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Especialistas pedem calendário vacinal específico para adultos

O pneumologista e consultor da Direção Geral da Saúde (DGS), António Diniz, que falava durante um encontro em Lisboa promovido pela Apifarma-Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica sobre a vacinação ao longo da vida, teve de imediato a resposta da DGS, que está a analisar essa possibilidade.
23 Abril 2025, 19h58

O médico António Diniz, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, defendeu hoje a elaboração de um calendário específico para adultos no Programa Nacional de Vacinação (PNV), considerando que devia deixar de ser focado nas crianças.

“O sucesso do PNV é inquestionável e gostaria que não fosse sobretudo dirigido a crianças, mas que tivesse a mesma estrutura para adultos”, defendeu, sublinhando que esta seria uma boa forma de assinalar, este ano, os 60 anos do PNV.

O pneumologista e consultor da Direção Geral da Saúde (DGS), que falava durante um encontro em Lisboa promovido pela Apifarma-Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica sobre a vacinação ao longo da vida, teve de imediato a resposta da DGS, que está a analisar essa possibilidade.

Natália Pereira, chefe da equipa Unidade de Vacinas, Imunização e Produtos Biológicos da DGS avançou que está a ser feita uma “grande reformulação” do PNV, designadamente tendo em conta a vacinação ao longo da vida.

Contudo, sublinhou, “é preciso garantir a sustentabilidade das medidas, assim como a disponibilidade” afirmou a responsável, acrescentando: “não posso introduzir este ano uma vacina e no próximo ano não ter verba para ela”.

Disse que está a ser estudada a introdução de vacinas como a varicela no programa de vacinação ao longo da vida e que estão a ser desenvolvidos estudos com modelação matemática “para antecipar estudos”.

A propósito da vacinação ao longo da vida, António Luz Pereira, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, chamou a atenção para a necessidade de reforçar os meios humanos nos cuidados primários de saúde, os mais próximos da população e que conseguem, com a equipa de saúde familiar, acompanhar o utente e apostar na vacinação oportunística (quando a pessoa vai à consulta).

Alertou ainda para a necessidade de, além de meios humanos, os cuidados primários precisarem de ter garantido o abastecimento de vacinas para se poder avançar com a vacinação oportunística, alertando para alguma dispersão de ‘stock’ na última época vacinal.

“Não se pode deixar fugir a oportunidade”, afirmou.

Tanto António Luz Pereira como António Diniz levantaram a questão dos migrantes e do esforço que o sistema precisa de fazer para os abranger, protegendo assim toda a comunidade, com o pneumologista a defender que aos imigrantes que vêm trabalhar para Portugal deve ser oferecida logo à entrada uma avaliação do seu estado de saúde, percebendo nessa altura o estado vacinal de cada pessoa.

“Era possível fazer e protegíamos toda a comunidade”, afirmou.

A este respeito, a representante da DGS assumiu que o difícil é chegar a todos os migrantes – “nem todos vão aos centros de saúde” – e reconheceu a importância do programa de saúde nas escolas, para chegar a estas crianças migrantes.

Por seu lado, Ema Paulino, da Associação Nacional de Farmácias, lembrou que as farmácias são uma boa porta de entrada para a oportunidade vacinal.

“Entram 500 mil pessoas por dia nas farmácias. Em teoria, num mês, veríamos toda a população”, disse.

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