Portugal tinha até ao final deste mês para recorrer a 729 milhões de euros para dar o arranque ao lançamento do concurso da linha de alta velocidade, uma obra que vai ligar as duas cidades numa hora e quinze minutos. O consenso político foi atingido esta terça-feira no Parlamento.
Em causa está o lançamento do concurso para o troço Porto – Oiã (Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro) da linha de alta-velocidade Porto – Lisboa, que ligará as duas cidades numa hora e quinze minutos, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria.
A urgência na aprovação do lançamento deste concurso prende-se, como recordou António Costa, com a possibilidade de aceder a 729 milhões de euros de Bruxelas, verba que só poderia ser utilizada com esta finalidade.
“A abertura deste concurso, na próxima semana, garante-nos que podemos aceder a 729 milhões de euros que estão reservados em Bruxelas exclusivamente para esta obra, poupando-nos a ter de concorrer, nos anos seguintes, com todos os outros países”, garantiu o primeiro-ministro.
António Costa salientou que o investimento “é estrutural para a descarbonização da mobilidade, para encurtar as distâncias entre as duas áreas metropolitanas, para substituir muitas das viagens que hoje se fazem de avião ou por automóvel”.
Os 729 milhões de euros de Bruxelas são apenas uma parte de todo o investimento que terá de ser feito na primeira fase da linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa. Estima-se que o projeto tenha encarecido nos últimos anos para os 3,5 mil milhões de euros.
Em setembro do ano passado, a Comissão Europeia lançou um convite aos Estados-membros no sentido de apresentarem propostas para os transportes com verbas disponíveis que vão além dos sete mil milhões de euros e que se destinam a projetos de infraestruturas de transportes.
O prazo para aceder a estes verbas tem como prazo 30 de janeiro de 2024.
O primeiro-ministro assinalou esta terça-feira o “dia histórico” da aprovação, pelos partidos, do lançamento do projeto de alta velocidade ferroviária, anunciando que o concurso público será lançado na próxima semana e saudando a “maturidade democrática” do processo.
“Hoje é um dia histórico para a mobilidade e para o transporte público”, disse hoje António Costa em Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), referindo-se à votação favorável, pelo parlamento, de projetos de resolução do PS que recomendam ao Governo que avance com o projeto de alta velocidade ferroviária.
António Costa falava nas Caves Ferreira, em Vila Nova de Gaia, onde assistiu à assinatura da consignação da empreitada da Linha Rubi do Metro do Porto ao consórcio FCC, ACA e Contratas y Ventas, por 379,5 milhões de euros.
O PSD anunciou esta terça-feira o voto favorável da resolução do PS para arrancar com o concurso da linha de alta-velocidade Porto-Lisboa porque “nunca será um entrave” ao desenvolvimento, mas remete responsabilidades da solução para o PS.
Numa posição escrita enviada à Lusa e assinada pelo vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz, considera-se que “o país já perdeu demasiado tempo e esta seria a segunda candidatura falhada por incompetência e impreparação do Governo português, liderado pelo Partido Socialista”.
“Assim, o PSD votará a favor desta proposta, na estrita medida em que ela procura resolver os problemas de tempo e de capacidade do eixo ferroviário Lisboa-Porto. O voto é a favor de Portugal. Quanto ao resto, cada partido que assuma as suas responsabilidades e que não enganem mais os portugueses. Porque o Governo não tem, nem merece, crédito neste assunto”, critica o dirigente do PSD.
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