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Empresas de vários sectores mostram as suas práticas mais sustentáveis

No Fórum de líderes do Especial Economia Circular, responsáveis de algumas das principais empresas nas suas áreas de atividade explicam ao Jornal Económico o que o que estão a fazer para acelerar a circularidade da economia.
12 Fevereiro 2023, 09h30

O debate está lançado e faz-se com base em duas perguntas: 1. Qual o compromisso da vossa empresa/instituição com a economia circular? 2. Quais as metas já atingidas e as que ambiciona atingir este ano? Os líderes de algumas das principais empresas dos sectores da água, indústria, infraestruturas, distribuição e telecomunicações, entre outras, respondem ao Jornal Económico com metas, estratégias e iniciativas que estão a levar a cabo no âmbito da circularidade da economia.

 

Nuno Brôco
Presidente da AdP VALOR

A circularidade da água é-lhe intrínseca, pelo cariz renovável do recurso, mas também como vetor de recursos passiveis de reutilização, tendo a AdP um importante papel na circularidade, pelo tratamento das águas residuais e sua devolução ao ambiente em condições para outros usos, promovendo a circularidade da água, da matéria orgânica, de nutrientes e outros materiais de forma sustentável.

Neste contexto, surgem novas oportunidades para a inovação, digitalização e implementação de novos modelos de negócio circulares suportados por competência técnica que a AdP VALOR procura impulsionar no âmbito da sua missão de aceleração da inovação e da economia circular no Grupo Águas de Portugal.

O Grupo produz água para reutilização que pode ser usada para fins compatíveis como regas e lavagens, para a produção de hidrogénio verde, entre outras aplicações, sendo significativo o potencial de crescimento desta área de negócio, que contribui para a adequada gestão da água num contexto de alterações climáticas.

No que respeita à valorização de lamas, produzimos mais de 350 mil toneladas de lamas por ano nas instalações das empresas do Grupo tendo por destino a agricultura e setores industriais como o cerâmico. O objetivo é irmos mais longe e, a curto prazo, colocarmos no mercado produtos de valor acrescentado para diversos setores, com destaque para os biofertilizantes para agricultura.

Temos ainda iniciativas que visam promover a circularidade na construção das infraestruturas, com a integração de materiais recuperados dos nossos processos de tratamento (areias e inertes), e de produção de energia a partir do biogás de ETAR, essencial para atingirmos a meta da neutralidade energética até 2030.

A circularidade necessita, além da tecnologia, da agilização da oferta/procura, pelo que em 2023, estamos a apostar num processo de digitalização destas interfaces, ao nível do e-commerce e forte inovação em produtos e processos circulares.

 

José Furtado
Presidente do Grupo Águas de Portugal
A água é circular por natureza, em diferentes estados físicos, sendo usada e reutilizada continuamente.

Esta circularidade natural constitui uma premissa na gestão do ciclo urbano da água pelo que determina a atuação do Grupo Águas de Portugal desde a sua génese, com maior ênfase na atualidade para dar resposta aos enormes desafios ambientais e societais que enfrentamos.

Efetivamente, o incremento da circularidade na utilização da água e a melhoria da eficiência hídrica têm uma relevância acrescida, constituindo uma boa prática de gestão da água designadamente para fazer face ao aumento da frequência e intensidade de períodos de secas e há tendência crescente de e escassez de água em algumas regiões do país.

Neste contexto, destaco a produção de água para reutilização (ApR) e valorização de subprodutos resultantes dos processos de tratamento das águas, de que são exemplo as lamas e nutrientes, e o aproveitamento energético dos ativos e dos recursos endógenos para produção de energia verde.

A adoção de modelos de valorização da cadeia de valor das nossas operações, transformando os resíduos em novas matérias-primas, permite-nos capitalizar o nosso elevado potencial no domínio da sustentabilidade e concretizar o nosso propósito de fazer a diferença na vida das pessoas.

 

Vítor Hugo Gonçalves
CEO da Sociedade da Água de Monchique
A Sociedade da Água de Monchique (SAM) está assumidamente comprometida com a economia circular desde há largos anos. Desde 2020 que incorporamos na composição de todas as nossas embalagens 30% de rPET. Esta introdução permitiu dar uma nova vida a 290 toneladas de garrafas usadas e evitar a libertação de 290 toneladas de plástico virgem no ambiente. Este rácio de incorporação cumpre já a regulamentação da União Europeia prevista para 2030.

A eliminação do consumo de plástico retrátil na tara de cinco litros é, também, um objetivo estratégico que permite poupar cerca de 25 toneladas por ano, desde 2020. A redução em mais de 16% do peso do plástico do garrafão é outra medida adotada que representa uma poupança de 174 toneladas de plástico virgem.

A “oferta” ao mercado da primeira garrafa de água portuguesa produzida integralmente a partir de plástico reciclado – a Monchique Sport 100% ECO – permitiu dar uma nova vida a 32 toneladas de garrafas velhas (rPET). Uma embalagem 100% reciclada e integralmente reciclável.

O lançamento do Ecopack Monchique, uma inovadora embalagem familiar de 10L, produzida utilizando menos 63% de PET, quando comparado com a quantidade de PET necessário para produzir dois garrafões de 5L, 100% reciclável, é mais um exemplo da inovação ao serviço da economia circular.

O consumo exclusivo de energia verde proveniente de fontes renováveis e a capacidade de geração de energia fotovoltaica para autoconsumo, na ordem dos 15%, é mais um importante contributo nesta “luta” pela neutralidade carbónica.

Em 2023 apresentaremos o nosso primeiro relatório anual ESG, onde demonstraremos as nossas diferentes ações e metas a atingir em termos de sustentabilidade. A SAM integra ainda o Pacto Português para os Plástico e é cofundador do Porto Protocol. Recentemente associou-se ao Electrão, estabelecendo uma parceria que visa a recolha, encaminhamento e a correta gestão dos resíduos colocados no mercado pela empresa.

A forma como entendemos o conceito de economia circular ultrapassa o âmbito das ações de gestão de resíduos e de reciclagem. Digitalizar, inovar e monitorizar: é este o segredo para otimizar rotas logísticas, gerir necessidades energéticas, ganhar eficiência e, assim, poupar o ambiente.

 

Ingrid Falcão
Responsável de Sustentabilidade da Tetra Pak Ibéria
A Tetra Pak tem como compromisso a promoção de uma economia circular com baixas emissões de carbono, com o objetivo de que todas as embalagens para alimentos e bebidas sejam recolhidas e recicladas.

Como tal, temos vindo a trabalhar no desenvolvimento de soluções que vão ao encontro deste propósito o que nos permitiu alcançar os seguintes marcos: substituição dos materiais de fontes finitas por materiais renováveis de origem vegetal; cartão certificado pelo Forest Stewardship Council® (FSC®); pioneiros na utilização de polímeros de origem vegetal, provenientes da cana-de-açúcar, certificados pela Bonsucro; lançamento das primeiras embalagens de cartão para alimentos líquidos com tampa unida para evitar que acabem dispersas no meio ambiente; validação comercial da barreira alternativa para substituir a película de alumínio das embalagens asséticas; redução das emissões de Gases com GEE em 36%, em 2021; e trabalhamos em diferentes iniciativas para continuar a aumentar a taxa de reciclagem das nossas embalagens em Portugal, garantindo que as embalagens da Tetra Pak são colocadas no ecoponto amarelo e devidamente recicladas.

Estas mudanças e avanços ajudam a reduzir as emissões de GEE e a proteger a biodiversidade e os ecossistemas naturais. Contudo, ainda temos um longo caminho a percorrer até alcançarmos o nosso objetivo de colocar no mercado embalagens produzidas a partir de materiais renováveis ou reciclados, de origem responsável, totalmente recicláveis e neutras em carbono.

Para já, este ano ambicionamos continuar a aumentar a reciclagem das nossas embalagens, diminuir as emissões de GEE nas nossas operações e reduzir a utilização de materiais de origem fóssil nas embalagens.

 

Marloes Ras
Co-fundadora e CFO da Madoqua Renewables
A Madoqua Renewables (Madoqua) é uma empresa luso-holandesa de desenvolvimento e operação de projetos para a transição energética – produzimos químicos e gases verdes, a partir do hidrogénio.

O hidrogénio é tipicamente produzido a partir da gasificação do carvão e da conversão por vapor de gás natural. Trata-se de métodos de forte intensidade energética que causam tremendas emissões de gases com efeitos de estufa, contribuindo para as alterações climáticas. O foco da Madoqua, pelo contrário, é produzir hidrogénio verde a partir das energias renováveis, para a produção de amónia verde e de e-metanol. Isto permitirá às indústrias reduzirem as suas emissões de carbono, atingirem os seus objetivos de sustentabilidade e aproximarem-se da neutralidade carbónica.

Os químicos verdes trazem possibilidades de aplicação muito animadoras para o desenvolvimento de químicos limpos – para a produção agrícola, para combustíveis marítimos, para produtos industriais.

O ano de 2022 foi muito bom para nós – lançámos o nosso projeto MadoquaPower2X de hidrogénio verde e amónia verde em Sines no Dia da Terra, em Abril. O projeto encontra-se atualmente na fase de engenharia e licenciamento.

Em 2023 iremos lançar oficialmente o nosso projeto Madoqua Synfuels, outro marco. Trata-se de um projeto de descarbonização de indústria hard to abate (difícil de descarbonizar), em que iremos captar CO2, combiná-lo com hidrogénio verde e produzir e-metanol. É um projeto entusiasmante, dada a sua complexidade, grau de inovação e enorme potencial de impacto.
Sem energias renováveis para a produção de hidrogénio estes projetos de amónia verde e de e-metanol não podem existir. Em 2023 continuamos o nosso foco no desenvolvimento de ativos de energia solar e eólica, para fornecer eletricidade aos nossos projetos.

 

Climénia Silva
Diretora-geral da Valorpneu
A Valorpneu nasceu, há 20 anos, para dar resposta a um problema ambiental: os pneus em fim de vida. O propósito da Valorpneu é organizar e gerir o sistema de recolha e encaminhamento dos pneus usados em Portugal, sendo hoje responsável pela recolha e valorização de 100% dos pneus anualmente gerados. Desde o início da sua atividade, a Valorpneu já tratou cerca de 157 milhões de pneus, o que em termos de responsabilidade ambiental representa uma poupança de mais de 2 700 000 toneladas de emissões de CO2 e mais de 82 milhões de GJ evitados.

Ao longo das suas duas décadas de atividade, a Valorpneu tem dado passos importantes no caminho para uma economia circular. Os pneus em fim de vida têm um enquadramento legislativo já desde 2001 que estabelece a responsabilidade alargada do produtor e existe um sistema integrado gerido pela Valorpneu que procede à sua recolha, transporte e encaminhamento para destino final de valorização, sendo que mais de 50% dos pneus são reciclados e incorporados em novos produtos. A Valorpneu e Portugal, dos primeiros países da Europa a legislar nesse sentido, têm sido uma referência neste domínio. É exemplo mais recente, o Fim de Estatuto de Resíduo, mecanismo que permite que certos materiais, em circunstâncias específicas, possam ser utilizados como produtos.

A reciclagem de pneus usados tem como produtos finais o pó e o granulado de borracha, o aço e o têxtil. O granulado de borracha tem muitas aplicações, tais como relvados sintéticos, pavimentos diversos, nas indústrias de isolamentos e da borracha e nas misturas betuminosas com borracha. O aço é vendido a empresas que reciclam metais e o têxtil é passível de valorização energética. Contudo, e apesar dos esforços e financiamento de atividades de I&D por parte da Valorpneu, não basta falar em economia circular e em sustentabilidade para que isso só por si se torne uma realidade. Em 2023 iremos continuar este caminho que temos desenvolvido ao longo destes quase 21 anos de atividade.

 

Daniel Lopes
Técnico comercial da Huber Portugal

Devido aos crescentes custos de transporte e depósito, a eliminação das lamas é uma questão chave no tratamento de esgotos. A tecnologia atual oferece várias opções de desidratação, mas, a maioria destas soluções ignora o elevado potencial energético da água tratada. O permutador de calor HUBER RoWin utiliza este potencial energético.

O principal objetivo da desidratação de lamas de ETAR é elevar o seu teor de sólidos. Com a tecnologia atualmente disponível são atingidas MS na ordem dos 30%. Neste processo são extraídos cerca de 25% de água. Esta água é devolvida à ETAR juntamente com as águas residuais e é submetida às etapas individuais de tratamento. O facto de a água separada ter uma temperatura muito elevada é geralmente desconsiderado. Devido à biologia que ocorre no digestor a uma temperatura de cerca de 36° C, este filtrado esconde um enorme potencial térmico. É possível utilizá-lo! O permutador de calor HUBER RoWin extrai e utiliza esta energia térmica da água filtrada. As bombas de calor podem ser utilizadas para aumentar a temperatura efetiva a fim de proporcionar diferentes aplicações possíveis deste método ecológico de recuperação energética.

A alta temperatura de entrada da unidade HUBER RoWin leva a coeficientes de desempenho ideais da bomba de calor. Esta circulação de energia reduz em boa parte os custos de aquecimento convencionais. A energia recuperada pode ser utilizada para aquecer os edifícios nas ETAR’s. Os custos operacionais podem ser significativamente reduzidos através da utilização de sistemas de aquecimento modernos. Cerca de 80% da energia da água filtrada pode ser recuperada se for utilizado um aquecimento no pavimento.

É possível um aumento adicional da MS das lamas desidratadas, o mercado oferece vários métodos de secagem. Estes podem ser apoiados pela energia térmica extraída destas águas, possibilitando uma redução ecológica dos custos de eliminação.

Especialmente no verão, a extração de energia não é apenas um benefício financeiro. Como a temperatura na descarga da ETAR é reduzida, o crescimento de algas é inibido com um efeito positivo na qualidade da água. Uma estação de tratamento de águas residuais não é apenas consumidora, proporciona uma boa fonte de energia. O permutador de calor de águas residuais RoWin extrai esta energia não utilizada da água tratada e desta forma representa um método de produção energética económica e ecologicamente sustentável.

 

Fernando Ventura
Head of Efficiency & Innovation Env. Projects do Grupo Jerónimo Martins
1 Numa companhia com mais de 40 anos como é o caso do Pingo Doce, existe inevitavelmente um foco no longo-prazo e um sentido de responsabilidade que vai além da prosperidade económica e dos lucros. Temos um compromisso inequívoco com a economia circular que se traduz no dia-a-dia da nossa operação e na oferta de produtos e serviços que disponibilizamos aos nossos clientes.

2 O combate ao desperdício alimentar é de extrema importância no que se refere à economia circular. Sob o lema “Combate ao desperdício em todas as frentes”, em 2021 o Pingo Doce evitou o desperdício de mais de 14.400 toneladas de alimentos através de medidas como a incorporação de legumes “feios” nas sopas feitas nas cozinhas do Pingo Doce, ou a sua transformação em legumes prontos a utilizar, os donativos alimentares e a venda com desconto em produtos prestes a atingir o limite de validade (markdown). Desde 2011, temos em curso o programa de Ecodesign, cujo objetivo é a melhoria contínua de embalagens de Marca Própria. Este programa permitiu ao Pingo Doce evitar a utilização de cerca de 24.350 toneladas de materiais de embalagens de produtos de Marca Própria e a emissão de mais de 4 mil toneladas de CO2 associadas ao transporte. Já foram reformuladas mais de 400 referências no âmbito deste programa.

Paralelamente, o Pingo Doce é o único retalhista em Portugal a disponibilizar aos seus clientes um serviço de reenchimento de água filtrada nas suas lojas – Eco Water. Desde 2018, ano de lançamento, até setembro de 2022, a Eco Water evitou o consumo de cerca de 257 toneladas de plástico de uso único.
Relativamente às metas para este ano, é importante explicar que os objetivos de responsabilidade corporativa do Grupo Jerónimo Martins, que são implementados pelas companhias, são definidos maioritariamente para períodos de três anos, tendo muitos destes objetivos sido definidos para o período 2021-2023.

 

Maria João Carrapato
Head of Investor Relations and Sustainability da NOS SGPS
A sustentabilidade é uma dimensão estratégica para a NOS, algo que se reflete ao nível das operações internas, no portefólio de produtos e serviços disponibilizados, bem como na gestão proativa da cadeia de valor, nomeadamente no que toca às relações com fornecedores e parceiros.

O compromisso assumido pela empresa é o de promover a circularidade do negócio, através da reutilização, revenda ou reciclagem de equipamentos de rede e de cliente e faz-se por duas vias: a da operação NOS, assegurando por exemplo uma elevada taxa de valorização de resíduos e da desmaterialização de processos, e também nos equipamentos dos clientes, através do aumento dos níveis de retoma, recuperação e reutilização de equipamentos, na redução de material incorporado e ainda uma contribuição ativa para sistemas integrados de reciclagem.
Ao nível da nossa operação, a taxa de reciclagem de resíduos da empresa é cerca de 98%. Num setor em que a renovação tecnológica é constante, adotamos princípios de circularidade que, sempre que possível, transformam os resíduos da nossa operação em recursos, através de reutilização e reciclagem.

São já várias as iniciativas em curso para dar resposta a esta necessidade

 

Sofia Reis Jorge
Administradora do Grupo Altri para as áreas da Sustentabilidade, Risco, Comunicação, Pessoas e Talento
O Grupo Altri tem, desde sempre, trabalhado no sentido de um desenvolvimento sustentável da sua atividade, seja pela recirculação de água no processo produtivo, ou pela cogeração que permite às unidades industriais Altri serem autossuficientes energeticamente.

Quisemos ir mais longe e assumir no Compromisso 2030 do grupo, a meta de valorizar ou reutilizar 100% dos resíduos processuais. Em 2022 foi atingida a meta de 64% de resíduos valorizados. Essa valorização tanto pode ser feita através da reintegração desses resíduos no nosso processo produtivo, como através da sua valorização noutras indústrias incluindo a substituição de matérias primas virgens por resíduos.

Um dos pilares da hierarquia dos resíduos é a sua redução, e nesse sentido, foi implantada na Celbi, na Figueira da Foz, um sistema inovador à escala global, que permite o reaproveitamento de material fibroso de granulometria fina desperdiçada no processo de produção e a recuperação de nós incozidos. Este sistema, que resultou da colaboração entre a Andritz e a Altri, não só evita o desperdício – re-incorporando estes materiais no processo de produção – como tornou a unidade mais eficiente ao reduzir o consumo específico de madeira, contribuindo dessa forma para uma economia mais circular. A valorização das lamas de carbonato, é efetuada através da sua re-incorporação nos fornos de cal da indústria da pasta, e também noutras indústrias, como: no processo de fabrico do cimento, na produção de pasta cerâmica de revestimento, e em lotes argilosos para a produção de revestimento cerâmico. Na Biotek, em Vila Velha de Ródão, reciclamos cerca de 20% do efluente tratado da nova ETARi, dada a elevada qualidade atingida, permitindo assim reduzir a captação de água. Na Caima, em Constância, encontra-se em desenvolvimento, um projeto de recuperação do ácido acético e furfural, ambos presentes nos condensados da evaporação, do qual resultarão dois produtos de base renovável que serão consumidos como matéria-prima de várias indústrias químicas. Dessa forma, permitimos uma valorização ambientalmente sustentável. Esses produtos poderão ser utilizados para a produção de solventes, tintas e revestimentos, agroquímicos, mas também para têxteis, fármacos e até para cosmética e perfumes.

 

Cátia Margarido
Head of Environment da VINCI Energies Portugal
Neste mundo em constante mudança, a VINCI Energies contribui decisivamente para a transição ambiental já que acelera todos os dias duas grandes revoluções estruturais em curso: a transformação digital e a transição energética. Acompanhando estas autênticas mudanças de paradigma, as marcas e unidades de negócio do grupo posicionam-se, em todo o mundo, no centro das decisões digitais e energéticas dos seus clientes, promovendo a confiabilidade, eficiência e sustentabilidade das suas infraestruturas e processos, ao serviço das pessoas e do planeta. Portugal não é exceção.

O compromisso ambiental é parte fundamental e indissociável da nossa prestação de serviços e soluções, assentando em três vértices de atuação: ação climática, proteção da biodiversidade e ambientes naturais, otimização de recursos através da economia circular. A pegada ecológica das nossas atividades é inversamente proporcional ao aumento da sua circularidade. Quanto mais formos capazes de repensar uma compra, reduzir, reutilizar, recondicionar, reciclar e doar, mais alargada será a vida útil dos nossos produtos e equipamentos e, em última instância, dos serviços que estamos a disponibilizar. É nesse awareness que temos trabalhado com as nossas equipas para que estas possam potenciar ações concretas nos seus projetos, escritórios, instalações e estaleiros.

As metas definidas pelo grupo para o vértice de Economia Circular foram: tratar 100% dos resíduos perigosos e valorizar 80% dos resíduos inertes, perigosos e não-perigosos. Os números apurados na VINCI Energies Portugal (último relatório de sustentabilidade) somam mais de 90%de valorização destes fluxos em 2021 e 2022.
Reconhecemos a importância que existe neste âmbito, em conhecer e analisar a nossa cadeia de valor. Aproveitando o levantamento dos nossos fornecedores carbon-intensive, de acordo com as compras realizadas ao longo do ano de 2022, estamos já a evoluir num plano de abordagem com esses stakeholders. Importa-nos confirmar se a sua ambição ambiental é coerente com a nossa, e mobilizá-los para a adoção de soluções conjuntas de redução da pegada carbónica e de aumento de circularidade.

 

Otmar Hübscher
CEO da SECIL
A Secil tem bem definidas as suas metas no que respeita à sustentabilidade, que têm como objetivo reduzir a pegada carbónica em toda a sua cadeia de valor. Neste contexto, a economia circular é uma das apostas da Empresa.

Há mais de 20 anos que a Secil é pioneira em matéria de eficiência energética, porque os cimentos têm um consumo relevante de energia térmica e elétrica. A empresa tem vindo sempre a apostar na eficiência energética nas suas instalações e equipamentos, com especial relevância no uso de combustíveis alternativos. Por outro lado, temos implementadas medidas de redução e reutilização de água.

No transporte, minimizamos os impactos e otimizamos a logística de distribuição com recurso a plataformas digitais e a privilegiamos o transporte marítimo e ferroviário. No caso específico do betão, estamos já a utilizar autobetoneiras híbridas plug-in. No produto, minimizamos o impacto através da redução da intensidade carbónica do clínquer. Salientamos que todo o betão é totalmente reciclável no final do seu ciclo de vida, ou seja, pode ser triturado e reutilizado de novo no processo como matéria-prima secundária, sem emissões de CO2 adicionais. Podemos aproveitar infinitamente o betão, tem total circularidade.

A Secil assumiu junto da SBTi o compromisso de alinhamento com a trajetória definida pela ciência de limitar, até 2030, o aumento da temperatura média global a 1,5ºC. Nesse sentido, temos vindo a implementar um conjunto de iniciativas, como é o caso do Betão Verdi Zero, o primeiro betão neutro em carbono de Portugal. A conceção deste produto promove a economia circular, através da incorporação de 24% de resíduos reciclados, pressupondo uma menor utilização de recursos naturais. Além do betão Verdi Zero, a Secil tem em curso a modernização da sua fábrica do Outão, em Setúbal, designado CCL – Clean cement Line, que irá torná-la na unidade cimenteira mais sustentável da Europa.

 

 

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