A EDP planeia reconverter as suas centrais a carvão no norte de Espanha em centros de dados, revelou hoje o administrador financeiro da empresa.
Com a desativação gradual destas centrais, a ideia era construir projetos de hidrogénio verde e de baterias, mas a ascensão da Inteligência Artificial (IA) está a levar a empresa a apostar nos centros de dados, cruciais para alimentar este novo mundo.
Uma das vantagens das centrais a carvão é que já estão ligadas à rede elétrica, uma vantagem que permite poupar muito tempo e evitar licenciamentos morosos de linhas elétricas e capacidade de rede de distribuição e de transporte.
O uso de eletricidade por centros de dados vai disparar oito vezes na Península Ibérica no espaço de uma década, segundo dados da Aurora Energy Research.
“Portugal tem o quinto preço mais baixo da eletricidade para a indústria, e verde. Dos preços mais competitivos na Europa. Isto apoia a tese de que é possível ter preços competitivos na Europa”, começou por dizer Miguel Stilwell d’Andrade na chamada com analistas a 8 de novembro.
Destacou assim que Portugal e Espanha estão na linha da frente na Europa para receberem investimentos em centros de dados, mercado onde já está presente nos EUA. “Temos tido muitas perguntas. O crescimento na Europa está menos avançado face aos EUA, mas vemos um forte potencial de crescimento na Ibéria. As pessoas estão a ver esta onda a chegar à Europa”.
“Podemos oferecer fornecimento 24 horas por dia, sete dias por semana, com a ajuda do gás natural e da bombagem hídrica. Temos preços atrativos. Estamos bem posicionados para esta oportunidade. Temos 75% de renováveis”, enumerou na chamada com os analistas.
“Os nossos ativos estão localizados estrategicamente. Temos muitos pontos de ligação. Estamos a explorar vários locais para localizar centros de dados. Temos dois gigas de oportunidades”, com 400 MW assegurados e 900 MW já pedidos.
O responsável também sublinhou que o aumento da procura se deve à necessidade de ter estes centros na Europa, para garantir a sua segurança.
Na chamada também destacou que “Portugal é um caso de muito sucesso”, sublinhando as contas públicas saudáveis e um sistema elétrico competitivo e financeiramente sustentável. Sublinhou ainda a descida de IRC e que é “possível” que desça mais, considerando a medida como “positiva”.
Sobre a taxa extraordinária CESE, acredita que a “redução deve acontecer a algum ponto. Os tribunais devem olhar para isto e reconhecer que já não é extraordinária”.
O responsável também abordou o caso dos CMEC. “A EDP não é parte do processo, não teve nenhum ganho indevido. Isto foi validado pela Comissão Europeia. Não temos dúvidas de que não tivemos benefícios indevidos. A empresa sofreu vários cortes nas receitas dos CMEC, está pior face aos CAE. Isto está a ser litigado. Não temos provisões para isto. O processo vai demorar muitos anos”.
Sobre a notícia de eventuais cortes aos créditos fiscais nos EUA sob a nova administração, o CEO apontou que pode haver alguma alteração, mas nada de dramático. “Os créditos fiscais existem há anos”, apontando para a cláusula safe harbour, de proteção aos investidores, que garante o acesso aos créditos fiscais, desde que já tinha sido iniciada a construção do projeto.
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