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Escalada das guerras arrefece entusiasmo dos investidores com descida dos juros pela Fed

A evolução positiva dos índices acionistas a nível global mostra que o mercado continua centrado na força das tecnológicas e nas expetativas de cortes de juros da Fed.
11 Setembro 2025, 07h00

As bolsas europeias terminaram a sessão entre os ganhos do IBEX de 1,29% e a queda do alemão DAX de 0,36%. A escalada de tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Europa de Leste arrefeceram o otimismo dos investidores com a descida dos juros pela Reserva Federal dos EUA na próxima semana.

O Stoxx 600 caiu 0,018% e o EuroStoxx 50 recuou 0,14%. Nas principais praças, o FTSE 100 caiu 0,19% para 9.225,4 pontos; o CAC 40 subiu 0,15% para 7.761,32 pontos. O DAX caiu 0,36% para 23.632,9 pontos. O FTSE MIB subiu 0,12% para 42.059,7 pontos e o IBEX avançou 1,29% para 15.217,5 pontos.

“Os mercados de ações europeus encerraram divididos entre os ganhos ibéricos e as perdas germânicas” e “o PSI foi impulsionado pelo grupo EDP”, revelam os analistas da MTrader.

A evolução positiva dos índices acionistas a nível global mostra que o mercado continua centrado na força das tecnológicas e nas expetativas de cortes de juros da Fed.

Algumas notícias empresariais também impulsionaram os índices europeus, com a Novo Nordisk a reagir em alta (3,68%) ao plano para cortar nove mil empregos e a Inditex a disparar 6,52% depois da dona da Zara ter estimado uma aceleração das vendas no atual trimestre.

Antecipando a reunião do BCE amanhã, quinta-feira, 11 de setembro, o Diretor de Investimento Global (CIO) de Mercados Públicos da Allianz Global Investors (Allianz GI), Michael Krautzberger, sublinha que “com a inflação em torno do objetivo e o crescimento próximo da tendência, acreditamos que o BCE deverá reiterar que a sua postura monetária se mantém adequada. Isto implica um padrão elevado para qualquer alteração de direção na política monetária. No entanto, Lagarde pode reconhecer alguma resistência interna, como já refletiam as atas de julho”.

Já a Generali defende que o BCE manterá as taxas inalteradas na próxima reunião, havendo apenas 50% de probabilidade de haver outro corte nos próximos seis meses. “A volatilidade do spread francês pode aumentar após a derrota de Bayrou no voto de confiança”, defende Mauro Valle, Head of Fixed Income at Generali AM.

“Os mercados estão a monitorizar a crise política em França após o colapso do governo do primeiro-ministro François Bayrou. Bayrou foi derrotado a 8 de Setembro num voto de confiança sobre os seus planos para reduzir o défice orçamental, envolvendo um pacote de 44 mil milhões de euros em aumentos de impostos e cortes de despesas”, adianta, por sua vez, a análise da Allianz Global Investors (AllianzGI) dedicada à atual situação política em França e ao respetivo impacto para os mercados.

O presidente francês, Emmanuel Macron, agiu rapidamente para nomear o ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, como seu novo primeiro-ministro, o quinto do segundo mandato do presidente Macron. Lecornu, um aliado próximo de Macron, enfrenta a difícil tarefa de garantir a aprovação parlamentar de um novo orçamento. Não formará governo até que as discussões estejam concluídas, informou o Palácio do Eliseu.

A Allianz GI sinaliza que com a dívida francesa a ultrapassar os 114% do PIB, a agência de notação Fitch vai anunciar, a 12 de Setembro, se baixa a nota francesa para single-A.

Apesar da turbulência, a procura por obrigações do Estado francês é robusta, com alguns investidores a considerarem o aumento das yields como um ponto de entrada atrativo.

Já Schroders, sobre os mais recentes desenvolvimentos políticos em França, diz que “dadas as expectativas, a reação do mercado tem sido bastante discreta até à data”.

“Acreditamos que isto se deve a dois fatores principais: o posicionamento já vendido do mercado em títulos do governo francês e eventos globais (aumento da confiança nos cortes de juros dos EUA após dados fracos da folha de pagamento), com os rendimentos globais em queda no dia e as contínuas preocupações orçamentais e a incerteza política que já levaram a um desempenho inferior por parte da França em relação aos seus pares da zona euro”, defende James Ringer, Portfolio Manager da Schroders.

A França já negoceia acima da curva de juros espanhola (classificação A) e está a poucos pontos base de ser negociada em linha com a curva de juros italiana (BBB), acrescenta.

“A atual precificação do mercado já mostra que os títulos do governo francês, em comparação com o rendimento ponderado pelo PIB de outros títulos soberanos da zona euro, já estão em máximos históricos”, conclui James Ringer.

 

Incerteza económica nos EUA e tensões no Médio Oriente impulsionam o ouro

O preço do ouro subiu nas primeiras negociações de quarta-feira, apoiado pelo aumento das expectativas de novos cortes nas taxas de juro da Reserva Federal e por uma maior procura de ativos de refúgio, defende Ricardo Evangelista, CEO da ActivTrades Europe.

A revisão em baixa dos números do emprego nos EUA divulgada ontem evidenciou o arrefecimento do mercado laboral, pressionando o dólar e oferecendo suporte ao metal precioso, devido à correlação inversa entre os dois ativos.

O ouro beneficia ainda da procura acrescida por ativos de refúgio, após a escalada de tensões geopolíticas.

Em Wall Street o S&P 500 terminou o dia com ganhos de 0,30% para máximos de 6.532,04 pontos, tendo durante a sessão chegado aos 6.555,97 pontos pela primeira vez. O tecnológico Nasdaq fechou nos 21.886,06 pontos, após uma subida de 0,03%. Para trás ficou o industrial Dow Jones, que perdeu 0,48% para 45.490,92 pontos.

A ajudar aos índices esteve a subida de 35,95% da Oracle, levando o fundador Larry Ellison ao pódio do mais rico do mundo, acabando com o reinado de quase um ano de Elon Musk.

Ontem foi conhecida a inflação ao produtor nos EUA que caiu 0,1% em agosto face a julho, em comparação com as expectativas de um aumento de 0,3%.

Na comparação anual, o Índice de Preços no Produtor subiu 2,6%, também abaixo das expectativas de 3,3%. Os dados preparam o cenário para a divulgação do Índice de Preços no Consumidor (IPC) na quinta-feira, o último indicador das pressões sobre os preços antes da reunião de política monetária da Fed na próxima semana.

O euro cai 0,10% para 1,1696 dólares.

Os futuros do petróleo bruto Brent e WTI registam a terceira sessão consecutiva de ganhos.

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