A economia dos EUA registou crescimento negativo no primeiro trimestre deste ano, refletindo já uma antecipação das importações face à esperada leva de tarifas impostas. O PIB norte-americano recuou 0,3% em termos anualizados, contando com um disparo de mais de 50% na importação de bens, fez saber o Departamento do Comércio esta quarta-feira.
Os dados mostram já um abrandamento evidente em relação ao crescimento de 2,4% registado no final do ano passado, com os importadores norte-americanos a acorrerem às encomendas vindas do exterior numa tentativa de antecipar a política comercial da administração Trump, que impôs pesadas tarifas à generalidade do mundo – tarifas essas entretanto revertidas.
Os impactos negativos estão, contudo, à vista. As importações disparam 41,3%, valor que sobe ainda mais, para 50,9%, se considerarmos apenas bens, enquanto os gastos públicos recuaram. De salientar, no entanto, que uma parte considerável destas importações foi de ouro, o que poderá retirar alguma fiabilidade aos números divulgados esta quarta-feira.
Ao mesmo tempo, o consumo privado manteve-se em terreno positivo, ainda que abrandando, crescendo apenas 1,8%, o valor mais baixo desde o segundo trimestre de 2023 e bastante menos do que o avanço de 4% registado no trimestre anterior.
Os dados do crescimento foram divulgados no dia após ser sabido que o défice comercial dos EUA tocou novos máximos históricos em março, chegando a 162 biliões de dólares (142,5 biliões de euros) à boleia de também novos máximos absolutos nas importações. Recorde-se que parte dos objetivos explícitos de Trump com a sua política protecionista são precisamente relacionados com o défice comercial crónico dos EUA com o resto do mundo nas trocas de bens.
Por outro lado, e noutra leitura preocupante para os decisores norte-americanos, a inflação medida pelo índice de gastos pessoais de consumo (PCE), o indicador de referência para a Reserva Federal, acelerou consideravelmente. De 2,4% no quarto trimestre de 2024, o PCE passou para 3,6%, ou seja, uma subida de 50%, sublinhando o impacto das tarifas anunciadas nos preços no consumidor dos EUA.
A maior economia do mundo encontra-se ainda mais próxima da recessão, tipicamente definida por dois trimestres consecutivos de crescimento negativo, ou de um cenário de estagflação, com a atividade estagnada combinada com inflação elevada.
[notícia atualizada às 14h27]
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