[weglot_switcher]

Falta de água no sudoeste alentejano reduz em um terço economia dos pequenos frutos

Se as necessidades de rega no Perímetro de Rega do Mira fossem atendidas, os impactos no VAB e no emprego mais do que triplicariam e a receita fiscal quase triplicaria, destaca estudo da consultora EY Parthenon feito para a Lusomorango que será apresentado esta terça-feira.
14 Janeiro 2025, 07h00

A escassez de água no sudoeste alentejano reduz em mais de um terço o impacto económico da produção de pequenos frutos em Portugal, de acordo com o um estudo da consultora EY Parthenon feito para a Lusomorango que será apresentado esta terça-feira, 14 de janeiro, em Lisboa.

O impacto no valor acrescentado bruto (VAB, indicador da riqueza gerada na produção, descontando o valor dos bens e serviços consumidos para a obter) do negócio de pequenos frutos em Portugal atingiu 916 milhões de euros em 2023, o último ano para que há dados disponíveis, refletindo um crescimento de 29,1% face a 2022. Em cinco anos, o aumento foi de 88%.

O impacto dos associados da Lusomorango no VAB do negócio de pequenos frutos foi de 170,2 milhões de euros, representando 18,5% do total.

Para calcular o impacto económico, o estudo tem em conta os impactos diretos, indiretos e induzidos da atividade. Do impacto no VAB referido para 2023, o impacto direto representa 57,1 milhões de euros, o indireto 31,1 milhões, e o induzido 81,9 milhões.

A Lusomorango é uma associação de produtores de pequenos frutos, com cerca de 40 associados. No seu universo destacam-se os produtores abrangidos pelo Perímetro de Rega do Mira (PRM), que representam 92,8% da área agrícola explorada, e que têm enfrentado um problema de escassez de água.

O Aproveitamento Hidroagrícola do Mira localiza-se na extremidade sudoeste do distrito de Beja, sendo limitado a Norte pelo Rio Mira, a Este e Sudoeste pela EN 120, a Oeste pelo Oceano Atlântico, estendendo-se a Sul até ao Barranco de Falcate. Localiza-se nos concelhos de Odemira e Aljezur. A área beneficiada desenvolve-se maioritariamente na faixa costeira, entre Vila Nova Milfontes e a povoação do Rogil numa extensão total da ordem de 41 quilómetros, com uma largura variável entre dois a seis quilómetros.

Os volumes de água fornecidos no PRM permaneceram relativamente estáveis entre 2010 e 2020, mas caíram 72% nos últimos três anos, para 12 milhões de metros cúbicos. A área regada também diminuiu, mas menos, sendo reduzida em 24%.

Segundo o relatório do “Plano de Impactos da Produção e Comercialização de Pequenos Frutos” feito pela consultora EY Parthenon para a Lusomorango, entre 2019 e 2023, a área cultivada dos associados da Lusomorango foi em média de 38% da área inscrita e a área regada no PRM foi em média de 71% da área inscrita.

A proporção entre a área cultivada e a área inscrita pelos associados da Lusomorango aumentou quatro pontos percentuais entre 2019 e 2023, para 38%. No PRM, o rácio observou uma evolução contrária, com um retrocesso de 22 pontos percentuais, para 59%, no período em análise.

O baixo aproveitamento, sublinham Paulo Madruga, Sandra Primitivo e Rui Faustino, autores do estudo, “deve-se à escassez de água na região”, que constitui “o principal fator limitador à plena utilização da área disponível”.

“Ter acesso a este recurso de forma fiável e contínua permite um melhor planeamento e assim um melhor aproveitamento tanto do próprio recurso hídrico como das culturas”, acrescentam.

Os seus cálculos indicam que, se as necessidades de rega no PRM fossem atendidas, os impactos no VAB e no emprego mais do que triplicariam e a receita fiscal quase triplicaria.

Extrapolando para o total do setor, isto quer dizer que a escassez de água custa um terço da produção global.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.