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EUA: Powell abre a porta a cortes de juros antes de a inflação recuar para 2%

O presidente da Reserva Federal dá mais sinais de que a política monetária pode ficar menos restritiva ainda antes de ser atingido o objetivo de médio-prazo para a inflação, até porque este indicador “tem um certo ímpeto”. Uma ‘aterragem suave’ continua a ser um cenário possível, continuou.
10 Julho 2024, 18h09

A Reserva Federal norte-americana pode cortar juros sem que a inflação tenha já chegado ao objetivo de médio-prazo, ou seja, 2%, admitiu esta quarta-feira o presidente do banco central. As declarações de Jerome Powell adensam a expectativa dos mercados de um corte já em setembro, que é já o cenário base para os investidores e analistas.

No segundo dia de audição no Congresso, desta feita na câmara baixa, a Câmara dos Representantes, Jerome Powell voltou a sublinhar os riscos de manter as taxas de referência em terreno restritivo por demasiado tempo, tal como havia feito no dia anterior, no Senado. Desta feita, o líder da Fed reconheceu que o objetivo de 2% não tem necessariamente de ser atingido antes de cortar juros, justificando-se com a dinâmica do indicador.

“Não queremos esperar até que a inflação baixe para 2%, até porque a inflação tem um certo ímpeto”, começou por explicar. “Se esperarmos tanto tempo, provavelmente já terá sido demais, porque a inflação vai estar em queda e vai ficar bem abaixo de 2%, que não queremos.”

Tal como no dia anterior, Powell falou em “riscos mais balanceados” para o cenário macro norte-americano, lembrando o duplo mandato da Fed, que coloca o foco da política monetária não só na questão dos preços, mas no mercado laboral. Reconhecendo que “o trabalho ainda não está feito na inflação”, a tão falada ‘aterragem suave’ é cada vez mais possível.

“O caminho para recuperar a estabilidade de preços mantendo o desemprego baixo está lá. Temos estado nesse caminho e estamos muito focados em mantê-lo”, afirmou em resposta às questões dos congressistas.

Nas leituras mais recentes, de maio, a inflação medida pelo índice de gastos pessoais de consumo (PCE), o indicador de referência da Fed, recuou para 2,6% em termos homólogos após dois meses seguidos em 2,7%, com o indicador core em 2,6%, um mínimo de mais de três anos.

Do lado laboral, a taxa de desemprego subiu ligeiramente em junho para 4,1%, um valor ainda assim historicamente baixo, ao passo que a criação de emprego se manteve forte, com 206 mil novos postos de trabalho. Já o emprego manteve-se estável em 60,1% com o crescimento salarial a abrandar, em linha com a política monetária restritiva da Fed.

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