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Fed volta a cortar taxas em 25 pontos base pela terceira vez seguida

O corte era já esperado pelo mercado, isto apesar das divisões internas na Fed tornadas públicas nas últimas semanas e da ausência de dados cruciais relativos a outubro, com destaque para o emprego.
10 Dezembro 2025, 19h00

A Reserva Federal norte-americana voltou esta quarta-feira a cortar os juros de referência em 25 pontos base (pb), em linha com o esperado pelo mercado apesar das divisões internas entre governadores que se tornaram públicas nas últimas semanas.

Na última reunião do ano, a Fed optou por voltar a descer os juros diretores, a terceira descida consecutiva desta magnitude e que coloca as taxas de referência 3,5% e 3,75%, o valor mais baixo desde 2022. No pico do atual ciclo de política monetária, os juros chegaram a 5,5% na maior economia do mundo, face a uma inflação persistente e um mercado laboral sobreaquecido.

Com o emprego a dar sinais cada vez mais evidentes de uma deterioração e entrada num paradigma de estagnação, a decisão desta quarta-feira era já esperada pelo mercado, que atribuía uma probabilidade de 89,6% a novo corte. Ainda assim, os decisores da Fed estão desprovidos de elementos estatísticos cruciais, nomeadamente do mercado de trabalho em outubro, dado o ‘shutdown’ recente do governo federal.

Por outro lado, a decisão não foi unânime, refletindo as divisões claras entre as fações mais conservadoras e mais agressivas do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC). Com nove votos a favor e três contra, dois dos dissidentes defendiam manter a taxa de referência atual, enquanto Stephen Miran, governador que abandona o cargo em janeiro, preferia um corte de 50 pb.

A reunião de dezembro trouxe também nova atualização das projeções macro do banco central. O PIB deve avançar 1,7% este ano, uma revisão em alta de 0,1 pontos percentuais (pp) em relação à última projeção, e 2,3% no próximo, 0,5 pp acima do projetado em setembro. Do lado da inflação, a Fed espera agora uma descida mais acentuada, apontando a 2,9% este ano e 2,6% em 2026 – revisões em baixa de 0,1pp e 0,2 pp, respetivamente.

Olhando para o famoso ‘dot-plot’ das expectativas de taxa diretora no final dos próximos anos, a maioria dos governadores aponta para um ou dois cortes no próximo ano e outro em 2027, altura em que os juros estabilizariam em torno dos 3%. Comparando com o cenário de setembro, é notória uma maior dispersão das projeções dos responsáveis pela política monetária norte-americana, mais um reflexo das visões contrastantes que dominam atualmente o FOMC.

No mais recente exercício de projeções, a Fed antecipava apenas mais um corte de taxas em 2026, um cenário que os investidores veem como excessivamente hawkish face às fragilidades cada vez mais notórias da economia norte-americana. As taxas implícitas de mercado sugerem agora dois cortes no próximo ano, embora o mercado vá olhar com atenção para a atualização conhecida esta semana.

[notícia atualizada às 19h14]

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