Os espanhóis da Capital Energy submeteram três projetos eólicos offshore a uma avaliação de impacte ambiental. Os projetos estão em consulta pública até 17 de outubro.
A companhia antecipa-se assim aos leilão de 2 gigawatts que o Governo pretende lançar até ao final do ano para a energia eólica offshore, mas garante estar preparada para alterar os seus projetos, se necessário.
A empresa apresenta-se como uma “empresa espanhola com 20 anos de experiência no desenvolvimento de projetos de energia eólica e solar em Espanha”, com sede em Madrid. Em Portugal, a empresa está presente através da Infinita Energia, com sede em Santarém. Os projetos estão em consulta pública até 17 de outubro.
O primeiro projeto é o Barlavento, com uma capacidade total de 2.400 MW, divididos em quatro lotes com 600 MW cada (40 aerogeradores de 15 MW). Este projeto fica localizado ao largo da Figueira da Foz. Cerca de 10% da energia aqui produzida destina-se à produção de hidrogénio verde, com os restantes 90% a destinarem-se à injeção na rede elétrica, segundo o estudo de impacte ambiental.
Os aerogeradores mais próximos da costa situam-se, a norte, a cerca de 51 km de Mira, e a sul, a 43 km de Quiaios.
O segundo projeto é o Caravela, central eólica offshore localizada na área ao largo de Caminha-Viana do Castelo. O projeto conta com dois lotes, cada um com 600 MW cada, com 40 aerogeradores de 15 MW, num total de 1.200 MW.
Por lote, a Capital Energy prevê que 90 MW destinem-se à produção de hidrogénio verde com os restantes 510 MW a destinarem-se à injeção na rede. O parque vai incluir duas subestações offshore.
Os aerogeradores mais próximos da costa pertencem ao “lote 1 e situam-se, a norte, a cerca de 14 km de Vila Praia de Âncora (Caminha), e a sul, a cerca de 15 km da Areosa (Viana do Castelo)”.
O terceiro projeto é o Âncora, localizado ao largo de Leixões-Vila Nova de Gaia, “encontrando-se o mesmo atualmente em fase de Estudo Prévio tendo realizado estudos tecno-económicos e de planeamento”.
Com uma área de 41 km2, a central vai contar com uma potência total de 765 MW, com 51 aerogeradores de 15 MW cada. Destes, 510 MW vão servir para injetar na rede, com 255 MW a destinarem-se à produção de hidrogénio verde.
A empresa explica que os aerogeradores mais próximos à costa ficam localizados a 36 km de Matosinhos, a norte, e a 40 km de Gulpilhares (Vila Nova de Gaia), no extremo sul.
Os projetos partilham várias vertentes. Nos três, a Capital Energy assume que quer “desenvolver no futuro outros projetos tais como a produção de H2
verde offshore, que se está a consolidar como uma das energias renováveis necessárias para a transição energética, ou a aquicultura offshore, que se está a afirmar globalmente como um importante reforço às formas tradicionais de abastecimento de pescado”.
E acrescenta que pretende “desenvolver no futuro um outro projeto visando a produção de hidrogénio (H2) verde. Este projeto irá resultar de uma aliança recentemente concretizada entre a Capital Energy e um reconhecido promotor do H2 verde offshore, estando claramente alinhado com os objetivos a nível nacional no âmbito da Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2)”.
Depois, garante que estão disponíveis para adaptar os projetos “de acordo com eventuais alterações propostas pelo Governo no âmbito do PSOEM, do PAER e dos regulamentos do leilão” para as áreas em causa.
Em termos mecânicos, nos três projetos, os aerogeradores terão uma estrutura semelhante à dos “habitualmente colocados em terra, compostos por uma torre, nacelle e um rotor de 3 pás. Será utilizada a tecnologia mais avançada à data de construção, mas prevê-se que os aerogeradores sejam do tipo Vestas V236 de 15 MW20 (ou superior), com altura do rotor ao hub de 130-140 m, e diâmetro do rotor de 236 m (área varrida de 43.742 m2)”.
A empresa explica que, para “transportar uma grande quantidade de energia elétrica por longas distâncias, de modo a minimizar as perdas elétricas e maximizar a energia transportada, é necessário aumentar a tensão de transporte”, vai criar uma subestação offshore por lote (uma estrutura semelhante a uma plataforma petrolífera).
A tecnologia escolhida será flutuante: ” estruturas do tipo semi-submersível de três colunas de aço (ou, em alternativa, betão) unidas por treliça formando um triângulo equilátero. Esta configuração permite utilizar uma das três colunas que fornecem flutuação como suporte para a base da torre do aerogerador (Figura 13). As dimensões, bem como as propriedades hidrostáticas e hidrodinâmicas deste tipo de estrutura garantem um bom
comportamento no mar, de modo a garantir a otimização da produção ao longo da vida útil da unidade e, por sua vez, do parque como um todo”.
As plataformas ficarão ancoradas ao fundo do mar, em “3-6 linhas de amarração de 600-800 m distribuídas entre as três colunas”.
“A hibridação entre estes dois tipos de projeto, isto é, eólico e H2 verde offshore, tem bastantes vantagens a nível ambiental e socioeconómico, e irá fortalecer a evidência necessária para Portugal de se promover como um país livre de emissões”. O projeto “enquadra-se claramente nos objetivos do cumprimento dos compromissos internacionalmente assumidos por Portugal relativamente às políticas de descarbonização e de transição energética. O projeto torna-se ainda mais relevante considerando o recente encerramento da central térmica de Sines e da refinaria de Matosinhos, com consequente diminuição na geração de energia, apresentando-se como uma oportunidade para cobrir a necessidade energética através da utilização da energia eólica offshore. Por outro lado, Portugal é considerado um país onde a cadeia de abastecimento está consolidada, além de ser pioneira no setor, colocando o País como uma região chave para enfrentar os desafios do futuro centrados no desenvolvimento”, conclui a empresa.
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