[weglot_switcher]

Devolução das propinas. PS desafia AD e Chega a “repensar se jovens são fardo ou investimento”

Prémio de valorização das qualificações não foi oficialmente revertido pelo executivo de Luís Montenegro, mas as candidaturas, que deviam ter sido abertas em maio, não foram lançadas. PS fala em “veto de gaveta” da parte do PSD e acusa o Chega de ter chumbado proposta socialista como “moeda de troca” para o acordo com a AD sobre o alívio no IRS de 2026. Socialistas vão insistir e levar a proposta a plenário, desafiando estes partidos a “repensar se os jovens são um fardo ou investimento nas suas agendas”.
14 Julho 2025, 10h54

Os partidos que sustentam o Governo, PSD e CDS, e o Chega uniram-se na última quinta-feira para chumbar a proposta socialista que visa assegurar o pagamento do prémio salarial de valorização das qualificações (a devolução das propinas, na prática), juntamente com o IRS Jovem. O assunto não ficou arrumado na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP) e será novamente votado no último plenário desta sessão legislativa, na quarta-feira. Ao Jornal Económico (JE), a deputada do PS Sofia Pereira sublinha que o partido insiste na medida para “dar uma última oportunidade ao PSD e ao Chega de repensar se os jovens são um investimento ou um fardo nas suas agendas”.

“Sem esperança nenhuma que os jovens sejam prioridade para estes dois partidos”, a líder da Juventude Socialista acredita, ainda assim, que possa imperar “o bom senso e se reponha uma medida que nunca devia ter sido interrompida”.

O prémio salarial de valorização das qualificações, que corresponde na prática à devolução das propinas, e se destina a jovens até 35 anos que residam e trabalhem em Portugal, foi aprovado pelo governo de António Costa em 2023 e constava do OE para 2024. Há menos de um mês, o ministro da Presidência, questionado sobre a continuidade deste mecanismo, disse que a matéria “tem de ser revisitada”. António Leitão Amaro evitou clarificar a decisão do Governo quanto ao assunto, mas reafirmou que o IRS Jovem é o mecanismo preferencial do executivo e remeteu para breve detalhes sobre a transição entre os dois regimes.

Certo é que o OE deste ano, aprovado já pelo anterior executivo de Luís Montenegro, não fazia referência a este mecanismo e no portal do Governo em que os pedidos são submetidos continua a ler-se que “não estão a ser aceites novos pedidos” e que “o prazo para submeter pedidos em 2025 ainda não foi anunciado”.

No dia do chumbo, na COFAP, o deputado social-democrata Hugo Carneiro apelidou a proposta do PS de “inutilidade”, argumentando que que o Governo não revogou a legislação sobre o prémio salarial e não disse que não ia cumprir (…) E quando entender oportuno, anunciará o que entenderá anunciar”.

Os socialistas contra-argumentam recordando que, embora a legislação não tenha sido revogada, não está a ser cumprida: “O PSD não consegue admitir que isto foi um veto de gaveta. Tinha de ser aberto o formulário das candidaturas até final de maio. Não foi. Não há coragem política para assumir o que de facto querem fazer com esta medida e deixam milhares de jovens sem respostas”, lamenta Sofia Pereira.

Já sobre o Chega, a deputada do PS acusa o partido de André Ventura de fazer “teatro”, acabando depois por ser “uma muleta do Governo” para tirar até cinco mil euros aos jovens”, e desconfia que rejeitar a proposta socialista “foi uma moeda de troca para o acordo que fez com o PSD”.

Um dos argumentos usados pelo Chega para chumbar esta medida, com a qual até disse concordar, foi que não tinha nada a ver com o tema que estava em cima da mesa. A deputada do PS discorda e sustenta que o prémio salarial é “a garantia de que o Governo não dá com uma mão e tira com a outra”. “Há uma ligação direta, o ministro Leitão Amaro disse que a devolução das propinas tem um custo de 500 milhões e a redução do IRS custa 500 milhões. Tem obviamente que ver. Foi mais uma manobra para não assumir o que quer que seja”, critica.

Os socialistas avançaram com esta proposta para clarificar que o prémio salarial será acumulável com o IRS Jovem aquando da discussão sobre a redução do IRS, um desagravamento do imposto que foi viabilizado com os votos favoráveis do PSD, CDS, Chega e IL. O PS, ainda que com “reservas”, decidiu que não seria um obstáculo. O diploma ainda vai ser votado no plenário de quarta-feira, seguindo depois para Belém para ser apreciado pelo Presidente da República.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.