A redução significativa do endividamento da economia portuguesa deverá continuar mesmo em caso de choques externos, mas o peso da dívida permance o principal desafio, pois é um dos maiores no mundo, afirmou esta quinta-feira Sarah Carlson, senior vice-president do Sovereign Risk Group da Moody’s.
“Quais são os desafios? Número um na lista é claramente o tamanho da dívida”, disse a responsável da agência de notação, numa conferência em Lisboa.”É um dos maiores fardos de dívida no nosso universo de análise de ratings, e isso constitui ainda um desafio material”.
Segundo o Orçamento do Estado para 2020 aprovado pelo Parlamento na semana passada, o peso da dívida pública deverá descer para 116,2% em do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, de 119,3% em 2019.
Sarah Carlson explicou que quando analisa o risco de crédito de soberanos conduz stress tests, para availar o impacto na descida da dívida no caso de choques externos nas áreas do crescimento, política orçamental, taxas de juro, câmbio ou uma combinação destes fatores.
“E o que vemos é que em todos estes cenários, à excepção do mais duro, o choque combinado, o peso da dívida continua a cair”, sublinhou. “No caso de um choque ao crescimento caí de forma um bocado mais lenta do que anteriormente, mas continua a cair, e mesmo no choque combinado a dívida fica mais ou menos onde está”.
A Moody’s tem a notação da dívida soberana portuguesa em Baa3, com perspetiva positiva, ou seja no primeiro patamar de grau de investimento e um nível abaixos dos ratings atribuídos pela Standard & Poor’s e pela Fitch, de BBB.
Sarah Carlson explicou que a Moody’s atribui o outlook positivo a Portugal devido aos níveis de riqueza e diversificação da economia, às reformas estruturais implementadas desde o pedido de resgate financeiro em 2011 e à força das instituições de permitiu essa implementação.
A responsável explicou que a agência vê as perspetivas de crescimento económico do país como “moderadas”, mas adiantou que a Moody’s antevê um excedente orçamental este ano, de 0,1%, o que compara com os 0,2% projectados pelo Governo no Orçamento do Estado.
“Portugal é um país no qual a convergência de rendimentos ainda está a acontecer e as perspectivas de crescimento são moderadas, dado onde está em relação aos vizinhos em termos de níveis de rendimentos”, sublinhou.
[Atualizada às 10h16]
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