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Encerramento de estabelecimentos em Santos este fim de semana “não resolve nada”, diz autarca do Bairro Alto e Cais Sodré

Segundo a representante do Bairro Alto e Cais Sodré “mesmo durante o período do confinamento, quando nenhuma Junta de Freguesia autorizava arraiais, nem autorizava equipamentos que permitiam ajuntamentos, a Junta da Freguesia da Estrela foi a única que autorizou”. Carla Madeira também destacou ao Jornal Económico que a medida apenas se aplica no fim de semana das eleições autárquicas, quando a decisão poderia ter sido tomada antes.
23 Setembro 2021, 18h10

Após reunião do presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton, com os empresários da zona de Santos, foi decidido, que entre quinta-feira a domingo, os estabelecimentos vão fechar às 23h00.

Carla Madeira, presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, disse ao Jornal Económico (JE) que a medida “não resolve nada” no que diz respeito aos ajuntamentos.

“O que é preciso é controlar os ajuntamentos no espaço público. Encerrar os estabelecimentos às onze da noite naturalmente que não resolve nada. É preciso é criar condições para que os ajuntamentos não ocorram”, afirmou Carla Madeira ao JE.

Em declarações à agência “Lusa”, Luís Newton referiu que “a forma mais fácil de criar essas condições [de segurança] é assegurar o encerramento dos estabelecimentos a partir de uma hora anterior a esses ajuntamentos. [Os empresários] disponibilizaram-se a fazer um [teste] piloto, para experimentar esta intervenção que só faz sentido ocorrer se contar com o envolvimento da PSP e assim facilitar a sua ação, no âmbito da manutenção da ordem pública e para evitar ajuntamentos”, disse o autarca.

Segundo Luís Newton, a junta decidiu avançar com a medida de forma a criar condições para apoiar o trabalho da Polícia de Segurança Pública (PSP) e assegurar que não há “ajuntamentos a partir das 2h”.

No domingo, 19 de setembro, um homem foi esfaqueado ao início da manhã na zona de Santos.

Freguesia da Estrela a “corrigir erros do passado”

No entanto, na perspetiva da presidente da Junta de Freguesia do Cais Sodré e Bairro Alto, Vitorino Damásio, apenas está a tentar corrigir um erro que foi criado na zona de Santos. “Mesmo durante o período do confinamento, quando nenhuma junta de freguesia autorizava arraiais, nem autorizava equipamentos que permitiam ajuntamentos, a Junta da Freguesia da Estrela foi a única que autorizou uma série de esplanadas e arraiais naquela zona, temos o exemplo do arraial da Iniciativa Liberal, que decorreu ali com autorização da Junta de Freguesia da Estrela e que foi o principal causador que temos [para os ajuntamentos]”.

Portanto, o que a Junta de Freguesia da Estrela está a fazer é a tentar resolver o problema que ela própria criou”, considerou Carla Madeira, acrescentando que “as juntas de freguesia são responsáveis pelo licenciamento no espaço público, não dos estabelecimentos o que significa que as juntas de freguesia não têm competência para autorizar o horário de abertura ou de fecho de estabelecimentos”.

Quando questionada sobre se a decisão da Junta de Freguesia da Estrela poderia aumentar os ajuntamentos no Cais Sodré e Bairro Alto, Carla Madeira frisou que devido ao aumento de policiamento e outras medidas as pessoas acabaram por se deslocar ainda mais para a Zona de Santos. “É preciso fazer aquilo que por exemplo fazemos nos ‘pontos negros’. Nós identificamos estes pontos negros [zonas com maior probabilidade de ajuntamentos] e decidimos que as esplanadas tinham de encerrar às dez e meia da noite. Nos casos em que não foi cumprido a licença de esplanada foi retirada”.

Carla Madeira destacou ainda a altura em que a Junta da Freguesia da Estrela escolheu para avançar com a decisão de pedir aos empresários que encerrassem mais cedo os estabelecimentos.

“Curiosamente falo no fim de semana das eleições. Não o fez há dois fins de semana atrás, há três fins de semana atrás. Vai fazer a experiência nas eleições e não se com promete a prosseguir essa mesma política de não autorização de equipamentos que promovem ajuntamentos após o período eleitoral. Que era isso que os moradores da zona de Santos gostariam de ouvir”, apontou.

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