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EUA: Kamala Harris melhor que Trump, mas o diabo está na economia

A candidata democrata quis que tudo fosse diferente de quando era Joe Biden a mandar. E não se terá saído mal, segundo as sondagens já realizadas sobre quem ganhou o debate. Exceto em alguns temas.
11 Setembro 2024, 08h24

Num país ‘viciado’ em estudos estatísticos – ‘vício que já conseguiu transmitir ao resto do mundo – o debate desta madrugada entre a candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, e o seu opositor republicano, Donald Trump, já tem sondagens disponíveis: segundo o público norte-americano, a democrata esteve melhor para 63% dos inquiridos, e só 37% atribuiu a vitória a Trump. É a inversão do resultado que decorreu do debate entre Trump e Joe Biden – o que parece ser um bom indicador.

O contraste entre Kamala Harris e Donald Trump começou na apresentação: “vamos fazer um bom debate”, pediu a democrata ao mesmo tempo que estendia a mão a Trump. Segundo os peritos, Trump e Biden nunca se cumprimentaram -e isso pode ter marcado o debate: de facto, o republicano nunca chegou ao ponto de transmitir ódio e violência ao debate (como chegou a acontecer noutras ocasiões). Ou seja, o debate parece ter sido mais civilizado que o costume.

Mesmo assim, Kamala Harris teve dificuldades em dois temas centrais: a economia e Israel. Trump acusou Harris de não ter um plano para a economia – afirmando que o que existe é uma cópia dos planos de Biden. Harris não foi segura na resposta – tanto mais que, como se sabe, alguns dos itens do plano (nomeadamente no que tem a ver com a falta de uma recusa clara em permitir o aumento da exploração do petróleo de xisto) não serão propriamente do agrado da candidata.

Sobre Israel, Harris limitou-se a afirmar banalidades que devem ser evitadas por alguém que quer passar os próximos quatro anos na Casa Branca. É a favor do cessar-fogo imediato e do regresso dos reféns – mas não disse o que está disposta a fazer para ajudar a chegar lá. Trump repetiu a ‘ladainha’ do costume: “Se os democratas ganharem, Israel desaparece dentro de dois. Sou bom a fazer previsões, espero que me engane nesta”. Trump acusou ainda Harris de se ter recusado a encontrar-se com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quando este esteve em Nova Iorque há algumas semanas.

Genericamente, Trump tentou subalternizar Kamala – falou várias vezes no “patrão dela”, mas não terá explorado convenientemente a ‘trapalhada’ que foi a substituição de Biden pela própria Harris. Trump insistiu por diversas vezes que Joe Biden foi “o pior Presidente da história” dos Estados Unidos. Harris  marcou pontos afirmando que “é importante recordar o ex-presidente de que nao está a concorrer contra Joe Biden, está a concorrer contra mim”.

Embora tenha defendido muitas das políticas da atual administração, Harris procurou falar sobretudo dos planos para o futuro – cortes fiscais para apoiar famílias e pequenas empresas, apoio à construção de habitação para baixar os custos do imobiliário, entre outros – e assim oferecer um contraste em relação ao que seria “voltar ao passado” de Trump. “Não vamos voltar para trás”, uma frase que se tornou numa assinatura da campanha.

Como notavam os analistas televisivos, e ciente de que a televisão muitas vezes mostra os candidatos em ecrã dividido, a democrata aproveitou a oportunidade para abanar a cabeça em desacordo quando Trump falava, para levantar as sobrancelhas em sinal de surpresa ou para semicerrar os olhos, simulando tentar acompanhar a argumentação, por vezes confusa, do oponente. Já Trump manteve-se sobretudo impassível e, em algumas ocasiões, sorriu com sarcasmo e continuou os ataques mesmo quando os microfones foram silenciados

Os jornalistas da ABC News David Muir e Linsey Davis moderaram o debate – o único agendado até ao momento entre Trump e Harris. Já depois do encontro entre ambos, as duas campanhas foram confrontadas com a possibilidade de ser marcado um segundo encontro. Harris disse imediatamente que ‘sim’, e Trump afirmou que, em princípio, ‘não’ – mas está tudo em aberto.

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