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Desde a segunda guerra mundial que a Polónia não estava tão perto de um conflito

Depois de ter abatido drones russos no seu espaço aéreo, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, afirmou que “não tenho razões para afirmar que estamos à beira da guerra, mas uma linha foi ultrapassada e é incomparavelmente mais perigosa do que antes”.
Newly appointed Polish Prime Minister Donald Tusk speaks during a parliament session, in Warsaw, Poland December 12, 2023. REUTERS/Aleksandra Szmigiel
11 Setembro 2025, 07h00

A Polónia não estava tão perto de um conflito aberto desde a segunda guerra mundial, revelou o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, depois do país ter abatido drones russos que entraram no seu espaço aéreo na quarta-feira.

No parlamento, Donald Tusk afirmou que “não tenho razões para afirmar que estamos à beira da guerra, mas uma linha foi ultrapassada e é incomparavelmente mais perigosa do que antes”.

Segundo o apurado, os drones invadiram o espaço aéreo polaco na sequência de um ataque russo à Ucrânia, entrando assim numa violação sem precedentes do espaço aéreo polaco.

No total foram registados 19 incursões de drones no espaço aéreo do país durante a noite, sendo que entre três e quatro foram abatidos por aeronaves polacas e da NATO. Alguns dos drones vieram da Bielorrússia, algo que o país já confirmou, afirmando que houve um problema no sistema de navegação, que levou a que alguns drones “perdessem o seu caminho”.

Perante esta situação, o país, que pertence à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), pôs em curso uma operação e o primeiro-ministro esteve em permanente contacto com o Ministério da Defesa. Os cidadãos polacos receberam uma mensagem das autoridades, para não se aproximarem dos destroços dos drones.

Considerando esta uma “provocação em grande escala” por parte da Rússia, o primeiro-ministro polaco invocou o artigo 4.º da NATO, que permite aos Estados-Membros “submeterem uma questão à apreciação do Conselho do Atlântico Norte”.

O Parlamento Europeu vai discutir este incidente nesta quinta-feira, sendo o quarto ponto de trabalhos na sessão plenária em Estrasburgo, França.

Depois de algumas horas de silêncio, o Ministério da Defesa russo veio afirmar que o país não pretendia visar a Polónia, contudo não houve nenhuma confirmação por parte de Moscovo de que os drones tenham entrado no espaço aéreo polaco.

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, confirmou que os drones que invadiram o espaço aéreo polaco eram russos.

Apesar de Moscovo garantir que os drones não tinham como objetivo visar a Polónia, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, referiu que para atingir a Ucrânia os drones não tinham de voar por aquela rota. “Não há absolutamente qualquer razão para acreditar que isto foi um erro de correção de rota ou algo do género”, declarou ao parlamento alemão.

Incidente leva a consenso de vários países sobre grave atuação da Rússia

Foram várias as vozes europeias que se pronunciaram sobre esta violação, desde logo a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, que afirmou que a “Polónia tem todo o direito de se defender contra o ataque”.

Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, demonstrou total solidariedade com a Polónia.

De Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, salientou a importância de os Estados tomarem medidas sérias sobre a Rússia, sublinhando que a “Rússia tem vindo a testar o mundo”, sendo que os “ataques mostram que não está interessada em paz nenhuma”.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, condenou o ataque “irresponsável com drones russos”. “Esta foi uma atitude extremamente irresponsável por parte da Rússia e serve para nos lembrar do flagrante desrespeito do presidente Putin pela paz”, referiu.

O ex-primeiro-ministro português, António Costa, também se proferiu sobre este incidente, referindo que este foi responsabilidade da Rússia. Na rede social X o presidente do Conselho Europeu afirmou que “manifestámos total solidariedade para com a Polónia após a inaceitável violação do seu espaço aéreo por parte da Rússia”.

Emmanuel Macron, presidente de França, prometeu solidariedade à Polónia através da NATO, e condenou a ação da Rússia, apelando a que esta “coloque fim a esta escalada imprudente”. Também o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, considerou que “a violação da integridade territorial da Polónia é inaceitável”.

Conhecido como o único líder europeu a ter relações próximas com a Rússia, Orbán referiu que este incidente “prova que a nossa política de apelar à paz na guerra Rússia-Ucrânia é razoável e racional”.

O primeiro-ministro finlandês, Alexander Stubb, acusou Moscovo de querer escalar o conflito. “A incursão de drones russos no espaço aéreo polaco evidencia a gravidade da situação de segurança e é inaceitável”. Stubb sublinha ainda que “a Rússia tem responsabilidade por isto”.

O chanceler alemão, Friedrich Merz, condenou este incidente, acusando a Rússia de atacar um Estado-membro da NATO e da União Europeia, colocando em risco vidas. “Este comportamento imprudente vem juntar-se a uma longa cadeia de provocações na região do Báltico e no flanco oriental da NATO”, referiu.

Do outro lado do Atlântico também houve considerações sobre o assunto, com o embaixador dos Estados Unidos junto da NATO, Matthew Whitaker, a garantir que o país está comprometido em defender todo o espaço da NATO.

Desde o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, em 2022, esta foi a primeira vez que drones russos foram abatidos em território de um país da NATO.

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