A desaceleração da atividade económica em Portugal e nos restantes parceiros europeus e a inflação para este ano, assim como outros fatores de pressão (como a manutenção dos custos de financiamento em níveis ainda elevados), são riscos que “continuam a ensombrar as finanças públicas”, de acordo com nota do BPI Research a propósito do défice das contas públicas até março que gerou polémica entre o Ministério das Finanças e Fernando Medina.
O ministro das Finanças estimou esta quinta-feira em cerca de 600 milhões de euros o défice registado até ao final do primeiro trimestre deste ano e acusou o anterior Governo de ter aumentado despesa já depois das últimas eleições legislativas.
“A situação orçamental é bastante pior do que o anterior Governo tinha anunciado”, declarou Joaquim Miranda Sarmento no final da reunião do Conselho de Ministros, dizendo que aos 300 milhões de euros de défice registados na última síntese de execução orçamental importa somar mais outros 300 milhões de euros em resultado do aumento das dívidas a fornecedores.
Para os analistas do BPI Research, “ainda é cedo para tirar conclusões mais claras sobre a execução orçamental de 2024”, sendo que esta entidade reconhece que “o início do ano traz sempre maior complexidade na comparação com o ano anterior” e detalha essa justificação: “Perante os diferentes perfis de pagamento de despesa e/ou recebimento de receita. A isto, junta-se a ausência ainda de clareza quanto às principais medidas de política que o novo Governo irá implementar ou que se virá obrigar a executar”, destacam estes analistas.
Sobre o défice das contas públicas até março, o BPI Research destaca que “o saldo consolidado do conjunto das Administrações Públicas (AP), na ótica de caixa, ficou em cerca de -0,4% do PIB no acumulado do primeiro trimestre de 2024, o que compara com um excedente de 3,1% em igual período de 2023. Este comportamento é explicado por um aumento da receita substancialmente inferior ao da despesa (4.3% e 15,1% homólogo, respetivamente)”, conclui.
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