Os eurodeputados ganham 8,7 milhões de euros por ano com rendimentos paralelos à sua atividade em Estrasburgo, de acordo com relatório da Transparency International revelado esta segunda-feira e que surge a praticamente um mês das eleições europeias que vão decorrer no início de junho
Esta entidade, que engloba a Transparência Internacional Portugal, analisou as declarações de interesses dos eurodeputados e concluiu que 70% dos parlamentares em Estrasburgo têm atividades paralelas e que mais de um quarto são remunerados por essas atividades.
Conclui a organização que no total foram detetadas 1751 atividades paralelas, ou seja, uma média de duas por cada eurodeputado, sendo que os rendimentos paralelos decorrentes destas atividades dos eurodeputados ascendem a 8,7 milhões de euros
Recorda a Transparency International que os eurodeputados “tiveram a oportunidade de votar a favor de uma alteração que proibia a realização de trabalhos paralelos remunerados por organizações registadas para exercerem atividades de lobby junto da União Europeia” mas que, no entanto, “os eurodeputados votaram contra”.
Esta organização colocou “uma vez mais em evidência a incapacidade do Parlamento Europeu para proteger a sua própria integridade democrática”. “Os eurodeputados poderiam ter recebido dinheiro para aparecerem em podcasts e talk shows para fazerem propaganda russa desde que isso fosse devidamente declarado. Isto deve-se ao facto de os eurodeputados terem sido sempre autorizados a ter vários empregos paralelos, com pouco controlo por parte do Parlamento Europeu”, detalha.
O salário de um eurodeputado é de cerca de 120 mil euros por ano mas “não existem regras que regulem o número de atividades paralelas que um deputado pode exercer, nem o montante que podem auferir”. Assim, “mbora os deputados tenham de declarar conflitos de interesses, esta análise demonstra que isso não impede os deputados de exercerem atividades paralelas que podem colidir com a legislação em que estão a trabalhar.
A Transparency International salienta que esta é uma situação que “pode originar sérios riscos de conflitos de interesses”. “Como podem os cidadãos europeus ter a certeza de que os seus representantes eleitos estão a agir no interesse público, se são contratados por empresas externas? Alguns eurodeputados são remunerados por empresas, ao mesmo tempo que exercem uma atividade parlamentar centrada no mesmo setor de atividade dessas mesmas empresas”, questiona a entidade.
Esta organização considera que o Parlamento Europeu “deve proibir os deputados europeus de se envolverem em atividades paralelas, remuneradas ou não, com organizações que procuram influenciar a elaboração das políticas da União Europeia”.
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