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Da direita à esquerda. Qual o balanço dos partidos da reunião com o Governo?

Os partidos com representação no Parlamento reuniram-se com o ministro João Leão e demonstraram-se preocupados com o cenário macroeconómico, mas também com a postura do Governo relativamente ao aumento de salários.
  • Cristina Bernardo
6 Outubro 2021, 17h50

Nesta quarta-feira o ministro de Estado e das Finanças, João Leão, apresentou aos partidos com representação no Parlamento as linhas gerais da proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022). No fim das reuniões, da direita à esquerda os deputados comentaram as perspetivas para o cenário macroeconómico. Saiba o que disseram os deputados.

PSD preocupado com quadro macroeconómico

A representar o Partido Social Democrata (PSD) na reunião com João Leão esteve o vice-presidente da bancada do PSD, Afonso Oliveira. Segundo o deputado, não foi apresentado ao partido “todo o quadro macroeconómico”. “O que esta reunião deixa muito claro é que saímos daqui mais preocupados do que entrámos”, considerou.

Para o PSD, as linhas gerais apresentadas hoje resultam “da incapacidade do Governo de nos apresentar o quadro macroeconómico total, foram apresentadas algumas linhas gerais sobre as quais não nos iremos pronunciar”.

Centristas destacam que previsões de crescimento estão “abaixo” do projetado há um ano

Depois da reunião com o ministro de Estado e das Finanças, a deputada do CDS-PP Cecília Meireles defendeu que as previsões do Governo para o crescimento do país estão “abaixo” do que era esperado há um ano.

Quanto às medidas apresentadas pelos centristas, Cecília Meireles assumiu que não teve qualquer tipo de “garantias” de que o documento vá consagrar o “alívio generalizado do IRS” defendido partido.

“No que toca às negociações, elas estão ainda muito longe de ter algum sucesso”, diz BE

Reunião após reunião do Bloco de Esquerda (BE) com o Governo o partido continua a sublinhar que as propostas do Executivo de Costa continuam aquém do pretendido pelos bloquistas. “Esperamos que nos próximos dias existam outras reuniões que possam ter essa consequência. No que toca às negociações, elas estão ainda muito longe de ter algum sucesso, pelo menos no que respeita ao Bloco de Esquerda”, afirmou o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares.

O bloquista criticou ainda “a veia otimista do primeiro-ministro, porque no que toca a questões concretas ainda há muito trabalho para fazer. Esse otimismo do primeiro-ministro mostrou muitas vezes não ter qualquer adesão à realidade”.

De recordar que nesta quarta-feira, o primeiro-ministro esteve ausente das discussões com os partidos por ter estado presente na reunião do Conselho Europeu. Depois do encontro com os parceiros europeus, Costa enalteceu a “evolução positiva da economia” durante o ano de 2021. Também o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais garantiu estar “otimista” relativamente ao OE2022.

PCP preocupado com ausência do tema dos aumentos salariais nas negociações

O líder parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), João Oliveira, considerou “incompreensível” que o Executivo de Costa afirme não ter margem para aumentar salários na administração pública. “Como é que se compreende, com perspetivas de crescimento económico que este ano são de 4,6% e para o ano podem chegar aos 5,5%, que os trabalhadores da administração pública continuem a perder 11% do seu poder de compra?”, questionou o comunista.

João Oliveira acrescentou ainda que: “Neste momento, só podemos sublinhar a nossa preocupação com falta de consideração pelo Governo com os problemas globais do país, que integram o Orçamento, mas vão muito além disso”.

No que toca aos salários, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, já avisou que não existirá a possibilidade de haver aumentos salariais generalizados na função pública no próximo ano. No entanto, a governante admitiu que o salário de entrada no Estado dos técnicos superiores vai aumentar.

IL diz que vai votar contra OE2022

A procissão ainda vai no adro, ou seja, as negociações para o Orçamento para o próximo ano ainda estão numa fase inicial, mas a Iniciativa Liberal (IL) já adiantou que vai votar contra o OE2022. É o primeiro partido a assumir sentido de voto.

“O nosso sentido de voto vai ser contra este Orçamento que não tem qualquer espécie de ambição relativamente ao crescimento do país”, anunciou o líder do partido, João Cotrim Figueiredo depois de reunião com Governo.

PAN quer que otimismo de Costa se traduza “em medidas concretas”

“Este orçamento, no entender do PAN, não pode ser um mero manifesto de vias intenções, tem de ter um plano de ação que garanta a retoma socioeconómica, mas também um orçamento que garanta a viragem do ponto de vista da transição energética e da justiça ambiental”, disse Inês de Sousa Real, porta-voz do partido Pessoas Animais Natureza (PAN).

Inês de Sousa Real defendeu ainda que: “O otimismo do primeiro-ministro tem de se traduzir em medidas concretas”. “O otimismo do senhor primeiro-ministro não se pode traduzir depois em bloqueios do Terreiro do Paço”, avisou.

PEV defende que este é o momento para mexer nos salários

À margem da sua reunião com João Leão, durante entrevista aos jornalistas, o líder parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes (PEV), José Luís Ferreira, revelou que lhe foi transmitido que “a previsão de inflação é de 0,9%, com o investimento público a crescer 30%. A dívida pública situar-se-á em 123% do PIB (Produto Interno Bruto) e o défice baixará de 4,5% para 3,2% em 2022”.

Para os ecologistas, “se há crescimento da economia, esse crescimento tem de ter reflexos na vida material das pessoas, desde logo ao nível do poder de compra”. “Se não valorizarmos os salários quando a economia está a crescer, então nunca é oportuno valorizar os salários”, completou José Luís Ferreira.

Chega acredita que Orçamento “vai no mau caminho”

“Os sinais que tivemos são preocupantes, assim como preocupantes são a falta de soluções que o Governo se prepara para apresentar”, referiu André Ventura, defendendo que o documento “vai no mau caminho”. Segundo o líder do Chega o próximo Orçamento do Estado não vai ter “nenhuma redução fiscal”.

As negociações do futuro sobre OE

Esta segunda-feira, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares revelou que as negociações do Orçamento entre Governo PCP, PEV, Bloco, PAN e deputadas não inscritas vão continuar até à votação na generalidade, que está prevista para dia 27.

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