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EUA: Powell admite que primeiro trimestre “não deu confiança” na luta contra inflação

O presidente da Fed vê uma probabilidade baixa de a próxima mexida ser nova subida, mas confessa estar menos confiante quanto ao timing de cortes dos juros. Já o abrandamento no ritmo de redução do balanço procura apenas garantir que o processo decorre suavemente, garante.
1 Maio 2024, 20h26

Jerome Powell, presidente da Reserva Federal, não antecipa que a próxima mexida nos juros diretores norte-americanos seja uma subida, mas confessa que a confiança no regresso ao objetivo de 2% para a inflação não aumentou no primeiro trimestre. O cenário mantém-se incerto e dependente dos dados, mas a restritividade monetária vai ter de se prolongar durante mais tempo, reforçou.

A questão mais relevante na avaliação da política monetária é agora “quanto tempo manter uma postura restritiva”, admitiu Powell após a Fed ter optado por não mexer nos juros diretores pela sexta reunião consecutiva esta quarta-feira. No comunicado que acompanhou o anúncio da decisão, o banco central falou em “falta de progresso” na luta contra a inflação, uma visão que o seu presidente complementou.

“Precisamos de estar mais confiantes. Não vimos progresso no primeiro trimestre, pelo que disse que nos parece que irá demorar mais [até cortarmos taxas]”, afirmou.

Com os juros em máximos de 23 anos, entre 5,25% e 5,5%, o presidente da Fed não antecipa que a próxima mexida seja uma subida. Apesar de falar em “evoluções da economia que levariam a cortes e outras que levariam a subidas”, Powell garantiu que, “quando tivermos confiança [que a inflação está a voltar a 2%], os cortes estarão em cima da mesa”.

“Estou confiante que os cortes chegarão, só não estou tão confiante quanto ao timing”, resumiu.

Justificando o sinal dado aos mercados, que se têm vindo a afastar cada vez mais das previsões de descidas de juros ainda no primeiro semestre (e colocando mesmo em cima da mesa a possibilidade de não haver cortes este ano), este surge depois de “uma atividade forte, um mercado laboral forte e uma inflação forte nas últimas três leituras”. Em particular, o lado dos serviços e do alojamento continua a ser um foco de preocupação.

Ainda assim, Powell não vê sinais de estagflação. Recordando a década de 70, “havia desemprego de 10%, inflações de dois dígitos”, um cenário que não se coaduna com o atual.

A novidade saída da reunião desta quarta-feira prende-se com o abrandamento no ritmo de redução do balanço do banco central, que já desceu 1,5 biliões de dólares (1,4 biliões de euros) para 7,4 biliões (6,9 biliões de euros) desde o pico registado em junho de 2022. Ao baixar o ritmo, a Fed retira um pouco de restritividade ao mercado – embora Powell garanta que não é esse o objetivo.

“Já tínhamos este plano há muito tempo de abrandar, não para acomodar a economia ou ser de alguma forma menos restritivo, mas para garantir que a redução do balanço é tranquila e não acaba num turbilhão financeiro, como já aconteceu”, esclareceu.

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