A população africana cresce a um ritmo elevado e África deverá tornar-se, em 2023, impulsionando as necessidades de energia, sobretudo para alimentar as indústrias que deverão fornecer trabalho a tanta gente. As matérias-primas energéticas serão pois essenciais para o desenvolvimento dos países africanos, devido ao rápido crescimento populacional, sendo que alguns países procuram mais investimento em energias alternativas para reduzirem a sua dependência dos hidrocarbonetos.
O norte de África ilustra bem este problema, com economias dependentes das exportações de matérias-primas energéticas, mas regra geral apresentam crescimento lento e desemprego elevado. A Argélia e a Líbia, em particular, foram atingidas pela queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais e, no caso líbio, também pela guerra civil. Marrocos é um caso à parte. Pobre em matérias-primas energéticas, este país tem uma economia diversificada, baseada na agricultura, com uma industrialização crescente, turismo e condições para desenvolver energia solar.
Ainda no norte de África, os números do Fundo Monetário Internacional revelam problemas, sobretudo a balança de pagamentos deficitária na Argélia (média anual negativa de 10% do PIB entre 2013 e 2017), e um crescimento per capita médio, no mesmo período, de apenas 1% no caso argelino, em comparação com 2,3% em Marrocos. As elevadas taxas de desemprego, nomeadamente jovem, parecem indicar a necessidade urgente de diversificação económica, tendência que exige estabilidade política e aumento significativo do investimento direto.
Após anos de intensa luta política, o Egito estabilizou e a sua economia está a reagir de forma positiva, crescendo anualmente acima de 5%, ao passo que o desemprego tem caído para menos de 8%. Em 2019, o Egito foi o principal destino africano do investimento internacional, num total de 7,5 mil milhões de euros, refletindo a confiança dos investidores nas reformas que o país tem levado a cabo, sobretudo a reforma fiscal e a redução dos subsídios aplicados aos combustíveis. Além de petróleo e gás, houve forte investimento em telecomunicações, turismo e imobiliário.
O êxito egípcio deve-se em grande parte ao gás natural, indústria que se encontra em franco desenvolvimento. O Egito é já o segundo maior produtor deste combustível em toda o continente africano e as suas reservas serão suficientes para décadas de exploração. As descobertas são recentes e mudaram a própria sociedade: ainda recentemente, a energia tinha de ser importada a custos que sufocavam a economia, e havia constantes falhas de abastecimento elétrico, o que desencorajava a industrialização.
A exploração de gás natural e petróleo permitiu maior equilíbrio orçamental e deu origem a um surto de investimento externo, incluindo em novas fontes energéticas. A sul do Cairo está a ser construído o maior parque solar do mundo e, já neste ano, 20% da energia consumida pelos egípcios terá origem em fontes renováveis.
Tudo isto exigiu enorme esforço financeiro e agravou o maior problema da economia egípcia, que continua a ser a dívida elevada, superior a 90% do PIB, embora a mesma não impeça a existência de excedente primário (1,9% do PIB no ano passado). Segundo o Banco Mundial, a dívida é a maior vulnerabilidade africana. Beneficiando de taxas de juro baixas, e num contexto de crescimento lento, muitos países contraíram dívidas em excesso ao longo da última década e o seu pagamento sobrecarrega os orçamentos, deixando pouco dinheiro disponível para investir na educação, na saúde ou no combate à pobreza.
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