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Das redes digitais à energia: as recomendações da OCDE para aumentar a resiliência mundial

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento antecipa que a crise irá provavelmente exigir alguma realocação de mão de obra e capital, com alterações para os “empregos disponíveis” e localização de muitos postos de trabalho.
9 Março 2021, 18h10

“Reformas estruturais são necessárias para melhorar a resiliência, facilitar a realização e fortalecer as perspetivas de crescimento”. É desta forma que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) dá o mote para elencar uma série de recomendações a nível global para o mundo no pós-pandemia.

No relatório sobre as projeções económicas intercalares, publicado esta terça-feira, assinado pela economista-chefe da instituição, Laurence Boone, pode ler-se que “a crise provavelmente irá exigir alguma realocação de mão de obra e capital, embora a extensão continuem incerta”.

A OCDE sublinha  que alguns sectores mais afetados pelas necessidades de distanciamento físico e alterações nas preferências dos consumidores podem ficar permanentemente menores depois da crise e que o trabalho remoto, a redução nas viagens de negócios e o aumento da oferta digital de serviços, incluindo o e-commerce, podem tornar-se permanentes, com consequências para a equação “empregos disponíveis” e “localização de muitos locais de trabalho”.

Defende ainda que “as políticas postas em prática para promover a recuperação da Covid-19 são uma oportunidade para enfrentar esses velhos e novos desafios se as medidas de estímulo económico e os planos de recuperação combinaram a ênfase na retoma do crescimento e na criação de empregos com o cumprimento de metas ambientas e maior resiliência”.

“As eventuais cicatrizes de uma grande recessão provavelmente serão menores em países nos quais os mercados de produtos e de trabalho podem acomodar as realizações necessárias de capital e trabalho após o choque”, salienta.

Para o futuro, deixa a nota que medidas com dimensão orçamental, como investimento em infraestruturas públicas em redes digitais, transporte e energia podem ajudar a apoiar a procurar, melhorar a produtividade e ser uma importante fonte de novos empregos para trabalhadores, considerando que um forte apoio aos rendimentos para as famílias mais pobres ajuda a tornar a recuperação mais inclusiva e a apoiar a procura.

Assinala ainda que o fortalecimento do dinamismo económico, eliminando as barreiras à entrada no mercado e melhorando a ativação e a aquisição de habilidades também irá melhorar oportunidades do mercado de trabalho e aumentar a produtividade.

“Para facilitar a realocação de recursos de trabalho, as medidas governamentais postas em prática no auge da pandemia para apoiar empregos e rendimentos precisam de ser mais direcionadas, cada vez mais focadas nas pessoas ao invés de em empregos, e ser acompanhadas por medidas estruturais para melhorar a formação”, vinca ainda.

Para a OCDE, a mudança para o urso de plataformas online e teletrabalho durante a pandemia destacou as oportunidades oferecidas pelas tecnologias digitais, pelo que “políticas eficazes e bem direcionadas são necessárias para acelerar a transformação digital das atividades dos setores público e privado e garantir que famílias mais pobres, pequenas empresas, regiões remotas e países de baixo rendimento não sejam deixados para trás”, dando como exemplo que pagamentos online seguros e privacidade de dados são áreas nas quais novas reformas acelerariam a adopção de tecnologias digitais.

“Os esforços dos governos para apoiar a recuperação económica também precisam incorporar as ações necessárias para promover a mudança dos combustíveis fósseis para as renováveis e limitar a ameaça de longo prazo das alterações climáticas”, recomenda ainda, considerando que as medidas de apoio financeiro específicas ao setor devem continuar direcionadas para compromissos ambientais mais fortes.

Entre as reformas estruturais exemplifica relativamente aos objetivos de política ambiental e climática, a fixação do preço do carbono, considerando que iria reduzir a incerteza da política ambiental e melhorar as perspetivas de financiamento de investimentos em tecnologias limpas, “embora medidas compensatórias sejam essenciais para mitigar o impacto adverso nas famílias mais pobres e nos pequenos negócios”.

A OCDE assinala ainda que investimentos em infraestruturas, incluindo redes elétricas modernizadas e despesa com energias renováveis, e projetos com períodos de retorno mais curto, como edifícios e eletrodomésticos mais eficientes em energia, também podem ser uma fonte de procura e novas oportunidades de emprego num estágio inicial da recuperação

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