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Exportações. Dos unicórnios à indústria de alta intensidade tecnológica

O crescimento do sector tecnológico nas exportações não se sente só nos serviços, sendo transversal à indústria portuguesa.
21 Novembro 2021, 15h30

Uma das áreas que mais impulsionou o recente crescimento do das exportações nacionais é o sector tecnológico, que, acompanhando as tendências de maior digitalização da economia, se tem desenvolvido a olhos vistos em Portugal. Um bom exemplo é a ligação dos cinco unicórnios portugueses ao sector, mas até na indústria esta tendência é verificável.

Um dos sinais mais claros do desenvolvimento das exportações tecnológicas portuguesas pode ser encontrado na balança de pagamentos do sector. Partindo de um cenário, segundo os dados da PORDATA, com apenas 140 milhões de euros vendidos ao resto do mundo em 1996, que comparavam com quase 434 milhões importados, o país conseguiu, desde então, atingir vários marcos importantes neste indicador.

O primeiro surgiu em 2009, quando o valor das exportações tecnológicas portuguesas ultrapassou pela primeira vez os mil milhões de euros. Ainda assim, o saldo desta balança continuava deficitário para Portugal, tendo-se invertido apenas em 2012, quando os 1.227 milhões de euros exportados ultrapassaram os 1.006 milhões importados. Desde aí, o superavit tecnológico manteve-se, verificando mesmo uma trajetória de sustentado crescimento a partir de 2016 que culminou em 2020, com 576 milhões de excedente.

Esta evolução espelha bem a importância que a área tecnológica tem vindo a assumir na economia portuguesa e, em particular, na vertente exportadora. Foi também, em parte, este desenvolvimento que permitiu ao sector ver nascer os cinco unicórnios portugueses e que levou a maior conferência de tecnologia do mundo a instalar-se na capital do país.
O crescimento da área tecnológica em Portugal é ainda transversal a outras atividades, nomeadamente na parte industrial. Decompondo as exportações nacionais de bens industriais por intensidade tecnológica, é notória a evolução nos últimos anos dos produtos de alta e média-alta intensidade, com ambos a crescerem a um ritmo superior à média do total das exportações industriais. Enquanto os bens com elevada componente tecnológica cresceram, entre 2014 e 2019, 85,1%, o total dos produtos industriais transformados cresceu 24,3%. Olhando para os bens de intensidade tecnológica média-alta, o crescimento foi de 36,1%, detalha um relatório do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia.

Dentro das categorias de elevada intensidade tecnológica, destacam-se os instrumentos médicos, óticos e precisão, que cresceram 33,8%, e os equipamentos de rádio, TV e comunicações, com uma variação de 30,8%. Acresce, com intensidade média-alta, os veículos a motor, reboques e semirreboques, cujas exportações aumentaram 47,5% entre 2014 e 2019.
Analisando novamente os bens e serviços tecnológicos transacionados com o resto do mundo, os 2.806 milhões de euros exportados em 2020 decompõem-se em quase 432,5 milhões em serviços de assistência técnica, 274,8 milhões em serviços de investigação e desenvolvimento e 2.068 milhões em outros serviços de natureza técnica. Todas estas rubricas apresentam saldos positivos, à exceção da de direitos de aquisição e utilização de patentes, marcas e direitos similares, onde os quase 31 milhões vendidos para o exterior foram largamente superados pelos 521 milhões de euros importados. E esta é uma realidade não exclusiva dos grandes centros urbanos. Segundo os dados do portal DataLabor, em 2011, a região do país com o maior peso dos produtos de elevada intensidade tecnológica no total das exportações era o Alentejo Central, com 14,11%, tendo liderado este ranking até 2014, quando a região do Cávado tomou o primeiro lugar, com 10,63%, tendo o Alentejo Central registado 6,79%.

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