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Provedora exonerada da Santa Casa nega ter retirado benefício próprio

Ana Jorge sublinhou que o ano que esteve à frente da instituição “foi um ano duro, muito duro”, e que fez “tudo para que a Santa Casa continuasse a ser a Santa Casa a bem das pessoas que tem apoiado”.
8 Maio 2024, 12h24

A provedora exonerada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, negou hoje as acusações da ministra do Trabalho de que os administradores da instituição se teriam “beneficiado a si próprios”, defendendo ser preciso justificar essa declaração.

Em entrevista à RTP na terça-feira, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Ramalho, afirmou que a maioria dos trabalhadores na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) ganha o salário mínimo e que os vencimentos dos dirigentes são muito mais altos.

“Os da Mesa [da SCML] até foram aumentados, estranhámos. (…) Beneficiaram-se a si próprios”, criticou a ministra.

Questionada pela Rádio Renascença sobre se atuou em benefício próprio, Ana Jorge afirmou: “É evidente que não. E nego profundamente essa declaração e é preciso justificar qual é o benefício próprio”.

Ana Jorge sublinhou que o ano que esteve à frente da instituição “foi um ano duro, muito duro”, e que fez “tudo para que a Santa Casa continuasse a ser a Santa Casa a bem das pessoas que tem apoiado”.

“Conseguimos manter toda a atividade, fizemos grandes reorganizações internas. Portanto, terei oportunidade, de hoje a oito dias, de explicar e de levar dados e informação detalhada sobre tudo aquilo que a Mesa da Santa Casa fez.

Segundo a provedora exonerada, a administração tentou manter todas as atividades, conseguiu ter uma execução orçamental positiva, e “tentou encontrar soluções para os trabalhadores, melhorando principalmente aqueles que têm ordenados mais baixos”.

Ainda sobre as críticas da ministra em relação aos salários, Ana Jorge explicou que a SCML fez um acordo de empresa que a ministra considerou que não deveria ter sido realizado.

Ana Jorge contou que, no primeiro encontro que teve com a ministra, esta lhe disse que “não o devia ter feito, mas também não havia problema porque podia ser anulado”.

“Isto foram palavras, portanto, isto diz tudo”, vincou, afirmando que no parlamento dirá “mais coisas”.

Relativamente às críticas de Maria do Rosário Ramalho, em que a acusou de “total inação”, Ana Jorge comentou que não sabe como é que “a senhora ministra em 12 dias” pode ter tirado essa ilação, considerando que dificilmente a ministra terá a informação sobre toda a atividade da Santa Casa.

Na entrevista, Maria do Rosário Ramalho afirmou ter “uma fundamentação muito sólida” para a decisão de exonerar a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Ana Jorge, assim como a restante mesa (administração) da instituição.

“Já ouvi até que foi um saneamento político. Não foi nada”, garantiu a ministra, que justificou a demissão de Ana Jorge “por razões de gestão”, acusando-a de “total inação” face à situação de crise financeira que herdou da anterior administração, reiterando o que o Governo já havia alertado para a inexistência de um plano de reestruturação.

Ana Jorge tomou posse em 02 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.

Depois da sua exoneração, no dia 20 de abril, a provedora escreveu uma carta a todos os trabalhadores da SCML, na qual acusou o Governo de a ter exonerado de “forma rude, sobranceira e caluniosa” e que foi apanhada de surpresa.

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