[weglot_switcher]

Ex-provedor alerta para golpe de privatização dos jogos sociais

Edmundo Martinho considera que por trás de todo o ruído em volta da Misericórdia poderão existir interesses privados que pretendem retirar a exploração dos jogos sociais da alçada do Estado.
8 Maio 2024, 13h34

O antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) admitiu esta quinta-feira, em declarações aos deputados da Comissão do Trabalho, Segurança Social e Inclusão,  que haja interesses privados a quererem explorar os jogos sociais e que todo o ruído que agora se ouve não passe de uma estratégia de descredibilização da instituição para retirar o negócio da alçada do Estado.

Edmundo Martinho diz admitir que a intenção de entregar a exploração dos jogos a entidades privadas – suspeita, recordou, já antes levantada por Pedro Santana Lopes, seu antecessor no cargo –  é uma possibilidade que não se pode descartar, ou, então, tudo o que se está a passar seria uma ataque à sua pessoa. Recusando aceitar esta última possibilidade, por não ser justificável, então acredita que haja uma estratégia obscura para usurpação do monopólio do jogo que agora é do Estado.

Desde logo, disse Edmundo Martinho, a imagem da Santa Casa está cada vez mais degradada, e culpa Ana Jorge, a sua sucessora, pelo aumento dessa degradação.

“Desde que saí e começaram a surgir as notícias mais estranhas a propósito da internacionalização, a imagem da SCML começou a ficar danificada e dificilmente será recuperada”, disse, considerando, por isso,  “previsível” o afastamento de Ana Jorge. O ex-provedor usou praticamente os mesmos argumentos do Governo para justificar a exoneração de toda a mesa administrativa. “Aquilo que foi feito pela equipa que me sucedeu não foi de molde a apontar soluções, a apontar um caminho,  pelo contrário, foi no sentido de agudizar e de agravar este dano na imagem da Santa Casa”, defendeu.

E acrescentou: “[Ana Jorge] quando iniciou funções, uma das sua primeiras iniciativas foi anunciar que seria necessário reestruturar a SCML. Estamos todos de acordo porque também eu lá deixei há muitos anos um plano de reestruturação. Passado um ano o que houve foi perda de valor para a SCML, o que tornou a exoneração previsível”.

Edmundo Martinho, perante os deputados, admitiu que o plano de internacionalização correu mal, mas disse também que ainda hoje faria as coisas mais ou menos da mesma forma por considerar que se trata de um “projeto interessante”. “Avançamos porque era necessário assegurar a estabilidade financeira da instituição e o plano era uma boa solução”. Simplesmente, “as coisas não correram como esperávamos por vários motivos inesperados”, sublinhou.

No entanto, Edmundo Martinho também garantiu que previamente ao projeto foi feito um “estudo profundo” e que tudo aconteceu de forma transparente, com conhecimento do Governo, quer no momento em que se criou a Santa Casa Global, a empresa destinada a aplicar o projeto de internacionalização, quer posteriormente, com os custos explanados nos planos de atividades e de orçamento que eram previamente aprovados pela tutela.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.