O Periferias tem sempre em mente três objetivos: promover a descentralização da cultura no ambiente rural da Reserva da Biosfera Tejo Internacional, criar públicos mais conscientes e dotados de um pensamento plural através do contacto com a Cultura e expandir a divulgação do cinema independente.
Entre filmes ao ar livre, concertos e visitas guiadas, a programação quer-se de todos e para todos, num evento que é, por excelência, uma montra da identidade sociocultural da fronteira hispano-lusa.
Paula Duque, directora do festival, e de Rui Pedro Tendinha, crítico de cinema, realizador da curta ‘’Periferias, um festival de afectos’’, assinam a programação da 12ª edição do Periferias – Festival Internacional de Cine(ma) de Marvão e Valencia de Alcántara. Antes de mergulharmos na programação, importa destacar uma das novidades deste ano: o festival teve três extensões, em antecipação, que se revelaram uma aposta ganha em todas elas – Piedras Albas (Cáceres), Arronches e Portalegre.
A defesa e promoção dos Direitos Humanos, a preservação do meio ambiente e o impulso da arte e cultura, que estão na génese do Periferias, estão, pois, presentes nas propostas cinematográficas que este ano poderão ser vistas entre 9 e 17 de agosto, oriundas da Alemanha, Brasil, Espanha, Finlândia, Itália, Palestina, Portugal, São Tomé e Príncipe, Tunísia.
Se a 7ª Arte é um instrumento de intervenção e não apenas lúdico, é também um veículo para a criação de massa crítica. Seja nas zonas urbanas, seja nas zonas rurais, o cinema fomenta a partilha e o encontro, o debate e a troca de ideias. É o que se pretende nesta edição, que reúnes películas que vão da ficção ao documentário, passando pela animação, no âmbito da qual estão previstas oficinas para crianças.
A abertura do festival cabe ao filme “Manga d’Terra”, do brasileiro Basil da Cunha (Festival de Locarno, Seleção Oficial em Competição), que estará presente para um conversa com o público no extraordinário cenário que é o Castelo de Marvão.
E já que arrancamos com cinema, com ele prosseguimos deixando alguns destaques. A 10 de agosto, será exibido o filme “Quando a Terra Foge”, de Frederico Lobo, que teve estreia na Quinzaine des Cinéastes do Festival de Cannes. Um ‘mix’ de documentário e ficção que tem a região transmontana do Barroso como pano de fundo, reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2018, como património agrícola mundial, a primeira distinção deste género atribuída a Portugal.
No dia 12, “Cerrar los Ojos”, de Víctor Erice, Prémio Sophia – Melhor Filme Europeu 2023, estará no ecrã da GDA, Santo António das Areias, e no mesmo dia, pelas 21h20, La Fontañera recebe “Bye Bye Tibériade”, de Lina Soualem, Prémio Grierson de Melhor Documentário no BFI London Film Festival, um documentário íntimo que descreve o encontro de quatro gerações de mulheres e as suas histórias de separação.
A música também vai marcar presença no Periferias com a voz de Eliane Rosa, as sonoridades de Nova Orleães às novas inspirações do jazz com o Trio de Rosetta e Os Sabugueiros, que se inspiram na floresta do Alto Alentejo para criar a sua sonoridade.
Pelo caminho haverá visitas guiadas e caminhadas, além de oficinas para os mais novos e da exposição “Robot Dreams”, que pode ser vista no Cine Teatro, coincidindo com a exibição do filme homónimo no dia 14 de agosto.
Pelas 21h00 de dia 17 de agosto, a cerimónia de encerramento em Malpartida de Cáceres, o filme vencedor da 12ª edição do Periferias irá receber o Prémio Tejo/Tajo Internacional Reserva da Biosfera Transfronteiriça.
Esbater fronteiras
Marvão, Beirã, Valencia de Alcántara, La Fontañera, Castelo de Vide, Galegos e Malpartida de Cáceres são parte do mapa traçado pelo Periferias, fazendo aproximar-se um território vizinho onde a fronteira é apenas um desenho.
O festival teve a sua primeira edição em 2013 e é organizado anualmente, desde então, pela Associação Cultural Periferias, em Portugal e Gato Pardo, em Espanha. O projeto nasceu de uma iniciativa cidadã, apoiada pelo município de Marvão, a que se juntou Valencia de Alcántara, graças ao interesse e envolvimento do Governo local, Filmoteca de Extremadura e Diputación de Cáceres.
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