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Ex-presidente da Parpública diz que Inapa “deu um passo maior que as pernas”

O antigo responsável da gestora das participações estatais, que foi demitido pelo Governo em agosto de 2024 com a restante administração, lembrou a complicada situação financeira que a empresa já vinha a relatar e as quebras de cerca de 20% do mercado nos últimos anos.
Jonathan Drake/Bloomberg
21 Janeiro 2025, 18h22

O antigo presidente da Parpública José Realinho de Matos defendeu hoje no parlamento que o problema da Inapa é “mais estrutural do que conjuntural”, e que a distribuidora de papel “deu um passo maior do que as pernas”.

“Desde 2020 que a Inapa tinha vindo a solicitar apoios públicos direcionados ao acionista Parpública”, começou por destacar o gestor durante a audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, por requerimento do Chega.

O antigo responsável da gestora das participações estatais, que foi demitido pelo Governo em agosto de 2024 com a restante administração, lembrou a complicada situação financeira que a empresa já vinha a relatar e as quebras de cerca de 20% do mercado nos últimos anos.

Nesse sentido, considera que a “empresa deu um passo maior que a perna”, nomeadamente na expansão na Alemanha.

“O relatório [de contas] do exercício de 2023 da Inapa tem 26 páginas sobre riscos. A empresa estava, de facto, com uma situação de endividamento e riscos variados”, apontou José Realinho de Matos.

Durante a audição, o responsável revelou ainda que a venda da participação da Parpública na Inapa “chegou a ser equacionada a nível nacional e falou-se se com algumas empresas do setor do papel”.

Em julho, a distribuidora de papel anunciou que iria pedir insolvência devido a uma “carência de tesouraria de curto prazo” da sua subsidiária alemã Inapa Deutschland GmbH no montante de 12 milhões de euros, para a qual não foi encontrada solução.

No relatório, divulgado no ano passado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Parpública deu conta de uma imparidade na Inapa superior a 8,7 milhões de euros.

Segundo a entidade, “a cotação da ação com referência a 31 de dezembro de 2023 ainda não refletia a expectativa de perda por parte dos investidores, consubstanciando-se a necessidade de reforçar a imparidade relativa à participação que a Parpública detém no capital social da Inapa IPG”.

Além disso, nas contas da Parpública está refletido que o custo de aquisição de ações da empresa, de quase 19 milhões de euros, tem como quantia escriturada ‘zero’.

A Inapa apresentou um pedido de insolvência, em julho, junto do Juízo de Comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, segundo comunicou à CMVM.

“A situação de insolvência da Inapa IPG foi despoletada por uma carência pontual de tesouraria de curto prazo da sua subsidiária Inapa Deutschland GmbH, em montante de 12 milhões de euros, para a qual não se encontrou solução de financiamento até dia 22 de julho, prazo estabelecido pela lei alemã, o que resultou na apresentação à insolvência da Inapa Deutschland nesse dia”, segundo o comunicado emitido à data.

Em agosto, as Finanças demitiram a administração da Parpública, liderada por José Realinho de Matos, e escolheram Joaquim Cadete para lhe suceder.

A saída foi justificada com a existência de uma postura mais reativa do que preventiva da administração, bem como com a falta de prestação de informação atempada ao ministério, segundo o Jornal de Negócios.

O requerimento do Chega inclui também o pedido de audição do ex-presidente da Inapa, Frederico Lupi, que foi ouvido hoje, e do atual secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes.

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