O atraso na transformação digital pode custar 1,3 biliões de euros à União Europeia (UE) até 2033, alerta a Vodafone num relatório enviado ao Jornal Económico (JE), que se estende numa análise sobre a “divisão digital enraizada na Europa” com recomendações governativas para a resolução da exclusão digital.
Em causa está o estudo “Ligar Comunidades: Combater a exclusão digital para uma Europa mais coesa e resiliente”, publicado esta segunda-feira, que aponta que apenas 20% das pequenas e médias empresas (PME) europeias estão “altamente digitalizadas”. “Colmatar o défice digital das PME poderia acrescentar 628 mil milhões de euros ao PIB da UE”, estima a Vodafone. As empresas do bloco produzem 76% do valor das congéneres norte-americanas, “o que reflete, em parte, uma adoção digital mais lenta”, é justificado no relatório.
Em 2025, 44% dos cidadãos da União Europeia (UE) não possuem competências digitais básicas, indica o estudo “Ligar Comunidades: Combater a exclusão digital para uma Europa mais coesa e resiliente”, segundo o qual em 2024 um em cada cinco agregados familiares de zonas rurais ainda não tinha acesso a rede 5G.
As “lacunas em competências e cobertura, e o acesso desigual a dispositivos e a serviços públicos digitais” constituem “uma vulnerabilidade estratégica para a economia, a sociedade e a resiliência democrática do continente”.
“Por cada ano que esperamos, o fosso entre ricos e pobres, urbanos e rurais, jovens e idosos aumenta. Só se agirmos agora é que a Europa se poderá tornar mais forte e resiliente, com serviços modernos, maior produtividade e democracias robustas”, defendeu o diretor Executivo de Relações Externas e Corporativas do Grupo Vodafone, Joakim Reiter.
No campo da saúde, lê-se no relatório, “as pessoas excluídas digitalmente têm 1,5 vezes mais probabilidades de ter dificuldades em interagir com os serviços de saúde, aumentando a dependência dos serviços de emergência — o que é dispendioso para as famílias e para os sistemas de saúde”, pelo que “melhorar o acesso e a confiança reduz o isolamento e melhora o bem-estar a longo prazo”.
Quanto à educação e às oportunidades dela decorrentes, “as escolas com capacidade digital limitada têm dificuldade em desenvolver competências digitais básicas”. “Os jovens europeus sem acesso ou apoio têm o dobro da probabilidade de carência de competências digitais básicas, o que reduz os seus rendimentos ao longo da vida e a sua participação cívica”.
Ainda segundo o relatório, os “cidadãos excluídos digitalmente são menos propensos a participar na tomada de decisões públicas, o que aumenta o risco de erosão da confiança nas instituições cívicas e democráticas”.
As empresas do bloco produzem 76% do valor das congéneres norte-americanas, “o que reflete, em parte, uma adoção digital mais lenta”, é justificado no relatório.
Digitalização e crescimento
Sobre as oportunidades proporcionadas pelo investimento na digitalização, a Vodafone recorre aos números operacionais da maior economia europeia. “Na Alemanha, a digitalização impulsionou os lucros das empresas em 28 mil milhões de euros em 2023”.
Quanto ao caso português, “empresas com elevado grau de maturidade digital são mais competitivas e oferecem salários até 37% acima de organizações menos digitalizadas”, lê-se no relatório.
Recomendações governativas para resolver a exclusão digital
De acordo com o estudo da Vodafone, são “necessárias abordagens adaptadas, que respeitem as necessidades específicas de cada comunidade”, com as estratégias “mais eficazes” a reclamarem “colaboração entre governos – a nível europeu, nacional e regional –, o setor privado, associações e organizações sem fins lucrativos e as próprias comunidades”.
O “Ligar Comunidades: Combater a exclusão digital para uma Europa mais coesa e resiliente” defende, entre as soluções para o problema da exclusão digital, a importância de a inclusão digital ser “uma prioridade estratégica no centro do programa dos governos” e “”transversal a todas as políticas públicas”.
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