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“Reabertura das discotecas pode contribuir para fim dos ajuntamentos”, diz presidente da junta do Bairro Alto e Cais do Sodré (com áudio)

“Desde o último desconfinamento que aumentaram bastante os ajuntamentos na freguesia, nomeadamente, na zona do Bairro Alto e na Zona do Cais Sodré. Estes ajuntamentos são muito superiores aos que se verificaram antes do Covid”, conta a autarca Carla Madeira.
  • Mario Cruz/EPA
23 Setembro 2021, 07h40

Os ajuntamentos de jovens têm sido uma constante nas zonas do Bairro Alto e Cais Sodré, e também de Santos, nas últimas semanas em Lisboa. Atualmente, os bares podem estar abertos até às 2 horas da manhã, mas as discotecas continuam fechadas.

Em declarações, ao Jornal Económico (JE), a presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, Carla Madeira, diz que “a reabertura das discotecas pode contribuir para o fim dos ajuntamentos” no Bairro Alto e Cais Sodré, zonas da capital conhecidas pela sua vida noturna.

Carla Madeira destacou ainda que nestas zonas tem aumentado o policiamento e prometem fornecer mais uma viatura à Polícia de Segurança Pública (PSP), bem como foi pedido um aumento de transportes públicos à noite.

“Desde que existiu este último desconfinamento que aumentaram bastante os ajuntamentos na freguesia, nomeadamente, na zona do Bairro Alto e na Zona do Cais Sodré. Estes ajuntamentos são muito superiores aos que se verificaram antes do Covid porque antes do Covid, estava tudo aberto. Estavam os bares todos abertos, as discotecas todas abertas. Portanto, havia uma vida noturna no país inteiro”, sublinhou Carla Madeira, presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia ao JE.

Na vizinha zona de Santos, onde também têm ocorrido muitos ajuntamentos aos fins de semana, o presidente da junta da freguesia da Estrela, decidiu que no próximo fim de semana os bares e restaurantes vão encerrar a partir das 23 horas.

De acordo com Carla Madeira “com este último desconfinamento grande parte dos estabelecimentos da zona da freguesia, nomeadamente do Bairro Alto e do Cais do Sodré, mas houve outros estabelecimentos que ficaram fechados como é o caso das discotecas e isto é um dos motivos que faz com que tenham começado a afluir bastantes pessoas nesta zona da freguesia. Naturalmente aumentou o ruído, aumentou os desacatos e tornou a vida dos moradores de quem aqui mora um inferno”.

Também a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) defendeu, em comunicado, que “a manutenção do encerramento legal dos estabelecimentos de animação noturna, como bares e discotecas, além de fazer com que estas empresas se tornem insolventes, com o risco de não reabrirem os seus negócios, tem ainda o efeito pernicioso de promover ajuntamentos noutros locais, que ocorrem sem qualquer controlo ou mesmo cuidado com medidas de prevenção da Covid-19”.

O que está a ser e será feito para travar os ajuntamentos e a violência?

Carla Madeira, do PS, recorda que desde 2012 existe videovigilância no Bairro Alto e que tem sido uma mais valia para ajudar a PSP a identificar os agressores. No entanto, em 2014 0 comissário Rui Costa adiantou, ao “Público” que as “imagens poderão servir para atenuar esta situação”, não podendo, contudo, ser usadas como prova em tribunal.

Relativamente ao que atualmente tem sido feito, Carla Madeira referiu que “começou a existir um forte dispositivo policial. A junta está permanentemente em contacto com a PSP. Portanto, a PSP intensificou bastante a presença policial ali, nomeadamente a partir das noites de quinta-feira, chegando mesmo a fechar várias ruas no bairro alto. Em certas ruas é preciso comprovar que se é morador”.

“Há um forte condicionamento de pessoas nesta zona e a PSP tem tido uma presença de facto forte, com agentes de proximidade, corpo de intervenção, equipas de intervenção rápida. Agentes à civil porque também estão lá as equipas de intervenção criminal e Portanto, a junta de freguesia têm articulado estas respostas no território e estamos bastante preocupados com a situação”.

A presidente da Junta de Freguesia acrescenta que “temos tido várias reuniões institucionais e têm dado muitos frutos, a par disso a junta de freguesia vai oferecer uma viatura à PSP, à terceira esquadra do Bairro Alto. Também temos feito contactos no sentido de aumentar o transporte público à noite para que as pessoas não tenham de ficar a esperar até de manhã para irem para casa”.

A 1 de março de 2021 o ministério da Administração Interna autorizou a instalação de 216 câmaras de videovigilância em Lisboa. As zonas de eleição, segundo a agência “Lusa”,  foram:  Praça do Comércio, Cais das Colunas, Praça D. Pedro IV, Praça dos Restauradores, Praça da Figueira, Rua Augusta, Rua Áurea, Rua da Prata, Rua dos Fanqueiros, Rua do Comércio e restantes transversais, Avenida Ribeira das Naus, Cais do Sodré, Santa Apolónia, Campo das Cebolas e Miradouro de Santa Catarina (perto do Bairro Alto).

O Jornal Económico aguarda resposta do Ministério da Administração Interna relativamente ao que pretende fazer para travar os ajuntamentos e violência nas zonas do Cais Sodré e Bairro Alto.

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