A abrupta renúncia do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe ao seu mandato – ele que é o chefe de governo com maior longevidade no cargo – representa uma ida surpresa às urnas para a presidência do Partido Liberal Democrata (PLD) japonês e, consequentemente, para o cargo de primeiro-ministro daquele país.
Shinzo Abe renunciou a pasta, na passada sexta-feira, devido a problemas de saúde, encerrando um período à frente da terceira maior economia do mundo em que tentou retomar o crescimento, reforçar a defesa e impulsionar o perfil do país no mercado global.
Abe e a sua administração vão continuar no comandando do governo até que um novo líder do PLD seja eleito e, assim, se encontre um novo primeiro-ministro para o Japão. Mas o seu governo não poderá até esse momento adotar novas políticas. O seu sucessor será incumbido de chefiar o governo japonês até o final do mandato, que termina em setembro de 2021.
Num processo normal, o líder do PLD elege uma assembleia que integra os legisladores do partido, dirigentes territoriais e representantes dos militantes que se reúnem a cada três anos para nomear o máximo dirigente desse grupo político.
No entanto, em casos como o atual, existe um processo que por razões de urgência implica selecionar o candidato a primeiro-ministro entre os legisladores do partido e representantes das 47 prefeituras do país.
A primeira opção, ainda que mais lenta em procedimentos, é mais ampla quanto aos apoios políticos necessários, contrariamente à segunda opção, em que os legisladores têm mais peso, tendo sido este o sistema escolhido em 2007 para designar o sucessor de Abe quando este renunciou o cargo um ano depois devido a uma doença inflamatória intestinal.
As propostas para eleger o próximo primeiro-ministro serão levadas, na terça-feira, 1 de setembro, a uma reunião do conselho geral do partido, momento em que se estima que seja escolhido o dia das eleições para o novo líder.
O partido ainda não decidiu sobre qual será formato das eleições devido à pandemia da Covid-19, porém, segundo as agências de comunicação estatais, citadas pela Reuters, o PLD pondera ir a votos a 15 de setembro de forma virtual. Existe uma lista extensa de possíveis candidatos, mas para a agência de notícias há sete favoritos à pasta da presidência do partido.
Shigeru Ishiba
O ex-ministro da defesa de 63 anos, encabeça regularmente os favoritos nas sondagens, embora seja o menos popular dentro do partido. A “Reuters” descreve o possível candidato como um “especialista de falas mansas” que também administrou as pastas para agricultura e revitalização das economias locais em mandatos anteriores de Abe.
Fumio Kishida
Tendo servido como ministro dos Negócios Estrangeiros durante o mandado de Abe, entre 2012 e 2017, Kishida tem sido outro dos favoritos como o sucessor do primeiro-ministro japonês. Porém, segundo a “Reuters”, mantém uma classificação baixa entre as sondagens eleitorais.
A agência relembra que Kishida, de 63 anos, foi apanhado de surpresa com o anúncio de demissão de Abe, mas que, momentos após chegar a Tóquio, anunciou aos jornalistas que se candidataria ao cargo agora vago.
Yoshihide Suga
O secretário-chefe do gabinete, de 71 anos, tem sido leal a Abe desde o seu mandato conturbado em 2006 e 2007, tendo sido aquele quem pressionou o primeiro-ministro demissionário a concorrer novamente ao posto mais alto em 2012.
De volta ao cargo, Abe escolheu Suga como secretário-chefe do gabinete, um papel fundamental que inclui atuar como porta-voz do governo, coordenar políticas e manter os burocratas na linha.
Embora até agora tenha negado publicamente o interesse em ser primeiro-ministro, Suga marcou, estratégicamente, cerca de cinco grandes entrevistas a agências de comunicação, uma semana antes do anuncio de Abe, algo que os analistas não deixaram passar despercebido.
Apesar de já estar a testar terreno, a influência de Suga tem sido prejudicada por escândalos que derrubaram dois ministros próximos a si em outubro passado.
Taro Kono
O atual ministro da Defesa, Taro Kono, de 56 anos, tem a reputação de ser um dissidente, mas seguiu os limites das principais políticas de Abe, incluindo uma postura severa nos conflitos com a Coreia do Sul.
Formado pela Universidade de Georgetown, e fluente em inglês, Kono já foi ocupou o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros e ministro da Reforma Administrativa.
Shinjiro Koizumi
Por ser o mais novo entre os candidatos da velha guarda, analistas prevêem que seja difícil para Koizumi, de 39 anos, subir na consideração dos eleitores.
O atual ministro do Ambiente do país subscreve a alguma das políticas mais conservadoras de Abe, mas no que toca às reforças ambientais Koizumi gerou alguma polémica recentemente por defender medidas mais liberais, nomeadamente a redução do apoio estatal ao carvão, o combustível fóssivel mais poluente.
Toshimitsu Motegi
O atual ministro dos Negócios Estrangeiros já serviu o Japão como ministro da Económia no mandato de Abe em 2012.
Formado pela na Universidade de Tóquio e Harvard, Motegi foi eleito pela primeira vez para a câmara baixa em 1993 pelo então opositor Partido Novo do Japão. Motegi, de 64 anos, integrou o PLD em 1995.
Seiko Noda
A antiga ministra da Admnistração Interna, de 59 anos, não escondeu a vontade de ser eleita como primeira-ministra do Japão.
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