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Estudantes internacionais crescem 4,4% no ano passado

Pandemia abrandou o ritmo da mobilidade, nomeadamento dos alunos em Erasmus, mas não retirou ímpeto à internacionalização. Portugal reafirma o propósito de tornar um exportador no ensino superior.
18 Dezembro 2021, 17h00

A retoma no ensino superior parece estar à vista. “A partir dos dados que temos, 2021/22 apresentará uma recuperação da trajetória de crescimento, especialmente porque os números da mobilidade de estudantes, ao abrigo do Programa Erasmus+, por exemplo, estão a recuperar”, afirma Sandra Soares, Pró-Reitora da Universidade de Aveiro, ao JE Universidades.

O ano letivo de 2020/2021 sofreu uma quebra de 10% face ao anterior devido aos impactos da pandemia, com a redução circunscrita aos estudantes em regime de mobilidade. Isto é, aqueles estudantes que estão a frequentar o ensino superior noutros países e que viriam para Portugal para fazerem parte desse curso. Segundo Sandra Soares, os estudantes que adiaram as mobilidades estão agora a concretizá-las.

Fora da dinâmica Erasmus, nem mesmo as condicionantes impostas pela situação sanitária abrandaram o número de estudantes que vêm fazer o curso completo nas nossas universidades e politécnicos. O número cresceu 4,4% entre 2019/20 e 2020/21, segundo nos revela Sandra Soares. Razão para acreditar que o ritmo poderá acelerar, caso nada se interponha no caminho. “Com a normalização da mobilidade de pessoas, e se não houver nenhuma disrupção económica ou a imposição de restrições à mobilidade, acredito que retomaremos a trajetória de crescimento que Portugal registou na última década”, adianta a Pró-Reitora da Universidade de Aveiro.

A internacionalização do ensino superior joga-se em vários tabuleiros, sendo o da captação de estudantes estrangeiros aquele que mais tem vindo a ser trabalhado e apresenta resultados mais consolidados. No espaço de dez anos – entre 2011/2012 e 2020/2021 – o número quase duplicou. As universidades deram o primeiro passo, mas a partir de 2014, os politécnicos sairam-lhes no encalço. Desse ponto de partida até ao ano lectivo passado verifica-se um crescimento de 137%. Ainda assim, no grande mapa dos números, os politécnicos têm uma fatia de apenas 29% face aos 71% das Universidades, o que lhes dá, no entanto, uma grande margem de progressão.

No ano letivo passado estavam inscritos em Portugal 58.960 estudantes de nacionalidade estrangeira, dos quais 60% nas 16 instituições que integram a Universities Portugal. Esta iniciativa junta 16 instituições de ensino superior membros do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e foi criada para reforçar a visibilidade das instituições portuguesas e da sua oferta formativa no estrangeiro, aumentar o recrutamento de estudantes e contribuir para o crescimento da exportação de serviços na educação através de ações em mercados-alvo, além de influenciar as políticas públicas de forma a melhorar a internacionalização do ensino superior.

Paulo Jorge Ferreira, Reitor da Universidade de Aveiro, traçou este retrato na conferência Oportunidades da Transformação Digital na Internacionalização do Ensino Superior, promovida pela Portugal Universities. “Os estudantes vêm de países que têm proximidade com Portugal, seja linguística, cultural ou geográfica”, afirmou.

O Brasil é, de longe, a principal fonte emissora, fornecendo 33% do total. Seguem-se Cabo Verde (10%), Guiné-Bissau (8%) e Angola (7%). França é o país da Europa que mais alunos fornece ao ensino superior português. Em termos de crescimento, destaca-se a Guiné-Bissau, com um acréscimo superior a mil por cento, França e China, que quase duplicou.

No contexto europeu, Portugal ocupa uma posição de destaque ao nível de alunos estrangeiros provenientes da América Central e do Sul (44%) e de África (30%), ao invés dos outros países cuja mobilidade se alimenta dentro do continente. “Portugal e Espanha aparecem como principal destino europeu dos estudantes ‘outgoing’ da América do Sul, mas, em muitos casos, não são o principal destino em absoluto, o que significa que há ainda um mercado bastante importante neste contexto, particularmente para Portugal, onde a penetração sente-se quase só no caso do Brasil”, explicou Paulo Jorge Ferreira.

Se as licenciaturas são o grau com maior fatia de estudantes estrangeiros (43%), a Área Metropolitanas de Lisboa e o Norte concentram quase três quartos do total de alunos estrangeiros. Porém são as universidades do Sul que registam maior percentagem de estrangeiros no número total de alunos. Em Évora, na NOVA e na Universidade do Algarve representam perto de um quinto.

Emídio Gomes, Reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Utad) que, também integra a Universities Portugal, considerou a necessidade de acrescentar novas direções ao mapa de origem dos estudantes que nos escolhem. “Será ainda possível fazer muito no tempo que nos resta deste projeto”, adiantou.

A partir do Parc des Expositions Porte de Versailles, em Paris, onde representava Portugal, país convidado de honra, do Salon Européen de l’Education, João Sobrinho Teixeira, secretário de Estado Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, destacou as conquistas da internacionalização e o seu crescimento que passou de 25 mil alunos há cinco anos, para 50 mil, hoje. E enfatizou o papel das instituições de ensino superior – “a vanguarda de Portugal no mundo e um sinal da mudança estrutral na capacidade científica e pedagógica”.

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