro-ministro. De estilo populista e de tendência esquerdista, o presidente tem sido um crítico feroz do primeiro-ministro, Andrej Plenkovic, e o confronto contínuo entre os dois tem marcado ultimamente a cena política croata.
Plenkovic procurou apresentar a votação como uma questão sobre o futuro da Croácia na União Europeia e na NATO, tendo classificado Milanovic como “pró-russo” e uma ameaça à posição internacional da Croácia. “A diferença entre nós é muito simples: Milanovic está a conduzir-nos para Leste, eu irei conduzir-nos para Oeste”, disse. No domingo, conseguiu apenas 19,4%, considerado muito pouco para imaginar-se capaz de derrotar Milanovic na segunda volta.
Embora a presidência seja em grande parte cerimonial na Croácia, um presidente eleito detém autoridade política e atua como comandante supremo das forças armadas. Milanovic tem criticado o apoio da NATO e da União Europeia à Ucrânia e tem insistido frequentemente em que a Croácia não deve tomar partido na guerra entre os dois países eslavos. No seu entender, a Croácia deve manter-se afastada de disputas globais, apesar de ser membro da NATO e da União. Milanovic bloqueou a participação da Croácia numa missão de treino liderada pela NATO para a Ucrânia, declarando que “nenhum soldado croata participará na guerra de outros”.
A candidatura de Andrej Primorac tem sido prejudicada por um caso de corrupção de alto nível que levou o ministro da Saúde croata para a prisão no mês passado e que teve um lugar de destaque nos debates pré-eleitorais.
Em terceiro lugar ficou Marija Selak Raspudic, uma candidata independente conservadora – que concentrou a sua campanha eleitoral nos problemas económicos dos cidadãos comuns, na corrupção e em questões como o declínio da população do país de cerca de 3,8 milhões de habitantes. Teve apenas 9,3% dos votos expressos no domingo.
À espera do turismo
No próximo dia 1 de janeiro, a Croácia celebra dois anos como membro da Zona Euro: a ex-república jugoslava foi o vigésimo país da União Europeia a partilhar a moeda única, ao mesmo tempo que e passou a integrar o espaço Schengen de livre circulação. A adesão ao euro implicou que o Estado-membro da União Europeia tinha de cumprir compromissos económicos e financeiros, como uma inflação baixa e finanças públicas sólidas.
A combinação entre moeda única e livre circulação (e coom certeza também a beleza natural) foi o ponto de partida para uma aposta decisiva no setor do turismo, que passou muito rapidamente a ser dos mais importantes do país – que viveu um período de guerra de baixa intensidade entre 1991 e 1995 (a alta intensidade ficou para a Sérvia e para a Bósnia-Herzegovina) no seguimento da declaração da independência face à Jugoslávia. O país pediu adesão à União em 2003 e aderiu em 1 de julho de 2013 – muito por pressão da Alemanha, que tem no norte dos Balcãs uma zona historicamente importante para as suas exportações. Convém contudo referir que a Croácia não poderá escapar a qualquer desequilíbrio político que se dê ao nível dos Balcãs Ocidentais – observando com evidente temor os problemas nunca desaparecidos entre os três blocos que formam a Bósnia-Herzegovina: croatas, bósnios (muçulmanos) e sérvios (ou mais propriamente a República Srpska).
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