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Do aeroporto congestionado à inflação. Que desafios enfrenta a TAP agora que chegou aos lucros?

Cinco anos depois de resultados catastróficos, a TAP atinge finalmente os lucros. Mas nem tudo está resolvido, muito longe disso. A companhia aérea quer, urgentemente, reduzir os custos da operação, equilibrar o saldo contabilístico e, acima de tudo, garantir um aeroporto menos congestionado.
21 Março 2023, 11h30

Após cinco anos de prejuízos, a TAP apresentou lucros de 65,6 milhões de euros esta terça-feira referentes ao exercício fiscal de 2022. Apesar do bom resultado, que chegou dois anos antes do que aquilo que era previsto pelo plano de reestruturação, os desafios da companhia aérea não ficam por aqui, de acordo com aquilo que é definido pela própria TAP na apresentação que fez aos acionistas.

Em comunicado, a CEO da TAP lembrou que a companhia aérea gerou “receitas trimestrais mais elevadas da sua história e uma rentabilidade recorde, apesar dos contínuos desafios operacionais”.

Mas sobre que desafios fala Christine Ourmières-Widener? Em comunicado, a companhia aérea aborda um desafio que tem sido transversal a todas as companhias que operam em Lisboa: o crónico congestionamento do Aeroporto Humberto Delgado.

De recordar que, a meio do ano passado, a empresa perdeu 18 slots diários de estacionamento e permanência que tinha no Aeroporto Humberto Delgado para a EasyJet. Anteriormente, a TAP detinha entre 45% e 55% da capacidade do aeroporto de Lisboa, ocupando a maioria dos lugares de estacionamento para aeronaves, ainda que não as utilizasse.

Para a TAP, outro desafio é “uma concorrência com capacidade para investir”. As companhias low-cost Ryanair e EasyJet têm sido os principais concorrentes diretos da companhia aérea de bandeira, significando que a TAP tem vindo a perder lugar de importância.

A empresa acrescenta que é necessário reduzir os custos de toda a operação, mesmo que a inflação elevada pareça ser um entrave. Em 2022, a taxa de inflação média nacional fixou-se em 7,8%, subindo significativamente face aos 1,3% do ano anterior. A subida da inflação impulsionou uma subida geral dos preços e dos custos associados às operações.

Já com a inflação a reduzir nos primeiros meses do ano, a TAP espera agora que os custos inerentes às operações comecem a cair.

A companhia aérea pede ainda novos Acordos de Empresa por classe de trabalhador (Colective Labour Agreement – CLA) mais competitivos. Aliás, a companhia aérea insiste que estes acordos são “críticos” para o futuro. Por exemplo, só no caso dos tripulantes, o atual acordo vigora até 2026.

A empresa quer renegociar estes Acordos de Empresa e ontem chegou mesmo a pré-acordo com os pilotos, entregando-lhes melhores condições de trabalho.

A TAP quer ainda que a cash-flow seja seguida atentamente, sendo que esta é uma forma de melhorar as operações e que a empresa continue a apresentar lucro nos próximos anos. Outro desafio é reduzir a dívida e equilibrar o saldo contabilístico, pagamento todos os endividamentos e obrigações pendentes.

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