“Não há soluções únicas”. A afirmação de Pedro Valadas Monteiro, engenheiro agrónomo de formação, vice-presidente da CCDR ( Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional) como que reflete a opinião geral do 6º Colóquio Hortofrutícola, que esta sexta-feira juntou em S. Teotónio no concelho de Odemira, especialistas da esfera política e autárquica, empresarial e académica. “Se conjugarmos novas origens (de água) com a melhoria da eficiência conseguiremos aumentar a resiliência do sistema”, adiantou. O todo inclui também, naturalmente, um maior uso de Água para Reutilização.
Sem água não há agricultura nem turismo, justamente os dois pilares da economia do Sudoeste Alentejano e do Algarve. “O Algarve, assim como esta zona, tem de estar ligado ao Alqueva”, afirmou Pedro Valadas Monteiro, granjeando aplausos entre a assistência.
José Pedro Salema, presidente da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, a quem José Carlos Lourinho, jornalista do Jornal Económico, moderador do painel passou de seguida a palavra, salientou que a Barragem de Alqueva, o maior lago artificial da Europa, está próximo da sua capacidade máxima de entrega. “O problema é que o sistema está desenhado para uma determinada utilização e nós estamos a atingir a nossa capacidade”.
Pouco depois, José Pedro Salema salientou que em termos de VAB (Valor Acrescentado Bruto) a região de Odemira está no topo e que sem água isso estará em causa, considerando que todas as opções “são válidas” . Quais?
A aposta na reabilitação do sistema e na melhoria da sua eficiência, as interligações, nomeadamente ao Alqueva, e a implementação de uma dessalinizadora que sirva a região do Sudoeste Alentejano, como a que vai ser construída no Algarve, foram soluções apontadas ao longo das mais de cinco horas de reflexão e debate promovido pela Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos em parceria com a Universidade Católica Portuguesa, tendo como media partner o Jornal Económico.
“Não há uma solução perfeita”, considerou igualmente Luís Mesquita Dias, presidente da AHSA – Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores de Odemira e Aljezur, que falou no mesmo painel. “É todo o pacote, incluindo a parte da Geologia (leia-se águas subterrâneas), que é preciso ter em conta”.
Luís Mesquita Dias foi particularmente crítico da importância dada à água pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), considerando “irrisório”.
Não foi a única crítica que se ouviu em S. Teotónio. Jorge Froes, autor do estudo sobre a solução de transvases Alqueva – Santa Clara, também atira setas à Agência Portuguesa do Ambiente às autarquias: “Era bom que houvesse uma volta de 180 graus” nos licenciamentos e ao nível das empresas “era bom que houvesse um simplex ao quadrado ou ao cubo”.
Mario Steta, Driscoll’s EMEA Operations Director; International Blueberry Organization (IBO) chairman, reafirmou a aposta empresa californiana especializada na produção de pequenos frutos vermelhos (morangos, amoras, framboesas e mirtilos) em Odemira.
No Colóquio Hortofrutícola foram apresentados dois estudos, um sobre a solução de transvases Alqueva – Santa Clara, da autoria de Jorge Froes, engenheiro agrónomo e consultor, e outro intitulado: Água do Atlântico para o Sudoeste Alentejano – Dessalinização de água do mar para fornecimento de água à região do Perímetro de Rega do Mira, da responsabilidade de Miguel Sousa Prado. Ambos apontam soluções para resolver o problema da água que afeta a região.
Odemira, concelho pertencente ao distrito de Beja, tem nas atividades económicas, em particular, na agricultura, cerca de 60% da sua economia e a água é absolutamente crucial para a manutenção da atividade e de tudo o que dela depende: o emprego e a coesão territorial.
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