As reações de Donald Trump ao resultado das eleições presidenciais foram esta quarta-feira alvo de análise na Web Summit, coim ex-porta-voz da Casa Branca, uma estratega política próxima de Joe Biden e o CEO de uma empresa de comunicações pró-republicana a explicarem as motivações e as consequências do comportamento do ainda-presidente.
Donald Trump não concedeu a derrota face a Biden, não aceitando os resultados que lhe dão 232 votos nos colégios eleitorias face aos 306 do democrata. O republicano tem dito desde o dia das eleições que os democratas estão a cometer uma “grande fraude” e iniciou recursos jurídicos em vários estados-chave, sem sucesso.
Na cimeira tecnológica (que decorre habitualmente em Lisboa, mas que este ano é 100% online devido à pandemia), o jornalista Philip Crowther, da Associated Press, iniciou um painel com o título “O homem certo ganhou as eleições nos EUA?” ao perguntar como é que Trump se deveria estar a comportar neste altura.
Anthony Scaramucci, que teve uma breve passagem pela Casa Branca como porta-voz em 2017, de apenas 11 dias, tendo sido despedido por criticar publicamente duas pessoas chave na Casa Branca à época – o chefe de gabinete Reince Priebus e o estratega Steve Bannon – foi o primeiro a responder.
“Vamos falar sobre o que ele [Trump] quer. Ele quer um acordo para ele e para a sua família não serem acusados juridicamente. Isso é melhor do que um perdão, porque o perdão é para um crime pelo qual uma pessoa tem de ser indiciada”, alegou Scaramucci. “Ele quer um acordo no estado de Nova Iorque, na cidade de Nova Iorque e ao nível federal”.
Para Scaramucci, o que Trump está a fazer agora “é causar tanto estrago quanto humanamente possível, para obter esse acordo”. O conselho que tem para o ex-chefe é simples: “eu diria para ele pegar no telefone e dizer a Joe Biden exatamente o que quer”.
Ben Pounder, co-fundador e CEO da America Rising Corporation, uma empresa de comunicação cuja missão, explicada no site, é de “ajudar os clientes da derrotarem os democratas”, explicou a reação de Trump como estratégia política, mas que não está isenta de danos para os republicanos.
“Donald Trump sempre se esforçou para se mostrar como um lutador, portanto está a esgotar todas as opções e sabíamos que era assim que ia ser,” afimou. “Para o seu eleitorado de base, mostrar que é um lutador, tentar vencer faz parte da equação de como ele encara os próximos anos”.
“Tudo o que ele fez nas últimas semanas fez parte dessa equação”, adiantou, sublinhando no entanto que “do ponto de vista da mensagem do partido republicano em geral, é uma espécie de distração do que, de outra forma, foi uma noite muito boa para os republicanos e essa mensagem está a ficar um bocado na sombra”.
Para Sheila Nix, presidente da Tusk Philantropies, ligada à campanha de Joe Biden e ex-chefe de gabinete de Jill Biden, o comportamento de Donald Trump é “perigoso, porque não há precedente de uma transição deste género”.
Nix adiantou, no entanto, que “felizmente Joe Biden é a pessoa certa para lidar com tempos difíceis, e foi por isso que venceu e por isso é que a sua presença foi calmante antes das eleições e também neste período depois”.
“Seria ideal ver Trump a conceder a derrota, mas isso não pode ser uma distração para nós, pois temos de focar no trabalho que tem de ser feito e na resolução dos problemas do nosso país”, sublinhou.
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