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Expresso pede a redes sociais para eliminar vídeo polémico de António Costa

O jornal apresentou hoje as suas conclusões sobre a divulgação não autorizada de um vídeo onde o primeiro-ministro surgiu em conversa privada com jornalistas do Expresso, após uma entrevista, a criticar a atuação dos médicos no lar de idosos de Reguengos de Monsaraz.
  • Rodrigo Antunes/LUSA
24 Agosto 2020, 17h41

O Expresso vai pedir às redes sociais Facebook e Twitter e também à plataforma YouTube para eliminarem o vídeo polémico de António Costa.

“O Expresso denunciou junto do Facebook, Twitter e Youtube o referido vídeo por violar os direitos de propriedade que nos pertencem”, segundo a nota de esclarecimento divulgada hoje pelo jornal.

No domingo, foi revelada nas redes sociais um vídeo onde o primeiro-ministro criticava a atuação dos médicos no lar de idosos de Reguengos de Monsaraz.

“É que o presidente da ARS [Autoridade Regional de Saúde] mandou para lá os médicos fazer o que lhes competia e os gajos, cobardes, não fizeram”, segundo disse António Costa na gravação feita pelo Expresso à margem da entrevista realizada pelo jornal e publicada no sábado passado.

Depois de ter anunciado que iria lançar uma investigação interna sobre porque é que foi divulgado nas redes sociais um vídeo que continha declarações em off the record do primeiro-ministro com jornalistas do Expresso, após o fim da entrevista publicada no sábado, o jornal divulgou hoje as suas conclusões.

” Após a entrevista, foram recolhidas imagens para construção do vídeo de promoção da conversa mantida com António Costa. Os microfones usados na entrevista foram desligados, mas por lapso o microfone interno da câmara não – pelo que ficou em fundo o som da conversa “off the record”, reservada, que o primeiro-ministro teve com os jornalistas presentes na entrevista, começa por explicar o Expresso esta segunda-feira.

“No final da tarde de sexta-feira o Expresso enviou para duas televisões os sons da entrevista, incluindo algumas dessas imagens, conhecidos como “planos de corte” (que são imagens que ajudam as televisões a enquadrar com outras imagens as peças sobre a entrevista). Esses planos de corte incluíam a imagem e áudio de sete segundos que resultaram na polémica conhecida. Esse envio é um erro da responsabilidade do Expresso, que assumimos por inteiro”, destaca o jornal.

“Assim que se apercebeu que esse vídeo foi enviado, o Expresso pediu às duas televisões que não o usassem e que o apagassem do arquivo. A razão é simples: tratava-se de uma conversa confidencial entre uma fonte e os jornalistas, que são parte integrante do trabalho dos órgãos de comunicação social. A preservação destas regras é crucial quer para a manutenção da confiança entre as partes, quer para um eficaz apuramento factual da verdade dos factos – fator cada vez mais determinante nas democracias. Como diz o nosso Código Deontológico, “o jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, exceto se usarem para canalizar informações falsas”. Estas regras aplicam-se, naturalmente, a qualquer fonte de informação do jornal”, adianta.

Apesar de “nenhuma das televisões” ter usado o vídeo, o jornal acabou por receber no sábado à noite o vídeo de sete segundos, em que “houve edição de som, aumentando-o de forma a que fosse perfeitamente audível; e foi gravado de um monitor, o que facilmente pode ser comprovado na sua visualização, por comparação com a qualidade de imagem do vídeo original. Alguém gravou o vídeo com um telemóvel ou outro dispositivo, fazendo-o correr primeiro via Whatsapp, depois junto de outras redes sociais”.

“Tratando-se de uma conversa já fora do âmbito da entrevista, e apesar de a sua divulgação ter fugido ao controlo do jornal, a direção do Expresso lamenta profundamente a gravação e difusão deste vídeo”, segundo o jornal.

O Expresso garante que “continuará o apuramento de responsabilidades internas. Tendo já tomado medidas que evitem que o erro se volte a repetir”.

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