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Erro nos preços-alvo em 2018: BCP lidera nas recomendações de “Vender” e CTT nas recomendações de “Comprar”

Apenas nos casos da Altri, Cofina, EDP, Impresa, Mota Engil e Novabase foram emitidas mais recomendações “Vender” do que “Comprar”. Por outro lado, os BPI, EDP Renováveis, Ibersol, Semapa, Sonae, Sonae Capital, Sonaecom, Sonae Indústria e Ramada não foram alvo de qualquer recomendação “Vender”. Nas Ibersol, Navigator, Semapa, Sonae, Sonae Capital, Sonae Indústria e Ramada o número de recomendações “Comprar” foi superior à soma de recomendações “Manter” e “Vender”, revela a CMVM.
  • Cristina Bernardo
24 Abril 2019, 18h59

O erro de previsão relativamente aos preços-alvo nas recomendações “Vender” foi mais elevado no BCP, registando-se maior capacidade de acerto nos preços-alvo da REN. E a EDP Renováveis apresenta o menor erro de previsão no que respeita às recomendações “Comprar”, sendo os CTT o título em que esse erro foi mais elevado. Esta é uma das conclusões do Relatório Anual de Supervisão da Atividade de Análise Financeira de 2018, emitido pela CMVM.

O relatório começa por concluir que a Galp Energia é a empresa do PSI 20 com mais recomendações de compra (31) e com mais recomendação de manter (41) e é a segunda com mais recomendação de venda (10), logo a seguir à EDP (15). A empresa liderada por António Mexia está em segundo lugar nas recomendações para manter as ações (35), seguida da sua subsidiária EDP Renováveis (27).

A Jerónimo Martins em 2018 teve 20 recomendações de compra, e foi a segunda do PSI 20 a ter mais recomendações nesse sentido. Muito acima dos terceiros títulos mais recomendados que foi o da REN (11); Navigator (11); e EDPR (11).

Para vender, a Altri com 9 recomendações é a terceira do ranking.

No total a Galp, a Jerónimo Martins e a EDP foram as que mais recomendações de analistas tiveram (independente do sentido).

No PSI 20 as empresas receberam 164 recomendações de compra; 220 de manter e 69 de vender. Num total de 453 recomendações emitidas em 2018.

A EDP, EDP Renováveis, Galp Energia e Jerónimo Martins tiveram a cobertura de mais de 20 intermediários financeiros. Diz o relatório que revela ainda que 58% dos relatórios versavam sobre cinco títulos.

Face ao período homólogo, entre outubro 2017 e setembro 2018 assistiu-se à descida da percentagem de recomendações “Comprar” e em contraponto ao aumento das de “Manter” e “Vender”. No entanto, em cada 100 recomendações apenas 15 são de “Vender”.

Apenas nos casos da Altri, Cofina, EDP, Impresa, Mota Engil e Novabase foram emitidas mais recomendações “Vender” do que “Comprar”. Por outro lado, BPI, EDP Renováveis, Ibersol, Semapa, Sonae, Sonae Capital, Sonaecom, Sonae Indústria e Ramada não foram alvo de qualquer recomendação “Vender”. Nas empresas Ibersol, Navigator, Semapa, Sonae, Sonae Capital, Sonae Indústria e Ramada o número de recomendações “Comprar” foi superior à soma do número de recomendações “Manter” e “Vender”.

Por um lado, na Goldman Sachs e no Haitong a recomendação “Manter” representou mais de metade das recomendações emitidas. Por outro, na Caixa BI e na JBCapital Markets as recomendações “Comprar” foram iguais ou superiores a 60% do respetivo total. É ainda de destacar que o Haitong e a JBCapital Markets não emitiram quaisquer recomendações de “Vender” e que a Intermoney e a Goldman Sachs tiveram uma maior proporção de recomendações de “Vender” face às de “Comprar”.

Entre outubro 2017 e setembro 2018 foram identificados 453 relatórios de research, produzidos por 34 intermediários financeiros sobre 23 títulos (mais dois títulos que no período homólogo anterior), diz a CMVM.

Intermoney saiu de Portugal em 31 de dezembro de 2018

Três intermediários financeiros deixaram de produzir relatórios (Banco Sabadell, Bryan, Garnier & Co e Tudor Pickering Holt & Co (TPH)) e um (Investec) retomou (embora de forma residual) a cobertura de títulos admitidos à negociação na Euronext Lisbon. Treze intermediários financeiros diminuíram a respetiva produção de relatórios de análise financeira face ao período homólogo anterior e, ao invés, 22 aumentaram o número de relatórios.

O BPI, Caixa BI, JBCapital Markets, Haitong e Intermoney (que entretanto saiu de Portugal em 31 de dezembro do ano passado) produziram relatórios sobre um maior número de títulos, enquanto sete intermediários financeiros apenas produziram relatórios sobre um único emitente. Cerca de 4 em cada dez relatórios foram emitidos por seis intermediários financeiros (50% no ano anterior).

No que respeita à emissão de recomendações por título, foi retomada a cobertura da Ramada e da Sonae Indústria, o que não se tinha verificado nos últimos dois anos. Quer no caso dos intermediários financeiros quer no caso dos títulos os valores obtidos na análise (respetivamente 486 e 924) são indicativos de uma baixa concentração na emissão de recomendações. Estes valores são inferiores aos calculados para o período homólogo anterior no caso dos intermediários financeiros (594) mas superiores (902) no caso dos títulos.

Efeito da emissão de recomendações de investimento sobre a cotação das ações 

Aqui a CMVM avalia o efeito de curto prazo da emissão de recomendações de investimento sobre a cotação das ações. “Em termos agregados, recomendações de comprar (vender) são seguidas de retornos anormais acumulados positivos (negativos)”, diz a CMVM que acrescenta que o retorno anormal (efetivo) referente à data de divulgação foi de 0,64% (0,74%) para as recomendações de comprar e de -0,95% (-0,98%) para as de vender.

“As recomendações de vender (comprar) foram acompanhadas de uma rentabilidade anormal [Por comparação com uma carteira diversificada com o mesmo risco sistemático] de -1,01% (1,41%) em termos cumulativos entre a data da divulgação da recomendação de vender (comprar) e as cinco sessões de negociação subsequentes e os retornos efetivos acumulados totalizaram -1,69% (1,49%) para o mesmo tipo de recomendações”, lê-se no relatório.

A análise por título revela que o impacto das recomendações de comprar foi superior na EDP Renováveis. Assim, nas seis sessões de negociação após a divulgação da recomendação de comprar (incluindo o dia da divulgação) estas ações valorizaram, em média, 1,4% (1,2% por comparação com uma carteira diversificada com o mesmo risco sistemático). Quanto às recomendações de vender, os títulos da Jerónimo Martins desvalorizam -1,6% (-1,5% por comparação com uma carteira de títulos diversificada com o mesmo risco sistemático), diz a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.

Por fim, a CMVM investigou o impacto das recomendações por intermediário financeiro. “Foram considerados os intermediários financeiros que emitiram treze ou mais recomendações de comprar e seis ou mais recomendações de vender”, lê-se no relatório. Quando considerado o horizonte temporal que inclui as cinco sessões de negociação após a emissão da recomendação de comprar, as recomendações do JBCapital Markets foram acompanhadas de retornos anormais acumulados superiores a 3%. No caso das recomendações de vender, as emitidas pelo BPI foram seguidas de retornos anormais acumulados próximos de -5,6%.

Além do impacto sobre as cotações, as recomendações de investimento podem também produzir efeitos na negociação. “Com efeito, se a informação contida nos relatórios de análise financeira alterar as expetativas dos investidores poderá ocorrer um aumento do volume de negociação”, diz a CMVM que analisa aqui a rotação do capital que corresponde ao rácio entre o volume de negociação e a quantidade admitida à negociação.

No dia da divulgação da recomendação verifica-se um aumento médio de 0,06 pontos percentuais da rotação de capital: considerando apenas as recomendações de vender e comprar, a rotação de capital é superior em 0,05 (0,03) pontos percentuais, mas as recomendações neutrais (isto é, de manter) exerceram maiores efeitos na negociação. Nos dias de negociação subsequentes existe uma queda acentuada da atividade de negociação, conclui o regulador.

“Tendo por base valores padronizados, que permitem aferir a materialidade do impacto das recomendações na negociação, observa-se um aumento da rotação de capital na data de divulgação da recomendação, equivalente a 46% do desvio-padrão desta variável nos 60 dias anteriores”, diz a CMVM. Esse impacto é justificado pelo efeito das recomendações de vender e manter (77% e 57% do desvio-padrão), já que o impacto das de comprar aparenta ser residual (19% do desvio-padrão). Nos dias subsequentes, o impacto dilui-se para todas as tipologias de recomendação.

Em resumo, a emissão de recomendações de investimento parece produzir efeitos limitados sobre a atividade de negociação em Portugal. Sendo, em termos agregados, positivo na data da divulgação da recomendação, este impacto é pouco persistente: além de residual, esse efeito parece cingir-se à data da divulgação da recomendação, conclui a CMVM.

Concordância entre analistas nas recomendações

A EDP Renováveis apresenta a maior concordância entre os analistas no período em análise (Galp Energia no período homólogo anterior), enquanto a REN foi o título em que existiu menor concordância.

No caso dos intermediários financeiros, a maior concordância verifica-se no BPI (JP Morgan no período homólogo anterior) e a menor na Kepler Cheuvreux (BPI no período homólogo anterior).

Em 2018 houve um aumento na concordância ao nível das recomendações emitidas.

O potencial de valorização implícito nas recomendações de investimento foi mais moderado em 2018 e situou-se em nível inferior ao de anos anteriores, refere ainda o estudo.

Um pouco menos de uma em cada três previsões de preço-alvo foram atingidas ou superadas (uma proporção inferior à verificada no período homólogo anterior), o que ocorreu nomeadamente para projeções de preço-alvo emitidas para um horizonte temporal de 12 meses e para o final do ano civil de 2017.

O preço-alvo foi mais atingido nas recomendações “Manter”, em particular nas que tinham um horizonte temporal de 12 meses ou para o final de 2017, e nas de “Vender” quando o horizonte temporal era o final de 2018. Ao invés, em apenas uma de cada cinco recomendações “Comprar” o preço-alvo foi atingido, o que se deveu ao baixo grau de superação dos preço-alvo com horizonte temporal para o final de 2018, lê-se no estudo.

Os intermediários financeiros voltaram a ter menor grau de acerto no alcance dos preços-alvo das ações que integravam o PSI20 (28,5%, face a 50,0% nos demais títulos), situação transversal a todo o tipo de recomendações e que é fundamentalmente motivada pela diminuta precisão nas recomendações “Comprar” sobre as empresas que integram o PSI20 (20,0%, ou 42 em 200 recomendações), acrescenta o estudo.

Foi nos títulos de empresas financeiras (no ano passado foram os títulos de ‘outros setores’), e especialmente devido às recomendações “Manter” e “Comprar”, que os intermediários financeiros tiveram maior acerto nas suas previsões. Nas recomendações “Vender” o grau de precisão foi relativamente similar em todos os setores (cerca de um em cada três preços-alvo foram superados).

Nos intermediários financeiros que emitiram 5 ou mais recomendações no período em análise devem ser destacados a Kepler Cheuvreux (58,3%), o BNP Paribas (50,0%) e a Jefferies (45,5%), por terem atingido o mais elevado grau de sucesso no alcance dos preços-alvo para a totalidade das recomendações emitidas.

Diz a CMVM que nenhum destes intermediários financeiros surgiu em posição de relevo no relatório anterior, pelo que a comparação dos resultados entre os dois períodos sugere também não existir persistência ‘temporal’ de casos de sucesso entre os intermediários financeiros.

Os intermediários financeiros que emitiram um maior número de recomendações foram o BPI (94) e a Caixa BI (42), tendo o respetivo grau de sucesso no alcance dos preços-alvo sido de 14,9% e de 33,3%.

A EDP Renováveis foi o título para o qual os preços-alvo emitidos a 12 meses foram mais alcançados (50%). No período homólogo anterior tinha sido a Galp Energia, “pelo que igualmente ao nível dos títulos parece não haver persistência ‘temporal’ no acerto dos preços-alvo”, diz a CMVM.

Ao analisar as recomendações sem se considerar nem o horizonte temporal, nem a tipologia, estes resultados alteram-se de alguma forma (considerando títulos para os quais foram emitidas 10 ou mais recomendações). O título em que se verificou uma maior proporção de acerto dos preços-alvo passa a ser o BPI (82%), seguido da EDP Renováveis (54%). No período homólogo anterior tinha sido a Galp, pelo que “igualmente ao nível dos títulos parece não haver persistência ‘temporal’ no acerto dos preços-alvo”.

Ao analisar as recomendações sem se considerar nem o horizonte temporal, nem a tipologia, estes resultados alteram-se de alguma forma (considerando títulos para os quais foram emitidas 10 ou mais recomendações), e assim o título em que se verificou uma maior proporção de acerto dos preços-alvo passa a ser o BPI (82%), seguido da EDP Renováveis (54%).

Nas recomendações “Comprar”, merece destaque a Altri (comparativamente a Altri, a Galp Energia, a Jerónimo Martins e a Mota Engil no período homólogo anterior) por ter sido a única empresa em que os analistas tiveram uma proporção de alcance do preço-alvo superior a 50%. Em seis empresas o grau de precisão foi nulo nas recomendações de “Comprar”.

Já nas recomendações “Manter”, nos casos do BPI e da EDP Renováveis (Corticeira Amorim, Jerónimo Martins e Galp Energia no período homólogo anterior) a proporção de alcance dos preços-alvo foi superior a 60%. Por fim, no que respeita às recomendações “Vender”, a REN foi o título em que os intermediários financeiros revelaram maior grau de acerto (50%).

O BPI e a EDP (BPI e a Novabase no período homólogo anterior) foram os títulos com menor desvio médio entre o preço-alvo e o preço de mercado, contrariamente ao BCP e aos CTT (Mota Engil e Cofina no período homólogo anterior), títulos para os quais os intermediários financeiros denotaram menor capacidade preditiva. Estes resultados mantêm-se inalterados para as previsões de preço-alvo apenas com horizonte temporal a 12 meses.

O erro de previsão relativamente aos preços-alvo nas recomendações “Vender” foi mais elevado no BCP, registando-se maior capacidade de acerto nos preços-alvo da REN.

A EDP Renováveis apresenta o menor erro de previsão no que respeita às recomendações “Comprar”, sendo os CTT o título em que esse erro foi mais elevado. Nas recomendações “Manter”, os intermediários financeiros denotaram menor capacidade de previsão dos preços-alvo da Mota Engil e na EDP o erro de previsão foi o mais reduzido.

 

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