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Empresários, académicos e médicos pedem a Marcelo e Costa que imponham uso obrigatório de máscaras

Numa carta enviada às mais altas figuras do Estado português, um conjunto de personalidades da sociedade portuguesa aponta que “Portugal precisa de, tão rápido quanto possível, reinventar e ajustar rotinas tendentes ao regresso a uma certa normalidade reinventada”, indicando que só dessa forma a economia nacional poderá ter “uma recuperação acelerada”.
Adriano Machado/Reuters
13 Abril 2020, 10h48

Os empresários, gestores, professores universitários, médicos e enfermeiros portugueses apelam a uma gradual reiniciar da atividade económica nacional e à criação de medidas que permitam controlar uma eventual segunda vaga do surto epidemiológico do novo coronavírus em Portugal, de acordo com uma carta enviada ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao primeiro-ministro, António Costa, a que o Jornal Económico teve acesso esta segunda-feira, 13 de abril.

As personalidades que subscreveram a missiva, enviada também ao Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, dizem que “não é possível suspender a atividade económica até que não exista qualquer risco de contágio”. Por isso, propõem uma série de medidas como o uso generalizado de máscaras e das novas tecnologias para controlar uma eventual nova vaga da Covid-19.

“O nosso modelo de sociedade não suportaria uma espera tão prolongada. Mas também consideramos que seria uma atrevida inconsciência retomar a atividade sem adotar cuidados adicionais que garantam que não teremos um ressurgimento a curto e médio prazo”, argumentam.

O apelo de 159 personalidades incluindo gestores ligados à indústria, à cultura e ao turismo, aponta, ainda, para a necessidade de criar uma alternativa “a novos períodos de lockdown – que se apresentam como um modelo cego e com impacto na economia de um país”. Na carta apontam-se os exemplos de países como o Japão ou Singapura, com os subscritores a afirmarem ser possível manter a economia em funcionamento medidas de isolamento social ou de suspensão das atividades económicas e, em simultâneo, conter a propagação do novo coronavírus.

Além do uso obrigatório de máscaras por parte de toda a população, este conjunto de personalidades sugerem:

  • diagnóstico precoce de Covid-19 testando todos os casos suspeitos num prazo máximo de 24horas desde a manifestação dos sintomas, bem como a massificação da utilização de testeserológicos na população em geral;
  • para cada caso positivo, e sob a supervisão da comissão de proteção de dados, solicitação,pelas autoridades de saúde aos operadores de redes móveis, da lista dos cidadãos que terãosido potencialmente expostos a risco de contágio, nos 14 dias anteriores à realização do teste entretanto confirmado positivo. Os delegados de saúde deverão notificar (“SMS” ou contactotelefónico) cada cidadão em risco e consequentemente emitir um “certificado de isolamento profilático de 14 dias”, à semelhança do que já hoje é praticado;
  • isolamento obrigatório de todos os casos confirmados (positivos);
  • utilização de equipamento de proteção individual que confere proteção máxima para todos osprofissionais de Saúde seja em zona Covid-19 seja em zona não-Covid-19 para evitar contágio de profissionais por doentes Covid-19 que não se enquadrem na definição de caso suspeito em vigor;
  • capacitação de profissionais de saúde e de grupos específicos (em escolas / empresas);
  • disponibilização de solução de base alcoólica em locais públicos com dispensador“contactless”;
  • manutenção de todas as medidas de distanciamento social que não tenham impactoeconómico, tais como o regime de teletrabalho sempre que possível;
  • ponderação individual do “phase-out” de cada medida de “lockdown”;
  • A decisão de abertura, consubstanciada, em qualquer circunstância, num plano integrado adesenvolver e que passará por efetivar novos investimentos no SNS, reforçar a economia,potenciar o nosso tecido produtivo nacional, salvaguardar o nosso sistema de ensino, garantira segurança interna, para além das medidas de contenção da epidemia que a cada momentose considerem necessárias.

Os subscritores salientam que “Portugal precisa de, tão rápido quanto possível, reinventar e ajustar rotinas tendentes ao regresso a uma certa normalidade reinventada”, indicando que só dessa forma a economia nacional poderá ter “uma recuperação acelerada”.

Entre as personalidades que subscrevem a missiva, encontram-se os nomes os presidentes executivos da Altice, Alexandre Fonseca, da Vodafone, Mário Vaz, e da NOS, Miguel Almeida, bem como do embaixador e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros António Martins da Cruz e do atual secretário-geral da Apritel e antigo ministro da Segurança Social, Pedro Mota Soares.

O empresário Marco Galinha, que detém o Grupo BEL (acionista do Jornal Económico com 35%), também assina esta carta dirigida ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.

O presidente da CIP, António Saraiva, do presidente da Câmara de Comercio e Indústria Portuguesa, Bruno Bobone, e do secretário-geral da central sindical UGT, Carlos Silva também constam na lista de subscritores.

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