A cabeça de lista de centro-direita a presidente da Comissão Europeia escusou-se hoje a comentar o reconhecimento do Estado da Palestina por três países europeus, vincando ser comum na União Europeia (UE) o apoio a dois Estados.
“É muito claro que a União Europeia tem diferentes objetivos, mas todos nós apoiamos a solução de dois Estados, por isso, vamos trabalhar nesse sentido porque só assim será possível trazer a paz à região”, disse Ursula von der Leyen, quando questionada sobre o reconhecimento do Estado da Palestina por Espanha, Irlanda e Noruega, previsto para 28 de maio.
Intervindo num debate promovido pelo Parlamento Europeu em Bruxelas, a candidata principal do Partido Popular Europeu ao executivo comunitário e atual líder da instituição escusou-se assim a comentar diretamente tal reconhecimento e salientou ser “absolutamente necessário reconhecer o horror que aconteceu” com o ataque de outubro pelo grupo islamita Hamas de outubro passado a Israel.
“É verdade que temos de fazer tudo o que for possível para proteger os civis, mas também temos de libertar os 128 reféns”, que permanecem em cativeiro em Gaza, referiu Ursula von der Leyen, durante a discussão.
Os candidatos principais (‘spitzenkandidaten’) à presidência da Comissão Europeia participam hoje num debate em Bruxelas, marcado pela ausência dos representantes da extrema-direita, no terceiro e último frente-a-frente antes das eleições europeias, marcadas entre 06 e 09 de junho e nas quais votam quase 400 milhões de cidadãos dos 27 Estados-membros da União Europeia.
Na quarta-feira, a Espanha, a Irlanda e a Noruega anunciaram que vão reconhecer o Estado da Palestina a 28 de maio, o que levou Israel a chamar os seus embaixadores nestes três países para consultas.
Os anúncios destes três países, aplaudidos pela Arábia Saudita, Jordânia e Egito, elevam para 146 o número de Estados-membros das Nações Unidas que reconhecem o Estado da Palestina.
Malta e a Eslovénia também afirmaram que poderiam dar este passo em breve, enquanto Israel criticou todas estas decisões e afirmou que terão um impacto negativo na região.
Por outro lado, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, da extrema-direita, reiterou que Israel não permitirá a declaração da Palestina como Estado.
Já Portugal mantém a vontade de reconhecer a Palestina como Estado, mas está a tentar obter o maior consenso possível entre os membros da UE, disse na quarta-feira à Lusa fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
No mesmo dia, o Presidente da República considerou que Portugal tem sido “muito claro” na defesa da solução de dois povos, dois Estados, mas entende, “como um todo”, que este ainda “não é o momento adequado” para o reconhecimento da Palestina.
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