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Ferrovia é fundamental para captar investimento industrial estrangeiro

A ligação ferroviária entre as grandes unidades de construção da indústria automóvel e os portos é fundamental na fase da escolha do lugar onde situar as novas unidades das multinacionais. Os espanhóis há muito que o praticam.
27 Março 2023, 13h59

Metade dos veículos que partiram em 2022 da fábrica da Autoeuropa, fábrica da Volkswagen na cidade de Palmela, a 43 quilómetros de Lisboa, chegaram de comboio ao vizinho porto de Setúbal. A transportadora é a especialista no segmento automóvel Pecovasa Renfe (85,4% Renfe Mercancías e 14,5% DB Ibérica Holding), que foi responsável pela colocação de mais de 109 mil unidades nas docas.

 

A VW em Palmela

Com assinalável impacto em termos de poupança no transporte rodoviário e emissões de CO2, a Renfe espanhola tem nesta experiência com a Volkswagen toda uma bateria de testes na sua estratégia de mobilidade de mercadorias em distâncias curtas e médias.

O contrato entre ambas as empresas teve início em outubro de 2021, refere reportagem do jornal espanhol “Cinco Dias”, e o serviço foi consolidado durante o ano passado com um volume de 650 viaturas por dia transferidas da Autoeuropa para o porto ao longo de um percurso de 25 quilómetros.

No ponto de partida, dois comboios diários de dois andares que circulavam entre a fábrica e o terminal portuário de Setúbal passaram para três ao longo de 2022. A operadora, que presta o serviço com comboios de 632 metros de comprimento e capacidade para 280 carros, calcula que o processo envolve uma economia de 100 toneladas por ano de CO2 libertados para a atmosfera.

A empresa de transporte rodoviário Rodocargo participa com a Pecovasa em tarefas de apoio logístico, disponibilizando um serviço intermodal à Volkswagen. A Pecovasa Renfe Mercancías gerou receitas de 14 milhões no ano passado.

 

A Ford em Valência

A tendência de conexão de  grandes centros de produção com os portos mais próximo através de rotas ferroviárias de curta e média distância, levou a Ford a trabalhar com a Autoridade Portuária de Valência para ligar a fábrica de Almussafes com o porto valenciano, um novo projeto que substituirá 100 camiões por dia por três serviços de comboio.

Cada comboio viajará com 250 carros a bordo. A ideia é que, numa primeira fase, metade da produção de Almussafes que vai para exportação por navio chegue de comboio em vez de por estrada. A Ford mantém 240 mil m2 no porto de Valência, abastecidos também pelos veículos que saem da fábrica de Stellantis, na Zaragoza Figueruelas.

A Autoridade Portuária Levantina concluiu 2022 com a gestão de 600 mil veículos (entre as duas unidades), com 20% dos novos modelos a deixarem Espanha através do sistema portuário.

Outras fábricas com operações ferroviárias são as de Citröen e Seat. Os sete principais portos para a exportação de veículos da Espanha são Barcelona (588 mil veículos operados em 2022), Pasaia (240 mil), Sagunto (115 mil), Santander (323 mil), Tarragona (172 mil), Vigo (475 mil) e a já mencionada Valência (485 mil), com uma participação próxima dos 90% de um total de 2,7 milhões de veículos a usar o sistema portuário.

A maioria destes portos tem ligações ferroviárias, com Sagunto em construção e uma forte procura da ligação ferroviária para o terminal de Bouzas, em Vigo. O progresso do projeto de conexão ferroviária do Porto de Sagunto com a rede ferroviária geral, especificamente com o chamado Corredor Mediterrâneo, foi decisivo para a Volkswagen decidir construir a sua megafábrica de baterias para o veículo elétrico no Parc Sagunt.

As obras que permitirão a chegada ao Porto de Sagunto correspondem a um acordo assinado pela Adif, a Autoridade Portuária de Valência e Puertos del Estado. O orçamento par o investimento é de 36,6 milhões de euros – com 25,13 milhões da responsabilidade da Valenciaport, concessionária da infraestrutura, e 11,5 milhões do FEDER.

 

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