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Eleições EUA: Crianças separadas dos pais na fronteira estão a ser “bem tratadas”, disse Trump

“Não foram coiotes que as trouxeram, foram os pais. Foram separadas dos pais e isto tornou-nos objeto de chacota e viola todas as noções do que somos enquanto nação”, criticou Joe Biden.
  • EPA/SHAWN THEW
23 Outubro 2020, 08h48

As crianças que foram separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos e que ainda não conseguiram a reunificação estão a ser “bem tratadas”, disse o Presidente, Donald Trump, no último debate com Joe Biden.

Um processo legal da União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla inglesa) indicou na quarta-feira que ainda há 545 crianças sozinhas porque as autoridades não conseguem localizar os pais, dos quais foram separadas à força quando pediram asilo nos Estados Unidos.

“Elas estão a ser tão bem tratadas”, afirmou o Presidente e recandidato pelo Partido Republicano. “Estão em instalações limpas”, disse, acusando o adversário e Barack Obama de terem construído as ‘gaiolas’ onde as milhares de crianças foram colocadas durante a política de “tolerância zero” na fronteira com o México, que a administração Trump suspendeu devido à controvérsia gerada.

Num debate ordeiro e sem insultos, a discussão sobre o que aconteceu às famílias separadas gerou o momento em que Joe Biden falou de forma mais veemente.

“Não foram coiotes que as trouxeram, foram os pais. Foram separadas dos pais e isto tornou-nos objeto de chacota e viola todas as noções do que somos enquanto nação”, criticou Joe Biden.

“Os filhos foram arrancados dos braços dos pais e separados e agora não conseguem encontrar mais de 500”, disse o democrata. “Essas crianças estão sozinhas sem terem para onde ir. É criminoso”, acrescentou.

No tópico da imigração, a moderadora questionou Biden pelo histórico da administração Obama, na qual foi vice-Presidente durante oito anos, e o democrata admitiu falhas na forma como o anterior Governo deportou emigrantes e lidou com outros problemas do sistema de imigração.

“Cometemos um erro, demorámos muito a fazer a coisa certa”, afirmou. “Se for Presidente, nos primeiros 100 dias irei enviar ao congresso um caminho para a cidadania para as 11 milhões de pessoas indocumentadas”, prometeu, garantindo que os ‘dreamers’, jovens levados para os Estados Unidos ilegalmente em crianças, serão novamente certificados.

Este foi o segundo e último debate entre os candidatos, desta vez moderado pela jornalista da NBC News Kristen Welker.

Depois de um primeiro debate muito conflituoso a 29 de setembro, a Comissão de Debates Presidenciais modificou as regras para cortar o microfone ao adversário quando um dos candidatos respondia às questões.

Apesar de algumas trocas na contra-argumentação, o debate desta madrugada teve poucas interrupções e foi considerado pelos comentadores como mais aproximado dos debates políticos tradicionais nos Estados Unidos.

Outros temas em destaque foram a covid-19, a economia, tensões raciais e política internacional, com os dois candidatos a acusarem-se mutuamente de ligações inapropriadas com a China e a Rússia.

Joe Biden chegou ao palco da Universidade Belmont em Nashville, Tennessee, onde decorreu o debate, com uma vantagem de cerca de 10 pontos na média das sondagens nacionais, segundo a plataforma FiveThirtyEight. O democrata tem 52,1% das intenções de voto contra 42,2% para Donald Trump. A eleição é a 03 de novembro.

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