De acordo com um relatório da balança de pagamentos do Banco de Moçambique, as exportações caíram para 14,2 milhões de dólares (12 milhões de euros) em 2024, o valor anual mais baixo em pelo menos cinco anos.
De acordo com dados avançados em 2024 à Lusa pelo presidente da Associação Algodoeira de Moçambique (AAM), Francisco Ferreira dos Santos, o algodão em Moçambique representou uma média anual de 30 a 50 milhões de dólares (25 a 42,6 milhões de euros) em exportações nos dez anos anteriores, sendo uma cultura tida como essencial: “Tem uma cadeia de valor enorme (…) é uma cultura quase que sagrada, com efeitos catalisador na economia e na demografia”.
Moçambique representa menos de 0,5% da produção mundial de algodão, num mercado liderado por países como Estados Unidos, China ou Índia.
A produção de algodão em Moçambique cresceu 2% em 2024, face ao ano anterior, para 24 mil toneladas, mas falhou as metas definidas para o setor, segundo dados do Ministério das Finanças sobre a execução orçamental.
A produção de algodão, uma das culturas de referência do país, ficou aquém das 40 mil toneladas previstas, cumprindo apenas 60% da meta, embora acima das 23.516 toneladas de 2023.
A área de produção de algodão em Moçambique cresceu de 95.097 hectares em 2023 para 96.523 hectares no ano passado.
O Estado moçambicano vai deixar de subsidiar, na atual campanha agrária, a comercialização de algodão, por indisponibilidade de verbas, anunciou em maio o Ministério da Agricultura, após a reunião de fixação de preços de referência de 2025.
“O importante é que houve um acordo possível”, afirma o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, citado numa nota daquele ministério, sobre a aprovação, por consenso, dos preços mínimos de referência, em conjunto com o Fórum Nacional dos Produtores de Algodão e a AAM.
A nova tabela, segundo o ministério, fixa o preço em 22 meticais (30 cêntimos de euro) por quilograma para o algodão de primeira qualidade da campanha agrária 2024/2025 e 15,5 meticais (21 cêntimos) para o de a segunda qualidade.
Em 2024, o Governo moçambicano anunciou que iria subsidiar a compra de algodão em cinco meticais (sete cêntimos) por quilograma, para estabilizar os preços, beneficiando 600 mil agricultores, além de incentivar uma “cultura de confiança”.
A falta de chuva em algumas regiões do país devido ao fenómeno meteorológico ‘El Niño’, o abandono da produção na província de Cabo Delgado, mas sobretudo o excesso da produção no mercado condicionaram em baixa o preço de 2024 e levaram o Governo, então pelo segundo ano consecutivo, a fixar um subsídio para manter o rendimento aos produtores.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com