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Emigração decide hoje principal partido da oposição

Socialistas não acreditam em milagres e já interiorizaram que os votos da emigração colocarão o Chega com mais mandatos. Empate será desfeito esta quarta-feira quando estiverem contabilizados os mais de 300 mil votos que chegaram dos círculos da Europa e Fora da Europa, e os quatro mandatos forem distribuídos. PS e PSD dividiram durante duas décadas estes mandatos, mas em 2024 o Chega acabou com esse bipartidarismo ao eleger dois deputados. Este ano, tudo leva a crer que os ventos continuam a soprar a favor de André Ventura. Presidente da República volta a ouvir PSD, PS e Chega na quinta-feira.
Elementos da Comissão Nacional de Eleições (CNE) fazem a contagem dos votos dos emigrantes portugueses, que decidirão qual o segundo partido mais votado nas últimas eleições legislativas em Portugal, na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa, 27 de maio de 2025. TIAGO PETINGA/LUSA
28 Maio 2025, 07h00

Partido Socialista (PS) ou Chega? Se tudo correr sem incidentes, ficará decidido esta quarta-feira quem é a segunda maior força política em Portugal e, por conseguinte, o principal partido da oposição, após a contagem dos votos dos círculos da Europa e Fora da Europa. Os quatro mandatos escolhidos pelos emigrantes portugueses são determinantes para definir o quadro político resultante das eleições legislativas do passado dia 18, que ditaram a vitória da Aliança Democrática (AD) e deixaram PS e Chega empatados com 58 deputados.

Ao longo das últimas duas décadas, PS e PSD dividiam os mandatos resultantes dos votos da emigração, mas nas legislativas de 2024 isso mudou, com o Chega a eleger um deputado em cada um dos círculos, enquanto a AD e os socialistas elegeram um mandato cada. Embora se diga que “até ao lavar das cestas ainda é vindima”, no Largo do Rato já não há esperança.

“Ninguém no PS acredita num bom resultado nestes círculos. Tenho até dúvidas sobre a eleição de um deputado pelo círculo da Europa, como sucedeu no ano passado”, diz ao Jornal Económico um destacado socialista. “Os círculos da emigração nunca foram especialmente favoráveis ao PS e isso poderá ditar um número de deputados superior do Chega – que todos já esperam no PS – e, eventualmente, um número de votos diretos superior em relação ao PS”, acrescenta.

De facto, os ventos parecem continuar a soprar a favor de André Ventura. Nas primeiras 14 mesas a fechar (de um total de 150) pelas 16h00 do primeiro dia de contagem, o Chega foi o partido mais votado na maioria delas – 11 – e empatou em uma outra com a AD.

A contagem dos mais de 300 mil votos destes círculos eleitorais decorre na Feira Internacional de Lisboa (FIL) desde terça-feira e deverá ser concluída esta quarta-feira, com os resultados finais a serem conhecidos após as 17 horas. Até essa hora, votos ainda podem chegar, tornando difícil apontar uma hora exata para a finalização da contagem, explicou ao JE o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), André Wemans.

“Está a correr tudo bem, dentro da normalidade”, acrescentou o responsável a meio da tarde de ontem, assinalando ter recebido a indicação de alguns votos nulos (mas sem conseguir quantificar) devido a “ausência ou problemas na fotocópia do documento de identificação”, sublinhando, no entanto, o desejo de que esse número seja menor do que em atos eleitorais anteriores.

Uma vez apurados os votos, os resultados finais deverão ser publicados no Diário da República, na sexta-feira ou no sábado, conforme indicado pelo responsável.

Logo na quinta-feira, após os resultados da emigração serem conhecidos, o Presidente da República irá ouvir novamente o PSD, o PS e o Chega, durante a tarde, e indigitar o primeiro-ministro “logo que possa”.

“Vou ouvir primeiro os três partidos. Se eu tiver condições para logo nesse dia fazer sair uma nota de indigitação, faço”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa na segunda-feira, em resposta aos jornalistas, à saída do Convento do Beato, em Lisboa. As audiências desta segunda ronda, indicou o chefe de Estado, ocorrerão às 15h00, 16h00 e 17h00 de quinta-feira.

Questionado se tenciona receber José Luís Carneiro, candidato a secretário-geral do PS, o chefe de Estado respondeu: “Eu vou falar com a delegação que vier do PS; quem escolhe são eles”.

É importante lembrar que o Presidente da República avisou, ainda antes das eleições, que só daria posse a um governo que tivesse garantias de não cair na primeira oportunidade. Depois de ouvir os partidos em Belém na semana passada, Marcelo ficou confiante de que será possível ter estabilidade, pelo menos até 2026.

Nas declarações desta segunda-feira, assinalou estar “a trabalhar para haver estabilidade” durante os quatro anos da legislatura, ou seja, para além do seu mandato como Presidente da República, que termina a 9 de março de 2025. “Estou a trabalhar para que a estabilidade dure para além disso, mas para já é muito importante o arranque”, afirmou.

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