A cabeça de lista de centro-direita a presidente da Comissão Europeia rejeitou hoje acordos com “amigos de Putin”, sem nunca mencionar a extrema-direita ou os conservadores, e disse “trabalhar bem” com a primeira-ministra italiana, a conservadora Giorgia Meloni.
“Penso que é muito importante estabelecer princípios muito claros com quem queremos trabalhar no que toca a deputados do Parlamento Europeu […], que devem preencher três critérios: ser pró-Europa, pró-Ucrânia – ou seja, anti [Vladimir] Putin (Presidente russo) – e pró-Estado de direito”, disse Ursula von der Leyen.
Intervindo num debate promovido pelo Parlamento Europeu em Bruxelas, a candidata principal do Partido Popular Europeu ao executivo comunitário e atual líder da instituição indicou que partidos como a União Nacional (Rassemblement National) e a Alternativa para a Alemanha (AfD) “podem ter diferentes princípios, mas têm uma coisa em comum”.
“São amigos de Putin, querem destruir a nossa Europa e nós não vamos permitir que isso aconteça”, sublinhou Ursula von der Leyen.
Os candidatos principais (‘spitzenkandidaten’) à presidência da Comissão Europeia participaram hoje em Bruxelas num debate marcado pela ausência dos representantes da extrema-direita, no terceiro e último frente-a-frente antes das eleições europeias, marcadas entre 06 e 09 de junho e nas quais votam quase 400 milhões de cidadãos dos 27 Estados-membros da União Europeia.
Ursula von der Leyen respondia a uma questão feita pelo candidato socialista Nicolas Schmit, também comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais, que instou a líder do executivo comunitário “a ser clara”.
“Duvido que a visão da UE da senhora [Giorgia] Meloni seja a mesma da senhora Von der Leyen”, indicou Nicolas Schmit, numa alusão às controversas políticas da conservadora chefe de governo italiana, cujo partido pertence ao Reformistas e Conservadores Europeus (ECR).
Sem nunca mencionar diretamente o ECR ou a bancada de extrema-direita Identidade e Democracia (ID), Ursula von der Leyen respondeu querer trabalhar com “os que estão comprometidos com a Europa”, indicando não falar de “grupos, mas sim de eurodeputados”.
Quanto a Giorgia Meloni, a presidente da Comissão Europeia e candidata a um segundo mandato na instituição vincou “trabalhar muito bem” com a primeira-ministra italiana no âmbito do Conselho Europeu, qualificando-a como “pró-europeia”.
Ainda assim, apontou ter “abordagens completamente diferentes” em matérias como os direitos das pessoas LGBTQI.
“O Parlamento Europeu é muito diferente dos parlamentos nacionais. Não se trata de abolir a animosidade, mas […] trata-se de cedências com aqueles que querem fazer avançar a Europa”, referiu Ursula von der Leyen.
Organizado pelo Parlamento Europeu e pela União Europeia de Radiodifusão, o debate de hoje contou com a presença dos candidatos principais dos maiores partidos representados na assembleia europeia.
A figura dos candidatos principais – no termo alemão ‘spitzenkandidat’ – surgiu nas eleições europeias de 2014, com os maiores partidos europeus a apresentarem as suas escolhas para futuro presidente da Comissão, apesar de o modelo não ter sido seguido em 2019.
Este é o procedimento através do qual os partidos políticos europeus nomeiam cabeças de lista para o cargo de presidente da Comissão Europeia, sendo este papel atribuído ao candidato capaz de reunir maior apoio parlamentar após o sufrágio.
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