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Financial Times: “Como Portugal remou contra a maré que afogou Espanha”

Ainda assim o jornal de economia britânico destaca uma das maiores preocupações do Governo de António Costa: que uma segunda vaga de infeções reverta “o sucesso atribuído à sua resposta rápida, testes extensivos, políticas de coligação e forte apoio social”.
  • Lisboa, Portugal
4 Maio 2020, 13h33

As autoridades sanitárias portuguesas têm sido bastante elogiadas pela forma como responderam à pandemia da Covid-19, numa altura em que Espanha e Itália, os seus vizinhos do sul europeu, eram assolados por muitos casos e óbitos diários. Agora, o “Financial Times” (FT) explica como a ação rápida das autoridades governativas e sanitárias acabou por minimizar os efeitos da pandemia em Portugal.

“Com a sua população em envelhecimento rápido e uma sociedade familiar unida, Portugal tem muito em comum com a vizinha Espanha”, afirma o ‘FT’, assumindo o contraste entre Portugal e Espanha durante a luta contra a pandemia devido às baixas taxas de infeção de mortalidade do nosso país.

Com Espanha a registar mais de 25 mil mortes devido ao novo coronavírus, Portugal soma 1.063 óbitos, tendo um quarto do total da sua população. Ainda assim o jornal de economia britânico destaca uma das maiores preocupações do Governo de António Costa: que uma segunda vaga de infeções reverta “o sucesso atribuído à sua resposta rápida, testes extensivos, políticas de coligação e forte apoio social”.

O responsável do gabinete de patologia viral do Instituto de Medicina Molecular, Pedro Simas, disse ao FT que “o tempo é tudo nos estágios iniciais de uma pandemia porque a disseminação é exponencial”, acrescentando que “apenas uma semana faz um enorme impacto”.

Realça o FT que Portugal quase esteve de mãos dadas com a Organização Mundial da Saúde, uma vez que a OMS declarou a Covid-19 como pandemia a 11 de março e Portugal emitiu Estado de Emergência com começo a 19 de março, encerrando todas as fronteiras.

Os dois primeiros casos em Portugal foram detetados a 2 de março, um mês mais tarde que Itália e Espanha, mas o país anunciou as medidas de restrições poucos dias depois do surto começar enquanto Espanha demorou seis semanas a intensificar as restrições depois do primeiro caso aparecer no país, quando já somava 200 mortes e quase seis mil casos.

Ainda assim, um dos maiores elogios do ‘Financial Times’ foi aos portugueses, uma vez que “muitos escolheram ficar em casa antes do Governo decretar o confinamento”. “As pessoas estavam a testemunhar imagens desoladoras de Itália e Espanha e decidiram tomar as suas próprias decisões”, disse responsável de saúde pública da Universidade Católica de Lisboa, Ricardo Baptista Leite, denunciando a medida dos portugueses como “um elemento crítico na nossa resposta” enquanto país.

Outro efeito chave destacado pelo FT foi a realização massiva de testes, com mais de 350 mil testes de despiste realizados desde o início da pandemia, com uma capacidade “firme” de 15 mil testes diários. Numa rápida equação, “isso equivale a mais de 35 mil testes por um milhão de habitantes, proporcionalmente maior do que muitos países europeus”, defende a publicação, sustentando a concentração de testes nos profissionais de saúde e lares de idosos no país.

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